domingo, 25 de janeiro de 2015

A AMIZADE E OS PÔNEIS

 
Estreando em 10 de Outubro de 2010 no canal The Hub, da Hasbro, a animação My Little Pony: Friendship is Magic continua em produção e ainda promete divertir muitas gerações, já sendo considerado um dos desenhos animados mais marcantes de todos os tempos.
Já dediquei algumas postagens aqui no Blog para o desenho, e esta nova, assim como outras que ainda surgirão, é mais uma análise e uma visão crítica sobre os temas presentes na animação.
O tema mais constante em todos os episódios das pôneis multicoloridas é a amizade, como o seu próprio título sugere, e vamos nos concentrar principalmente neste ponto durante as postagens que seguirão, além é claro de que poderemos expandir e tratar do assunto com o foco na virtude da ética, o qual já apresentei em antigas postagens.
Pensei em várias maneiras de como poderia começar esta série e a mais viável foi fazer uma análise dos primeiros episódios do desenho que aliás tem um pouco do pensamento aristotélico quando filosofa sobre a amizade (para quem tem a curiosidade de ler e conhecer). E eu provavelmente não devo ser o único Brony filosófico na existência.
 
Pensamentos aleatórios sobre o porquê de eu ser um Brony
 
A produtora Lauren Faust, que já trabalhou em Mansão Foster para Amigos Imaginários e As Meninas Superpoderosas, criou um desenho animado infantil que transcende as limitações de "um programa para garotas". MLP: FiM vale a pena mesmo para todos os tipos de telespectadores e não apenas para o seu público alvo. Com personagens simpáticos e facilmente identificáveis, gráficos muito bonitos e bem feitos, além de ação e humor para crianças e adultos, e ainda a promoção de um tipo de abordagem ética sobre a virtude da amizade.
A influência de Faust realmente faz a diferença entre esta geração de MLP e a geração MLP anterior (que você pode ver no YouTube, se tiver coragem). E, apesar dos gráficos coloridos e a meiguice universal, este é um programa que não vai lhe dar uma dor de cabeça com fofura excessiva.
E não é só o elenco dos personagens principais que tem uma legião de fãs apaixonados. Destaco aqui a cativante Derpy Hooves, que chegou ao estrelato sem nem ao menos ter falas (no início do desenho). Bem, mas agora vamos recordar como tudo começou:
 
Twilight Sparkle: Instruída
O primeiro episódio de MLP: FiM nos apresentou a nossa principal protagonista, um unicórnio fêmea roxo chamado Twilight Sparkle, um rata de biblioteca da mais alta ordem. Ela aparentemente dedica a maior parte de seu tempo para a leitura de livros sobre magia e passa bem longe da interação social. Eu posso definitivamente me relacionar com essa personagem. Felizmente, para os extrovertidos dentre nós, a governante do reino pônei de Equestria, a Princesa Celestia, ordena que Twilight, sua aluna pessoal, deixe Canterlot e se mude para a Biblioteca de Ponyville, esta era uma das partes da sua nova tarefa. Agora, mudar-se para uma biblioteca para saber mais sobre o mundo além dos livros pode parecer contra-intuitivo, mas o que Twilight não recebeu bem foi a outra parte da sua tarefa que era "fazer alguns amigos".
Relutantemente inspecionando a nova cidade e como Ponyville é um lugar muito acolhedor, Twilight rapidamente conhece cinco pôneis com peculiaridades bem distintas (dica: elas são loucas!): A pônei rosa Pinkie Pie é aleatória, enérgica e gosta de festas. A pônei caipira Applejack vem de uma família grande e gosta de trabalhar duro colhendo maçãs no campo. A pegasus azul Rainbow Dash é um pouco desleixada com  os seus afazeres e gosta de aperfeiçoar sua técnica de voo em vez de trabalhar. A unicórnio glamurosa é Rarity, certinha, meio perua (o que é hilário) e gosta de fazer vestidos. A tímida e encantadora pegasus Fluttershy (minha preferida) gosta de animais.
 
The Mane 6
Todas as cinco querem ser amigas, mas o Twilight, sisuda, não está no melhor dos humores, ela só quer voltar para a biblioteca e os seus estudos. Sua mente está obcecada pelos contos sobre uma princesa das trevas que voltaria a provocar estragos e os objetos mágicos chamados Elementos de Harmonia com o poder de expulsar tal mal. Encontrar mais tempo para ler, no entanto, não é uma tarefa fácil em um lugar como Ponyville, lar de festeiras como Pinkie Pie. 
Twilight rapidamente encontra-se distraída por uma festa de boas vindas surpresa na sua nova casa/biblioteca e, em seguida, um festival de sol de verão em Canterlot Castle.
A festa (assim como o primeiro episódio) termina com o retorno de Nightmare Moon, o alter ego do mal da princesa Luna, irmã de Celestia e co-governante de Equestria. Depois de um exílio de mil anos na Lua, a princesa pretende obter sua vingança, suplantando sua irmã (estranhamente ausente) e cobrindo o mundo em completa escuridão (uma noite perpétua).
 
Nightmare Moon: Só um pouco chateada após suas férias de 1000 anos na Lua 
Aparentemente, as duas alicórnios (unicórnios com asas) governaram Equestria com tremendo poder. A irmã mais velha, Celestia, controlava o dia e o Sol, enquanto a irmã mais nova, Luna, controlava a noite e a Lua. A paz reinava naquele mundo até que a irmã mais nova começou a se sentir um pouco triste. Parecia que a maior parte da admiração dos súditos pôneis era destinava a Celestia e de fato os pôneis comuns pareciam evitar Luna, ficando acordados apenas durante o dia e indo dormir à noite.
Logo de cara vemos a motivação principal da princesa da Lua, que identificamos como "uma falta de apreciação." Luna decide por um fim naquela sina e faz com que o mundo fique mais a sua maneira, encobrindo toda a Terra em uma escuridão eterna, para que assim todos os pôneis possam admira-la em todos os momentos. Mas é Celestia quem detém a rebelião de Luna e a expulsa para a Lua usando os Elementos da Harmonia.
 
