segunda-feira, 29 de abril de 2019

FORMAS HILARIANTEMENTE ERRADAS PARA INSERIR "DIVERSIDADE" VERSUS LIBERDADE CRIATIVA EM OBRAS FICCIONAIS


Diversidade em obras de ficção, como nos atualmente badalados pela indústria cinematográfica quadrinhos de super-heróis, é perfeitamente normal. E isso não é tão recente como alardeiam alguns seguimentos intelectuais. "Personagens diversos" nasciam da vontade dos próprios autores, roteiristas, etc, embora limitados pela censura que era muito mais presente à época. Estes personagens que evocam a "diversidade" não surgiam dos recentes movimentos de reivindicação, mas obviamente levavam aos leitores questionamentos referentes aos momentos sociais contemporâneos. E, pelo menos entre os leitores, não havia a patrulha conservadora e a patrulha progressista se brigando pelo monopólio do que deve ou não ser publicado e do que é ou não politicamente aceitável. O público antigamente estava interessado apenas em boas histórias e em bom entretenimento, independentemente de como eram seus personagens.

Sempre reconhecemos nestas histórias que os heróis podem vir de qualquer raça, sexo ou nação. No entanto, muitas vezes os esforços dos escritores para criar os personagens faziam parecer que eles nunca tinham falado com nenhuma pessoa não-branca em suas vidas.

A seguir listo alguns dos episódios mais controversos relacionados a diversidade em Hq's clássicas.
ATENÇÃO: mais uma vez publico uma postagem com conteúdo CÔMICO, sem a intenção de ofender ninguém. Espero inclusive que siva como um questionamento sobre os preconceitos ligados às amarras sociais.

Várias informações presentes nesta postagem são creditadas ao site Cracked.



MONSIEUR MALLAH e CÉREBRO, o mais estranho casal das Hq's

Este primeiro caso, sinceramente, não entraria nesta lista, já que creio não ter tratado-se propriamente de uma tentativa de tornar esta Hq (Patrulha do Destino) mais diversa (Apesar do histórico de Grant Morrison, o seu roteirista na época em que foi publicada), mas sim o mais surreal e estranha possível. Objetivo que foi alcançado.

Por ser um caso tão bizarro quanto parece, tem a sua merecida menção.
Eu sei que estes personagens já apareceram outras vezes aqui no blog, mas é impossível não se repetir após tanto tempo publicando...

Todo mundo hoje já deve conhecer a Patrulha do Destino. Isso mesmo! Um dos grupos de super-heróis mais obscuros da história, e também uma das minhas Hq's clássicas favoritas, é agora razoavelmente popular graças ao seu seriado transmitido no Brasil pela Netflix em 2019. E todo mundo está amando o seriado.

Vejamos como (e se) o seriado adaptará personagens como a dupla de super-vilões Cérebro e Monsieur Mallah, a qual agora mencionamos...


O Cérebro, quando ainda era "apenas" um cientista louco, fez alguns experimentos científicos loucos com um gorila da montanha até que o macaco se tornou um gênio símio com o incrível poder de falar francês e o desejo de praticar o mal.

Inevitavelmente o cientista perdeu o seu corpo em algum tipo de acidente científico e acabou como um cérebro em um pote. E quando você acha que isso por si só já tornaria esta dupla estranha o suficiente...


Na fase dos anos 80 com Grant Morrison na Patrulha do Destino, mais precisamente em Doom Patrol Vol. 2 # 34, durante um evento  muito revelador, o Cérebro roubou um dos corpos robóticos sobressalentes do Homem Robô - corpo este que durante esta estarrecedora Hq ganhou vida própria e descartou o cérebro do seu dono Cliff Steele, o Homem Robô original -, membro da Patrulha do Destino.


Agora que finalmente tinha braços e pernas (e outras partes do corpo) novamente, o Cérebro diz a Mallah que sempre esteve secretamente apaixonado por ele, seu bichinho peludo, por anos, mas não podia confessar isso quando era apenas um órgão conservado dentro de um tubo...