Celestia para Luna com amor e tolerância!
Mil anos depois Luna (ou "Nightmare Moon". Ambos os nomes são intercambiáveis?) retorna para Equestria e mais uma vez com os planos para trazer "a noite eterna." Como Celestia desaparece no segundo episódio (Teria sido banida para o Sol?) , é o Mane 6 (o elenco principal) quem precisa salvar o mundo neste momento. O que é que você diz? Como pode Twilight de repente se tornar amiga daqueles pôneis com quem não tinha nenhuma afinidade, apesar de mostrar interesse em fazer amigos no episódio anterior? Bem, os dois primeiros episódios de MLP:FiM servem como um piloto para a série, para nos situarmos neste vasto universo de personagens e relacionamentos. Assim, Twilight descobre o segredo dos Elementos da Harmonia que podem ser encontrado em algum castelo antigo na floresta Everfree e parte com o resto da sua turma em tipo de missão.
 
Twilight Sparkle aceita 5 novos pedidos de amizade
Antes de sair, Twilight mencionara seis elementos de harmonia: bondade, riso, generosidade, honestidade e lealdade, com o elemento final que ainda era desconhecido. Assim, a viagem para o antigo castelo pônei permitia uma chance para cada uma das seis exibir uma virtude em particular. Applejack, a garota do interior, é o elemento de honestidade, como ela diz a Twilight uma "verdade honesta" sobre ajuda-la a ir de um penhasco a um lugar seguro. Em seguida, Fluttershy, a tímida, mostra o elemento da bondade ao acalmar um Manticore furioso com sua delicadeza (e removendo uma farpa da pata do leão). Pinkie Pie, a festeira, ri na cara do perigo, as árvores ameaçadoras da Floresta Everfree não são páreo para o elemento do riso e até um número de música e dança segue.
Avançamos então com Rarity, a unicórnio glamurosa com o elemento de generosidade, que graciosamente entrega parte de sua cauda a um dragão que guardava um rio, porque ele estava chateado por ter perdido metade do bigode (obra de Luna).
 
Uma vez passado o rio, o Mane 6 corre para um outro obstáculo, um precipício separando-as do antigo castelo pônei. Rainbow Dash, o elemento da lealdade, permanece fiel a seus amigos, ignorando distrações ilusórias de Luna. Finalmente, as nossas heroínas chegam ao antigo castelo, onde Luna as aguarda. Uma batalha épica segue onde o elemento final é revelado: amizade, duh. Quando Twilight finalmente reconhece seus amigos, o elemento da amizade mágica é desencadeado, o que não só dá ao Mane 6 novas joias, mas a capacidade de exercer o poder dos Elementos da Harmonia para banir Nightmare Moon novamente.
 
Nada pode contra o poder da amizade!
A Princesa Celestia, finalmente, faz uma aparição de felicitar as nossas heroínas, e ainda revela que sabia o tempo todo que Nightmare Moon voltaria! A princesa preparara Twilight durante todo aquele tempo para que ela fosse capaz de derrotar Luna, mas para a unicórnio roxo faltava ainda a magia da amizade. E que melhor maneira de celebrar a vitória do que com uma festa dada por Pinkie Pie! Mas, em primeiro lugar, uma outra amizade para renovar, Luna. A minha princesa favorita (agora despojada de seu disfarce de Nightmare Moon) concorda em reinar mais uma vez com sua irmã mais velha.
 
Luna e Celestia: Irmãs, melhores amigas para sempre
Celestia dá a Twilight uma nova tarefa: ficar em Ponyville e lhe escrever relatórios regulares sobre as lições de amizade que ela aprenderia de agora em diante.
 
Bem, no geral, gostei muito destes dois primeiros episódios.

Mas vou mencionar algumas críticas. Os acontecimentos ocorrem de forma bem rápida e Ponyville deve ser o lugar mais amigável em toda Equestria, visto a velocidade com que Twilight faz amizades. Isso por sinal é normal dentro de um piloto.
Um assunto delicado é que os vilões de MLP:FiM, e eu falo de todos, são um tanto ingênuos se comparados com os inimigos da G1. Nightmare Moon é sombria e poderosa, Discord é fodão, mesmo tendo virado alívio cômico no decorrer da série, King Sombra tem muito estilo e uma história envolvente, e Queen Chrysalis é bem sinistra, tendo uma grande legião de fãs, mas todos estes simplesmente não emitem o mesmo tipo de ameaça de um Tirek (o original!), que não pensa duas vezes antes de escravizar pôneis para se transforma-los em demônios/dragões ferozes (E olha que a G1 é considerada "para bichas"). Ainda assim, Luna e os demais são vilões interessantes em seu próprio direito, e a irmã de Celestia é como um personagem trágico que cometeu um erro muito grave, no caso a sua maneira errada de amar os outros.
 
Um aspecto decisivo em MLP: FiM que o faz superior aos desenhos anteriores é a caracterização, louvável em vários aspectos, e o seu roteiro vibrante. Faust nos dá seis personagens muito atraentes e distintas. As lições de moral sobre amizade dadas no final do episódio são apaixonantes e fazem a minha mente nostálgica se alegrar, pois há muito havia me convencido erroneamente de que as crianças desta geração não se importavam com esse tipo de coisa. Que falta faziam o He-Man e a She-Ra, mas agora temos a Princesa Celestia...

O tema amizade sempre foi encantador e, no meu caso, que cresci com histórias de revistas como a Shonen Jump, ele nunca se tornou algo piegas.
Muito antes de me tornar um Brony, a amizade sempre foi uma das atitudes mais valorizadas pelos meus heróis. E agora a impressão que se tem é que ela é algo exclusivo de pôneis. Por isso eu costumo dizer que se apenas por valorizar ter amigos fizesse de você um Brony, isso significaria que todos os heróis da Jump são Bronies... até o Kenshiro...


Amizade em Hokuto no Ken
Jagi: "Friendship is Magic"
... O que está longe de ser verdade!

Mas a Shonen Jump transmite aos jovens a tríade que compõe todas as suas histórias: a AMIZADE, o ESFORÇO e a VITÓRIA. Tudo isto é essencial que formar grandes seres humanos.
Algumas das amizades entre os seus personagens tornaram-se tão marcantes e queridas que são inesquecíveis e imitáveis para todos os leitores.

Crona e Maka, quando duas vidas se encontram...
Como é o caso da inusitada amizade entre Crona e Maka do incrível animê/mangá Soul Eater.
Inimiga de Maka no princípio, Crona é uma personagem dividida entre o medo e a insanidade. Por sentir medo, Crona precisava tornar-se a mais forte, para agradar sua criadora e sentir-se segura. Durante o confronto, uma inesperada ligação surgiu entre estas entre estas duas pessoas que mudou as suas vidas. Passaram a cuidar uma da outra incondicionalmente, literalmente passaram por um inferno para estarem juntas.
Maka nos ensinou que um amigo verdadeiro não é aquele que simplesmente escolhemos, mas é aquele que aparece no momento em que mais precisamos.
 
 
E o que dizer da amizade entre Uzumaki Naruto e Uchiha Sasuke, os protagonistas do animê/mangá Naruto/Naruto Shippuden?
Naruto não é apenas um exemplo de coragem, mas de perseverança e dedicação, e eu diria que ele foi o maior motivo para finalmente compreendermos Sasuke e concordarmos com o autor Masashi Kishimoto  que optou dar uma segunda chance para o personagem se redimir e reconstruir a sua vida.
 
Sasuke e Naruto: Amizade sincera entre dois  homens.
A rivalidade entre os dois talvez tenha sido a maior de todos os tempos na história dos animês e mangás. E a sua batalha final, embora não tenha sido tão marcante, teve um final mais do que perfeito. Naruto confessa que quando está com Sasuke é quando ele pode finalmente compreender o que é ter um irmão. Emocionante ver os dois, no fim da batalha, confessando seus sentimentos e os pingos de sangue de seus membros amputados sobre as rochas dando a impressão de que eles estão de mãos dadas, como irmãos.
Realmente, quando uma vida encontra outra vida, alguma coisa acontece.
 
Agora, voltando aos Bronies, o que podemos concluir? Twilight Sparkle sugere que a amizade é mágica, mas o que exatamente essa declaração significa? O que é a amizade, juntamente com os outros elementos da harmonia?
 
 
Amizade, de acordo com Aristóteles (NE, VIII, 1561), é simplesmente a vontade mútua de fazer o bem entre as pessoas, amar os outros para seu próprio bem. Observe que o lema Brony "Amor e tolerância" assume uma nova luz quando a natureza da amizade é clara. Amar alguém, ser um amigo, é querer o bem do outro. Portanto, se alguém for realmente o amigo de outro, essa pessoa não tolera o que vai contra o bem do outro (da mesma forma que um amigo não tolera o que possa fazer o mal para o seu amigo). Por exemplo, um bom amigo nunca vai se envolver ou incentivar atitudes desordenadas em seu colega.

A parte "tolerar" da frase Brony refere-se a colocar-se com as peculiaridades não-morais dos amigos, como a hiperatividade da Pinkie Pie, a vaidade da Rarity, a timidez da Fluttershy, os maneirismos da Applejack ou a atitude "Tomboy" da Rainbow Dash.
 
 
Twilight Sparkle descobriu que a "mágica" da amizade consiste simplesmente em amar. O erro de Luna envolveu o mal-entendimento da natureza do amor, especialmente a reciprocidade do amor. A princesa da Lua queria outras pôneis para amá-la, mas não parecia ter qualquer ideia de como retribuir. Talvez Luna tivesse desejado honra (valorização) em vez de amor. "Por causa de um desejo de honra, a maioria das pessoas parecem querer ser amadas em vez de amar".

Espero que tenham gostado da postagem. Ainda falaremos sobre a natureza da ética e do significado "do bem" em algum um post futuro. Até mais!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

AVATAR KORRA, ANARQUIA E INJUSTIÇAS HISTÓRICAS

 
Avatar: The Last Airbender e Avatar: The Legend of Korra são animações espetaculares, duas das maiores surpresas que tive nestes meus 32 anos de vida (completados hoje!).
Das duas versões da animação, a minha favorita é The Legend of Korra, o que deve causar estranheza para muitos leitores. Afinal, a série original tinha personagens e enredos muito mais cativantes.
Mas por outro lado, The Legend of Korra tem um roteiro que faz mais o meu gosto: conflitos de valores e posicionamentos políticos. Sem falar que os vilões desta fase são bem mais interessantes e profundos. Só acho Korra um pouco politicamente correta demais, mas tudo bem.
 
A melhor temporada desta série é certamente a terceira, chamada Change. Teve um desenvolvimento surpreende de roteiros e personagens, tudo evoluiu para melhor, e isso depois de uma primeira temporada que começou bem, mas teve um final que deixou muito a desejar, e uma segunda temporada bem decepcionante.
Quem não desistiu de Korra depois da segunda temporada se deu muito bem. E eu duvido que ainda haja alguém que não a assistiu, e se este for o seu caso... que vergonha.
 
O roteiro de Change tem uma guinada impressionante a partir do episódio 9, The Stakeout, quando a Avatar Korra encontrava com seu inimigo Zaheer, no Mundo Espiritual, para uma conversa franca. E aqui começam a serem abordados os temas anarquistas presentes no desenho.
 
Zaheer divulga a Korra que a Lótus Vermelha, da qual ele e seus amigos fazem parte, é uma sociedade secreta "dedicada a restaurar a liberdade para o mundo" e que era "o que a Lótus Branca deveria ter sido."
Para quem não sabe, a Ordem da Lótus Branca foi formada como uma sociedade secreta para receber e compartilhar conhecimento, transcendendo as fronteiras nacionais e políticas. Seus membros treinaram Aang, Zuko, Katara e Sokka, e ajudaram a parar a Nação do Fogo e a sua busca pela conquista do mundo.
 