O gorila militante e inexplicavelmente francófono confessa a seguir também estar apaixonado por seu mestre e retribui com seu amor gay e bestial, e eles então protagonizam o mais estranho beijo da história da ficção ocidental... até que… bem, você apenas terá que ler para acreditar…


…Sim. O corpo do Homem Robô se destrói porque este, sentindo-se finalmente livre da sina de ser apenas um receptáculo controlado por um cérebro humano, havia se autoprogramado para explodir caso alguém tentasse colocar um outro cérebro nele.

(Ironic mode on) É, acho que esta história foi capaz de convencer o grande público da época de que os homossexuais são pessoas como você e eu. Um grande salto para a tolerância. (Ironic mode off).

Esta história tem de tudo. Humor, homossexualidade e um exame sério da eterna questão filosófica: “Quem está no comando, a mente ou o corpo?”

Não é qualquer história em quadrinhos que nos dá não apenas um gorila gay, mas a Irmandade de Dada e uma super-heroína com Transtorno Dissociativo de Identidade (cada personalidade tem um poder diferente).

Patrulha do Destino é realmente foda!





VIBRO, o super-herói latino

Quando chegou a hora da DC Comics trazer ao mundo um jovem super-herói latino, surgiu Vibro. Ele começou a sua carreira em 1984 como Paco Ramone, um garoto de rua de Detroit com o poder de gerar vibrações de suas mãos, o que é uma habilidade que realmente seria bastante útil na vida cotidiana (pense nisso), mas provavelmente não é tão útil no combate ao crime quanto, por exemplo, invulnerabilidade ou super-velocidade.

Mas é claro que a verdadeira razão pela qual ele se juntou à Liga da Justiça foi por ser vítima de todo estereótipo latino que a década de 1980 tinha a oferecer.


Toda a caracterização do personagem parece ter sido realizada por um grupo de desenhistas que nunca conheceram uma pessoa latina e basearam todo o seu conhecimento em vídeos de break dance e no filme Scarface de 1983.


Um exemplo de enredo para o Vibro envolve o personagem trazendo um de seus novos amigos brancos para a sua casa para que seus pais fiquem orgulhosos dele, porque pessoas aparentemente brancas são tão reverenciadas na comunidade latina que simplesmente ser associado a uma eleva o seu status social ao de um herói local.

O velho "trazer o povo branco para casa para conhecer a família" recebe uma nova reviravolta quando os escritores, com base em todos os seus conhecimentos pessoais sobre a etnia do personagem, fazem Vibro ficar furiosamente irritado com um caucasiano por este se aproximar de sua irmã mais nova.


O respeitado artista de quadrinhos George Pérez, que é de ascendência porto-riquenha, ficou particularmente ofendido com o Vibro, e disse em uma entrevista em 1985 que o personagem, sozinho, o desligou de toda a Liga da Justiça.

Quando ele trabalhou em uma história em quadrinhos que envolvia um confronto da Liga da Justiça com os Vingadores (sua contraparte da Marvel Comics) que supostamente apresentava participações especiais de todos os membros anteriores de ambas as equipes, Pérez fez questão de que o "cameo" do Vibro consistisse em nada mais do que a metade inferior de suas pernas.


Pouca gente notou, mas o Vibro fez participações esporádicas
em Liga da Justiça sem Limites, a animação dos anos 2000 
que todos amamos.


Vibro no seriado do Flash.
O traje dele continua ruim.

Felizmente para nós, o povo latino-americano, passamos da fase dos Vibros e agora temos um Homem Aranha de sobrenome "Morales" estrelando um filme que inclusive foi premiado com um Óscar.





JOHN STEWART, o Lanterna Verde afro-americano

Quando Guy Gardner, o mais cômico Lanterna Verde da Terra, foi atropelado por um ônibus, ele foi substituído em 1984 por um homem afro-americano de fala invocada e um ar de malandrão chamado John Stewart.