 
Zaheer explica que, após a Guerra dos Cem Anos, os membros da Lótus Branca saíram de seu esconderijo e passaram a apoiar publicamente ao Avatar como "guarda-costas" glorificados que serviam à nações corruptas. A Lótus Vermelha, liderada por Xai Bau, surgiu a partir da Lótus Branca.
 
Ele menciona que trazer os espíritos de volta, feito realizado na segunda temporada pelo "Dark Avatar" Unalaq, tio de Korra e também membro da Lótus Vermelha, foi apenas o começo. E vai mais longe com a noção de que "a idéia de ter nações e governos é tão tola quanto manter os reinos humanos e espirituais separados."
 
E Zaheer ainda apela com Korra, dizendo: "Você teve que lidar com um presidente imbecil e uma rainha tirânica. Você não acha que o mundo seria melhor se os líderes como eles foram eliminados?" 
Korra declara que ela não pode concordar com as escolhas desses líderes, mas que não acredita que se livrar dos líderes mundiais vai fazer algum bem, e que não é motivo por si só para fazer isso.
 
Zaheer continua com seus exemplos de líderes corruptos, citando como a Nação do Fogo atacou os Nômades do Ar por causa de seu governante egoísta. E então ele faz a citação mais anarquista até então nunca dita na história de Avatar: The Legend of Korra:
 
 
Korra ressalta que isso não traria equilíbrio, mas lançaria o mundo no caos. Zaheer responde com: "A ordem natural é a desordem."
 
"Um novo mundo não pode existir sem primeiro a destruição do velho." Ele revela que esta citação foi proferida por ninguém menos que o Guru Laghima, um mestre Dobrador de Ar. E isso realmente me faz lembrar de Winter Solstice (1) : The Spirit World, episódio 7 da primeira temporada de Avatar: The Last Airbender, quando Aang descobre que sem o incêndio da velha floresta, as novas sementes não poderiam brotar.
 
Você acha que Zaheer está tomando esta citação fora de contexto? Ou havia na verdade um Dobrador de Ar anarquista? 
Pode ser que sim, mas é bem provável que não. A nossa história está cheia de exemplos de apropriação de discursos para defender interesses particulares. Exemplificando: São Thomas More escreveu "Utopia", inspirado pelos escritos das viagens do navegador Américo Vespúcio, que nada mais era do que uma crítica ácida ao "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel. Mas os escritos do mártir da Igreja acabaram sendo apropriados por comunistas e anarquistas que também tomaram para si a suposta bandeira da defesa do fraco e o combate à pobreza.
  
Por outro lado, na história da humanidade também temos visto muitos grupos que formam facções após divergências sobre autoridade, práticas, etc. A propósito Zaheer descreve as coisas apenas do seu lado da história, mas eu não culpo o seu ressentimento em relação à Lótus Branca. Era a missão desta ordem preservar o conhecimento antigo, mas se eles a mudaram para apenas servir ao Avatar, as razões para a sua formação em primeiro lugar são perdidas. No episódio 8 da terceira temporada da série original, Winter Solstice (2): Avatar Roku, aprendemos que os Sábios já serviram ao Avatar, mas dentro dos períodos de guerra, eles juraram sua fidelidade ao Senhor do Fogo. Quando a organização se esquece do propósito para a sua existência, ela pode facilmente cair numa ladeira escorregadia.
 
Enquanto nós podemos esperar que nunca existirá Avatar mau, também não seria ingênuo acreditar que isso nunca poderia acontecer? Será que os membros da Lótus Branca seriam capazes de perceber mesmo com a sua lealdade cega?
 
Eu só não entendo como o sonho da Lótus Vermelha de unir o Mundo Espiritual e o Mundo real tem relação com a derrubada de governos corruptos. Já havia este argumento dentro da Lótus Branca? Ao dizer que o Avatar servia às nações corruptas, ele parecia estar insinuando que antes da divisão alguns membros dentro desta ordem já partilhavam desta ideia.
 
Detalhe legal de ambas as séries de Avatar é que suas histórias e personagens nem sempre são tão preto no branco como na maioria dos desenhos animados. Korra percebeu que Unalaq estava certo até certo ponto ao dizer que não havia razão para os espíritos e os mortais serem separados uns dos outros. E agora que estes dois reinos não estão completamente separados um do outro, a Lótus Vermelha está interessada em combater o Estado.
 
Nos episódios 3 e 4 da terceira temporada de Legend of Korra, a jovem Avatar sentiu que a rainha do reino da Terra não tinha o direito de tratar seus cidadãos da forma fria e autoritária que tratava, mas Bumi retrucou que ela tem o direito, já que é a Rainha da Terra, a governante de Ba Sing Se. No entanto, ninguém questionava por que ainda é dada a uma pessoa tão cruel quanto aquela mulher a autoridade para governar sobre milhares de civis. Como podemos ver, infelizmente a tirania é facilmente alcançável nesta forma de governo. Onde está a democracia?
E a democracia de Republic City? Zaheer não deixa de mencionar o presidente daquela terra, chamando-o de "imbecil", o que para um líder não é muito melhor do que ser chamado de "tirânico". Mesmo quando eleitos (ou assim podemos presumir), líderes de um povo não conseguem governar de forma inteligente. 
 
O que filósofos como Platão tem a nos dizer sobre as deficiências da democracia? "Vamos apenas nos livrar dos maus líderes!" O problema é a forma como você vai fazer isso, especialmente através dos olhos da Lótus Vermelha. Como devemos escolher os nossos líderes?
Só porque houve uma vez um grande rei ou rainha, não significa que vai ser sempre assim. Podemos confiar no público para eleger os líderes honestos e inteligentes? Pode haver uma geração de cidadãos politicamente conscientes, mas, em seguida, a próxima geração só pode escolher líderes que mostrem apenas resultados superficiais, que lhes permitam sobreviver apenas com o básico, o povo torna-se simples massa de manobra. Parece que Zaheer está com a ideia fixa de que não há líderes em que se pode confiar.
 
A citação "A verdadeira liberdade só pode ser alcançada quando governos opressores são derrubados" só tem valor quando no contexto em que é usada. Mas nós estamos cansados de ver o quanto de canalhas oportunistas se valem desta suposta "verdade universal" para fazerem o que bem entendem. Estes discursos foram e ainda são muito usados, jogando povo contra governo e até mesmo povo contra povo.
Agora, será que todos os governos são opressores? Será que todas as formas de governo levam à corrupção?
 
A Lótus Vermelha, ou pelo menos Zaheer, acredita que a "liberdade" é uma alternativa preferível ao "equilíbrio", mas o quão longe eles esperam que mundo resista até sucumbir ao caos?
 

Suyin Beifong e Zaheer: Diferentes opiniões sobre um mesmo tema.

 
 
 
Um grande problema, praticamente endêmico, entre os autointitulados "revolucionários" é a relativização entre o bem o mal. Poderosos tendem a modificar as definições de justiça de uma sociedade. O mal sempre tentará distorcer aquilo que é bom e justo, mas a verdade é que ele nunca deixará de ser aquilo que é:
 
                                    
 
A solução para o caos no qual o mundo certamente mergulharia seria a "Ordem". E é isto o que a quarta temporada de Legend of Korra trás.
Traduzindo os significados das críticas sociais e políticas presentes na animação, na primeira temporada, o vilão Amon pregava a igualdade. A sociedade da Republic City era dividida em dobradores ("opressores") e não-dobradores ("oprimidos") e Amon seria um poder mais forte do que todos os dobradores que forçaria a todos estes a diminuírem as suas forças, descendo ao nível dos não-dobradores. E além disso, Amon incentiva essas diferenças e alimenta os conflitos e o ódio entre as classes, mas ele tem os oprimidos como simples massa de manobra para manter-se e aumentar o seu poder. Logo, ele é uma crítica ao Comunismo.
Na segunda temporada, temos Unalaq que torna-se um Dark Avatar e priva Korra, Avatar por nascença, de seus poderes. Unalaq usurpou o poder espiritual e ideológico do Avatar e o usou para proveito próprio, forçando o mundo a mudar de acordo com a sua própria filosofia. Muitas vezes é o homem quem transforma a religião e não o contrário. Aqui a crítica é para com o fanatismo religioso/ideológico.
A terceira temporada, como já falado na postagem, é uma crítica ao Anarquismo. Então nada mais justo do que os temas a serem abordados para finalizar a saga de Korra sejam o Autoritarismo e o Fascismo.
 
Na terceira temporada, vimos que Kuvira é uma dos jovens dobradores de metal em Zaofu, a fortaleza do Clã de Metal liderado por Suyin Beifong. Em um dos episódios desta temporada, vimos também que ela é a capitã dos guardas da cidade e também faz parte do grupo de dança de Suyin. Sim, ela é uma dançarina (nós estamos querendo saber se os movimentos de dança artística ajudam com a manipulação do metal).
 
Pouco antes do término da terceira temporada, a tela voltava para ela um pouco mais que o normal, embora ela só tenha tido um par de linhas para se pronunciar. Isso já nos deu a sensação estranha de que ela poderia desempenhar um papel mais importante na próxima temporada.
 
Passaram-se três anos e Kuvira deixou Zaofu (mesmo com a desaprovação de Suyin) e tem sido apontada como a líder interina do Reino da Terra. Esse papel lhe rendeu o título de "A Grande Unificadora", e ela aparece mobilizando seu exército de Dobradores de Metal para restabelecer o reino após a queda da Rainha da Terra.
 
Já no primeiro episódio da quarta temporada nos é dada uma ideia de como ela é merecedora de ter o referido título.  Kuvira detém um comboio e um grupo de bandidos, derrubando todos eles usando apenas pequenas placas de metal que estão ligados ao seu uniforme.
 
 
Seus métodos já nos levaram a acreditar que ela seria o próximo vilão da série. Esses "métodos" incluem a conquista do Reino da Terra, protegendo seus estados de bandidos em troca de sua lealdade. Ela explicou que os governos estaduais ainda vão exercer a autoridade, mas eles serão colocados sob a sua "supervisão".
 
Se você notar, Kuvira não é como qualquer outro vilão que já apareceu na animação. Ao contrário de Zaheer, que teve como objetivo fazer uma mudança no mundo através da anarquia (ou desordem), Kuvira tem uma grande paixão pela ordem e pela disciplina. Ela tem algum senso de humanidade dentro dela que carece aos vilões anteriores.
 
Em entrevista, os criadores de Legend of Korra, Michael Dante e Bryan Konietzko Dimartino, forneceram alguns dos princípios por trás da personagem de Kuvira. Eles mencionaram que não tinham se inspirado para a sua concepção em qualquer pessoa na história. Embora o mecanismo que ela usa para reorganizar a sociedade do Reino da Terra de alguma forma lembre algum tipo de ditadura, se você sabe um pouco sobre a história do mundo real. 
Eles apontaram que queriam que a história fosse o mais realista possível para que representassem Kuvira como uma personagem de muitas faces, uma ditadora militar temporária.
Um tema muito interessante e oportuno: Como eu já disse, o conservador não quer paralisar o progresso, ele apenas deseja selecionar o que serve e o que não serve para a sua sociedade. A intervenção militar em Avatar acabou por privar as liberdades. Assim como expliquei na minha postagem sobre o ano político de 2014, existe uma imensa diferença entre Intervenção Constitucional e Golpe de Estado. 
Interessante foi o seu discurso de posse, quando Kuvira tornou-se líder interino. Ela glorifica a República que conheceu nos seus tempos em Zaofu e ataca a Monarquia, chamando esta forma de governo de arcaica e atacando o seu período da história, nomeando-o como idade das trevas. Uma visão preconceituosa semelhante aquela dos Iluministas, que edificaram nossos livros de História do Ensino Médio, para definirem o certo período compreendido entre o final da Antiguidade e o início do Renascimento. 
Claro que existiram em nossa história muitas Monarquias justas, como foi aquela de Carlos Magno, que viria a tornar-se o pai da Europa. Admito isso embora não simpatize com esta forma de governo, mas também existiram terríveis períodos da história como a Dinastia Tudor do devasso Henrique VIII na Inglaterra. 
 