A habilidade primária de John parecia ser ficar lembrando as pessoas de sua negritude a cada nova sentença, porque aparentemente seus escritores esqueceram que os quadrinhos têm imagens. Da maneira como foi feito, eles poderiam muito bem ter chamado logo o personagem de "Lanterna Negra".


Sim, isso pode ser um pouco chocante para o público não-leitor de quadrinhos e que foi conhecer o personagem John Stewart apenas na premiada animação da Liga da Justiça dos anos 2000.

Se durante a referida animação, John Stewart tornou-se um dos personagens mais queridos e populares principalmente por sua personalidade estoica e centrada, em sua primeira aparição nos quadrinhos, a sua personalidade era bem mais similar a personalidade do Flash Wally West apresentado no mesmo desenho animado, que aliás era o palhaço daquela equipe de super-heróis.


Talvez algum contexto ajudaria.

Na década de 1970, o autor do Green Lantern, Dennis O'Neil, e o artista Neal Adams tentaram lidar com questões tópicas complexas como o vício das drogas e a injustiça social.

John Stewart, que foi criado em 1971, foi sua tentativa de abordar o racismo, mas ele foi escrito por um nerd que queria ter certeza de que cada painel demonstrava claramente que a cor da pele de John não era um erro de coloração. O resultado foi um estereótipo ambulante.


Em um arco desta história, John começa a namorar uma mulher chamada Rose Hardin, que por acaso é uma ex-namorada de Hal Jordan. Hal fica chateado por sua ex agora estar namorando um outro homem e desafia John para uma batalha mental, que pode inicialmente parecer que ele quer jogar xadrez, mas literalmente significa que ele quer lutar contra John dentro de sua mente.

John aparece como várias personalidades diferentes, cada uma com um estereótipo pior do que o anterior (Não está claro se isso é feito por Hal ou John). As várias personalidades de John Stewart incluem um cafetão vestido de Robin Hood, um africano bongo, Barry Bonds e até o Balrog de Street Fighter.


Balrog vs Hal Jordan: "UUUUraaa!"

Hal percebe que ele está sendo um idiota e concorda em recuar, e ele e John terminam como amigos. Mas provavelmente havia uma maneira melhor para os escritores lidarem com preconceitos raciais latentes do que ter Hal Jordan confrontando os corvos do Dumbo com seus pensamentos.





IRMÃO VODU, o bruxo haitiano

Em 1973, a Marvel decidiu acrescentar um super-herói haitiano, certamente na esperança de ampliar os horizontes dos leitores com um olhar sobre a cultura daquela pequena e empobrecida nação. O resultado foi o Irmão Vodu. Um personagem até certo ponto popular pelo público mais hardcore de leitores de quadrinhos.


A história de fundo é que depois de passar 12 anos na faculdade, Jericho Drumm volta para sua casa no Haiti e descobre que seu irmão morreu de uma maldição vodu. Parece que parte da maldição impediu que alguém usasse um telefone ou enviasse uma carta para transmitir essa informação a Jericho.


Depois que seu irmão inevitavelmente morre, Jericho visita o feiticeiro local, Papa Jambo, e inexplicavelmente decide jogar uma década de educação no lixo e se tornar o Irmão Vodu. O seu traje, a propósito, consiste em um decote em V profundo, calças verdes e um colar de ossos.


Em uma das "aventuras" mais assustadoras do Irmão Vodu, ele usa suas habilidades para possuir uma jovem e atraente médica que veio ao Haiti para ajudar a combater doenças e fazê-la se apaixonar por ele.


Então, o Irmão Vodu, o primeiro super-herói haitiano da Marvel Comics e um poderoso praticante das artes místicas, usa sua feitiçaria para enganar uma mulher e obrigá-la a fazer sexo com ele. 