 
Um dos pontos principais abordados nesta postagem a destacar para chegarmos a sua conclusão é a usurpação das ideias dos pensadores críticos da sociedade. Os ditos revolucionários utilizam tais ideias fora do contexto e ainda conseguem fazer a cabeça dos antigos seguidores destas. 
O outro ponto é o diálogo presente entre Korra e Toph, no início da quarta temporada. A agora anciã "Bandida Cega" não condenou como um todo o pensamento dos inimigos da Avatar, mas condenou o maior erro que havia naquelas ideias: a falta de equilíbrio.
Equilíbrio este que dá nome a quarta temporada (Balance) e o qual carece na mente do "revolucionário".

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

FILOSOFANDO FRASES DE ANIMÊS

 
Ano Novo! Depois das farras, bebidas e comilanças de fim de ano, sempre bate uma pequena depressão pós-festas. Depressão esta que sinto quando preciso retornar ao blog. É sempre difícil escolher um assunto legal para colocar na primeira postagem do ano. Mas desta vez passei por cima do problema decidindo bem adiantado sobre o que eu falaria para inaugurar a Fase 2015 do Blog do Doutor Nerd. Nos últimos dois meses, passou pela minha cabeça uma ideia de escolher e debater frases e citações de animes e/ou mangás que eu conhecia. Então, reunir várias imagens com frases dos personagens destas grandes obras e falar sobre os seus significados, pareceu uma bela forma de se começar o ano.

O meu interesse sobre tais obras vem de uma experiência de longos anos e a minha vontade em vasculhar melhor este universo tão amplo de títulos, personagens e autores aumentou consideravelmente após conhecer muitas pessoas, mesmo estrangeiras, de gostos e conhecimentos semelhantes aos meus com relação a estas formas de entretenimento. Assim, percebi o quanto deste mundo eu já conhecia, o quão pouco era tudo o que eu sabia, e como era enorme a vontade de que eu tinha de descobrir mais.
 
Bem, então vamos filosofar sobre as frases de animês/mangás:
 
 
 
Naruto, sobretudo Naruto Shippuden, fala sobre "laços", e também sobre a importância de cultivá-los ao longo da nossa vida, além das suas implicações sobre o amor e o ódio.
Se você não vê esse ponto como o principal da trama, sinto informa-lo de que não sabe ver/ler Naruto, ou só curte por causa das lutas (o que não é condenável).
 
Orochimaru e Sarutobi eram os meus favoritos. Ambos tinham laços muito fortes um com o outro, mas as circunstâncias acabaram revelando uma fragilidade na relação que possuíam.
Sarutobi, o velho Terceiro Hokage, tinha Orochimaru não apenas como o seu pupilo nas artes ninjas, mas também como o seu sucessor e, de uma certa forma, como o seu filho.
Orochimaru decepcionou o seu mestre e os seus companheiros Jiraya e Tsunade, seguindo caminhos sombrios, mas acabou criando laços verdadeiros com todos eles. Nunca dizia isso com palavras, mas percebíamos por suas atitudes.
Inclina os olhos perante o corpo sem vida do mestre que ele próprio matou, da mesma forma que observava os prantos de Tsunade sob o cadáver de seu amado Dan, morto na guerra. Mostrava-se emudecido perante seus antigos companheiros e suas palavras de reprovação sobre seus atos, e ainda, ao fim da sua jornada, preferiu ser um mero espectador a ser a própria tempestade que transformaria o mundo ninja, quis ver até onde seu discípulo Uchiha Sasuke chegaria, sendo este agora os novos ventos da mudança.
Orochimaru parecia guardar uma pequena noção de honra, mas não compreendia porque Jiraya, seu maior rival, poderia insistir tanto e não ter desistido de trazê-lo de volta para o caminho do bem.
As mortes de Jiraya e Sarutobi provavelmente o fizeram finalmente enxergar a verdadeira essência daqueles laços.
Tsunade censura a atitude de Orochimaru. Se o "homem-cobra" não tivesse fugido da aldeia, Jiraya talvez poderia ter sobrevivido. Mas o sábio Orochimaru conclui que, se as coisas tivessem sido assim, Jiraya provavelmente não teria mudado tanto.
Não há nada quebrado que não possa ser reparado. Todos nós podemos mudar. Até mesmo Orochimaru!
 
 
 
Crona de Soul Eater é uma personagem dividida entre o medo e a insanidade. E precisamos compreender a grandiosidade deste tema, que é bem pesado para um animê/mangá Shonen.
Nesta obra, a insanidade é vista como algo negativo/errado, porém natural, normal aos seres humanos. O medo por outro lado não é uma coisa ruim, pois é ele quem nos coloca neste mundo.
A mensagem que Crona tem para nós é que devemos abraçar o nosso medo, aceita-lo, para assim podermos seguir em frente. O corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que o enfrenta. Afinal, a vida é feita de escolhas e devemos ser responsáveis pelos escolhas que fazemos, para o bem ou para o mal. Como bem diria Kenshin Himura: "Cada escolha que fazemos é uma pequena revolução".
 
 
 
De nada adianta querer voltar atrás, procurar por aquilo que já passou. O que já aconteceu, ficou no passado e por mais que você queira, por mais que insista, nunca conseguirá voltar para lá.
Agora comece a se concentrar nesta realidade e pense no que foi tudo aquilo que passou. Aquilo um dia também foi o presente, o que significa que o agora que você vive vai se tornar passado e em um futuro você irá lamentar por todo o tempo que perdeu insistindo em voltar para uma época que já não existia.
Então, antes que este presente se torne novamente passado, corra atrás, faça o seu próprio futuro com as suas própria forças. Projete o que você quer com o agora. O futuro pode ser uma caixinha de surpresas, mas é algo que apenas o que você fizer "agora" vai decidir se você estará ou não pronto para "depois".
E assim como o passado nunca volta, o futuro sempre chegará... Então é melhor que esteja pronto.
 
(A Renamon tá uma delicinha nessa foto... Opa... Continuando... )
 
 
 
Existe algo que mais cause preocupação e medo do que o desconhecido?
O desconhecido é a causa dos nossos medos e temores. Algo como uma escuridão que quer apagar para sempre o nosso último feixe de luz, de esperança.
Esta luz é a nossa sanidade, como um porto seguro, o único ponto entre a escuridão deste universo em que podemos nos sentirmos confortáveis. Mas até quando?
Temos tão pouca luz do conhecimento, luz de certezas, e o desconhecido possui oceanos de escuridão de ignorância e monstros que nem sabemos ao certo se existem.
Mas o que mais possui medo é o próprio medo. Nós não temos certeza do que vem mais adiante.
E o desconhecido, este tem a certeza do que somos capazes de fazer. Porque ele vê toda a nossa luz, toda a nossa capacidade, e o que resta a ele é apenas se esconder.
 
 
 
É bem oportuno o momento para meditarmos sobre esta citação de Ling Yao, de Fullmetal Alchemist.
Quem estuda com afinco a história percebe que o povo tende se revoltar contra os governos opressores, melhorando assim o seu modo de vida, e ainda com o passar das gerações, as pessoas se acostumam e acabam por ser dominadas por um novo sistema de governo opressor.

Tais revoltas acabam sendo lideradas muitas vezes por aproveitadores, mas talvez seja necessário para que o povo desperte da sua situação. São muitas as formas de revoluções que a humanidade já passou e não cabe a mim especifica-las, entretanto com o mínimo de conhecimento básico de escola se pode ter uma boa noção do que já passamos. E confirmamos também que estes líderes momentâneos foram os que ditaram os pilares dos novos governos opressores.

O povo desperta, derruba tiranos e criam os futuros opressores que irão governar os seus filhos.

Somos responsáveis pelos lideres que levantamos e o líder possui a face daqueles que os seguem. Todo o povo tem o líder que merece.
Vejam os exemplos dos protestos ocorridos recentemente no Brasil, que não foram à toa. O povo queria mudanças, líderes que fossem a sua voz. Infelizmente não foi bem o que aconteceu. Sim, ainda estou de luto pelo meu país.
Tempos difíceis estão por vir. Aqueles que não aprendem com os próprios erros do passado estão fadados a repeti-los.
Conhecer o passado é o segredo para levantarmos um rei que esteja pelo povo, e não o inverso.
 
 
 
Pelos menos até onde sabemos, os seres humanos são os únicos até hoje que ousaram questionar toda essa chamada autoridade do universo.
Não que sejamos especiais ou coisa assim, mas devemos aproveitar essa mísera chance que nos foi concedida para sabermos ao menos onde nós estamos, mesmo que com isto não cheguemos a lugar algum.
Somos seres pensantes, de tudo que o já foi criado no universo, somos aqueles privilegiados por podermos ver e observar tudo que existe. E, como parte também dessa criação maravilhosa, temos que preservar nossa vida e vislumbrar o máximo possível deste grande espetáculo em que estamos como espectadores.
O universo está pronto para nos dar as respostas que procuramos. Para quem tem a coragem de perguntar, tudo está ao seu alcance.
 
 
 
O que podemos dizer? A quais conclusões poderemos chegar por simplesmente esperarmos por alguém que venha nos salvar?
É típico do ser humano esperar, esperar por ajuda para as nossas dores. Mas a grande verdade é que a luta do bem e do mal se inicia dentro de nós mesmos.
A luta que vai decidir o nosso futuro está nas escolhas que podemos ter e também naquelas que escolhemos fazer.
Não há indícios, em toda a nossa obscuridade, em toda esta vastidão, de que vá chegar ajuda para nos salvar de nós próprios. Então, em quem devemos nos apoiar é em nós mesmos. Sejamos fortes, nunca temerosos, que sejamos pessoas boas e nos importemos uns com os outros.
 
 
 
Dragon Ball não é uma simples diversão despretensiosa. A obra de Akira Toriyama fala sobre superação, coragem e amadurecimento, principalmente relacionado a masculinidade. E o personagem Son Gohan, filho do herói Son Goku, é o verdadeiro protagonista da história se você se concentrar nestes detalhes.
 
Um dos personagens mais fascinantes desta série foi o Andróide 16, um robô construído a imagem e semelhança do único filho do cientista Dr. Gero, assassinado por um tiro de um soldado inimigo.
O propósito de sua criação era assassinar Goku. Mas todos os que conheceram o personagem o descrevem como uma pessoa agradável, gentil, e que amava a vida.
E agora você questiona: Ele era um andróide e amava a vida? Como isso pode acontecer? E a sua missão de matar Goku?
Vejam, eu acredito que todos nós de uma certa forma somos como o Andróide 16. Para começar, não nascemos para causar dor e mortes, mas para abraçar os familiares, fazer amigos, curtir a vida. Quando saímos para ver o mundo, dependendo das circunstâncias, podemos criar violência e até mesmo levar a morte. O Andróide 16 vê a mesma violência que vemos, quando ele foi se aventurando ao redor do mundo, junto dos Andróides 17 e 18 que a princípio só pensavam em matar e destruir. Todos os Andróides foram concebidos com a mesma missão de matar Goku, então tudo o que eles pensavam era a mesma coisa. Em sua jornada, no entanto, o Andróide 16 encarava a vida de forma diferente. Ele olha para cima e vê um pássaro, senta-se para acariciar um esquilo, contempla a luz do Sol, aprecia a brisa, e faz esses tipos de coisas na maior parte do tempo sorrindo. Mesmo quando a violência se faz presente, ele prefere curtir a natureza a assistir ao derramamento de sangue ou causa-lo.
Vê o mundo ao seu redor, e se torna apaixonado por ele. Ele percebe o quão bonita, calma e amorosa a vida é. Ama as plantas, o céu, os animais, tudo. E quando você ama o mundo, você não busca a violência para ele, mas protegê-lo.
 
Usando seus últimos momentos de vida, 16 estimulou o amadurecimento de Gohan, lembrando que ele deveria vencer o seu medo, seu receio, suas dúvidas na luta contra o Andróide mais poderoso, Cell. Naquele momento, lembrou ao garoto de que ele não estava cometendo nenhum crime por usar a sua força contra aquele grande mal, porque se você valoriza a vida, você deve protegê-la.
Nunca cause violência, mas se você tiver que lutar, nunca é um pecado lutar pela causa certa, se as palavras por si só não podem alcançar os corações corrompidos.
O Andróide 16 amava a vida e sacrificou-se por isso. Todos nós devemos ser gratos pela vida. Olhe ao seu redor, basta um olhar para ver como a vida é bela. Valorize o seu tempo aqui, como o Andróide 16, que mesmo nascido apenas para matar, olhou a sua volta e viu o quão bela é a vida, tornou-se gentil, amoroso, desejando proteger a tudo o que amava.
Talvez o Dr. Gero não esperasse por isso, mas ele deu a esta sua grande criação a aparência do seu filho amado. E pode ser que o amor dele para com a vida do seu filho tenha passado para a sua criação. O que é bem estranho de imaginar, conhecendo o que sabemos do cientista louco da Red Ribbon. 
Agora imagine-se agindo como o Andróide 16, as pessoas também vão adorar e amar você do mesmo jeito.
Se você ama a vida, você sempre vai viver intensamente para torná-la inesquecível. Todos nós devemos ser como o Andróide 16.
 
(O meu irmão que é apenas um ano mais velho do que eu era apelidado de Andróide 16 nos tempos de colégio, e de fato os dois são parecidos fisicamente.)
 
 
 
Frase original: "Você não deve me ter como muleta. Os homens devem desbravar o mundo por si mesmos. Em último caso, vocês tem as Esferas do Dragão para ajuda-los".
Eu modifiquei um pouco do texto original acima para dar mais sentido àquilo que importa na análise...
 
Envelhecer. Esta é uma palavra que, se fosse possível, certamente excluiríamos do nosso vocabulário. Diferente da nossa cultura ocidental, os orientais tem uma grande reverência para com os anciões.
Eu adoro os personagens idosos dos animês, eles são fascinantes e nos ensinam grandes lições com sua sabedoria e também estimulam as crianças a respeitarem os mais velhos.
Os "velhinhos" de Dragon Ball estão entre os meus favoritos. Vejam o que aprendemos com o Mestre Kame, o tutor de Son Goku, extremamente pervertido e malicioso: ele é praticamente imortal e prova que mesmo se todos nós homens pudéssemos ser eternos, dificilmente poderíamos compreender as mulheres.
Mas o meu favorito foi Kami Sama, o deus guardião da Terra, a metade bondosa e justa da alma de Piccolo Daimao. Ele é uma clara analogia ao Deus judaico-cristão, quer dizer, no seu papel, mais como um observador das ações dos homens.
 
Atenção, não é nenhuma crítica, apenas uma forma de interpretação, e não estou dizendo que o "homem-lesma" seria o criador do céu e da Terra. Sei que existem aqueles que não toleram em hipótese nenhuma que alguma outra entidade receba o nome "Deus".
 
Kami Sama, um alienígena de Namek, vivendo na Terra, deu aos humanos um grande tesouro, as 7 Esferas do Dragão que, quando reunidas, invocariam Sheng Long, o dragão mágico capaz de realizar qualquer desejo. E ele criou tal presente para estimular nos homens as boas ações e a bravura, mas não foi bem o que aconteceu, pois a maioria dos humanos mostraram-se mesquinhos e impuros.
Ao se encontrar com Goku, o mais puro dos homens, Kami Sama lhe deu um grandioso conselho que serve para todos nós: desbravar o mundo por si mesmo.
Nos dias de hoje, as pessoas transformaram "Deus" em uma espécie de Gênio da Lâmpada que vai atender todos os nossos desejos e estes ainda carregados de puro materialismo.
Deus, existindo ou não a tal vontade que comanda este universo, deve concordar com Kami Sama (Redundante?). Deve ser por isso que temos o chamado livre arbítrio.
 
(Este texto foi feito para cativar aqueles que acreditam ou não... Espero ter me saído bem...)
 
 

Continuando o que foi dito anteriormente, as pessoas da atualidade estão se acomodando. Acostumadas a pedir e esperar e os poucos que vão atrás do que querem tem uma vantagem enorme em relação aos que ficam parados.
Para muitos o gesto do pedir faz com eles se sintam úteis, mas isto está muito longe de ser verdade.
Temos forças para mover o mundo, somos capazes de grandes feitos, de coisas incríveis. Mas, por medo das nossas falhas ou por acomodação, não tentamos. A falta de vontade e o comportamento indolente são um grande risco para aqueles que querem viver neste mundo e não apenas sobreviver.
Superando todos os riscos, toda a dúvida, podemos dizer que somos humanos e que sabemos viver com coragem e dignidade. São muito raros aqueles que realmente vivem, todos querem, mas não tem a vontade suficiente para isto. Por outro lado, acredito que todos possuam a capacidade para tal.


Com o ano de 2015 começando, vamos pensar em nossas profissões, nossos trabalhos, ou, caso você ainda seja apenas estudante, pense na sua escola e reflita sobre algo chamado ÉTICA.
Nossa vida está sendo reduzida ao conflito com nossos semelhantes, em busca de prosperidade. Vejam nossas universidades que formam indivíduos que não serão nada éticos em suas profissões e que estão preocupados apenas com a rentabilidade que os seus empregos proporcionarão no futuro. É preciso rever nossos conceitos, nossos valores. Trabalhar com honestidade é o mais importante.
Ética também é algo que falta em muito para os nossos governantes com relação ao povo que passa a ser uma simples massa de manobra. A falta de informação e a ignorância são seríssimos problemas da sociedade civil.
Esses problemas podem ser resolvidos e nem precisam passar pela política. As soluções podem partir de cada um de nós e quem sabe, ainda que com muito sacrifício, sangue, suor e lágrimas, teremos o bem comum para todos nós. Eu acredito nisso.

 

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