Ele faz isso infundindo seu corpo com o espírito de seu irmão morto, o que significa que além de essencialmente estuprar uma mulher, ele também está fazendo sexo com o fantasma de seu irmão. 


Enquanto isso, seu companheiro de editora, o Homem-Aranha, com um histórico de admiráveis boas ações, na mesma época seguia sendo massacrado pela mídia como um marginal.






CONNOR HAWKE, o Arqueiro Verde mestiço (e possivelmente gay)

Desde a década de 1970, o super-herói da DC Comics Arqueiro Verde fez sexo com praticamente todas as mulheres que ele conseguiu impressionar com insinuações baseadas em flechas. Portanto, não foi uma grande surpresa quando, no início dos anos 90, ele descobriu que tinha um filho birracial.

Ele foi nomeado Connor Hawke, e foi destinado a substituir seu pai como Arqueiro Verde para mais uma vez tentar dar nova vida ao personagem adicionando alguma diversidade. O problema era que os escritores não conseguiam concordar exatamente com a etnia de Connor, então decidiram fazer dele um japonês-negro de cabelos dourados.


De acordo com o enredo, a mãe de Connor era meio negra e meio coreana, e seu pai era o canhão de esperma caucasiano conhecido como Arqueiro Verde.

Então, Connor era tão diverso quanto eles poderiam fazê-lo, certo? Não é bem assim. Ele também era gay (Mas não totalmente gay).


Apesar de ser o filho de um vendedor ambulante de pênis, Connor não tem ideia de como se portar perto de mulheres e fica desconfortável quando tem que lidar com elas. Mas essa confusão sexual na verdade resulta mais em mal-entendidos e inaptidão hilariantes estilo George McFly.


Então, o Arqueiro Verde meio branco, meio negro-coreano e parcialmente gay, destinado a ser uma afirmação firme contra a imagem "socialmente aceitável" dos super-heróis de quadrinhos, saiu como uma mistura confusa.

O pior é que os escritores nem se atêm ao seu próprio plano e abandonam a confusa sexualidade de Connor quando o seu pai reaparece para que ele possa desenvolver um relacionamento com uma adolescente soropositiva.


Pessoalmente conheci o personagem em uma lista (se não me engano no site "Melhores do Mundo") de personagens que poderiam vencer o Batman.

Quando soube que o Arqueiro Verde tinha um filho que era um lutador tão foda que poderia vencer até o Batman, fiquei muito curioso pelo personagem. Não tinha ainda nenhuma noção do contexto para a criação do Connor (Estava há um tempo sem ler quadrinhos), tanto que naquela época pensei que ele era só meio asiático.


Connor Hawke no universo do seriado Arrow.
Nos seriados para a TV do Arrow e do Flash no CW, os produtores optaram por deixar o personagem menos confuso etnicamente.

Não curto há um tempo estes seriados, mas o contexto dos episódios que apresentaram o Connor ficou muito interessante, fazendo referência inclusive a Hq "Cavaleiro das Trevas" de 1986.






SENHOR DESTINO, o pedófilo transgênero Edipiano

Precisa ir ao Google procurar o que é "Edipiano"? Certamente que não, então vamos lá... Todos devem conhecer o Senhor Destino, um dos mais ridiculamente poderosos personagens da DC Comics, quiça de todos os quadrinhos e histórias ficcionais. Mas acredito que poucos devem conhecer uma das mais estranhas histórias as quais um personagem já protagonizou.

O Senhor Destinho, o feiticeiro membro da Sociedade da Justiça original, foi morto nos anos 80 e substituído por Eric e Linda Strauss, que se uniram para se tornarem o novo Senhor Destino.


Isso deu à DC Comics uma oportunidade maravilhosa de explorar o que acontece quando uma psique masculina e uma feminina habitam o mesmo corpo. O que eles fizeram foi tornar o Senhor Destino o super-herói mais assustador da história dos quadrinhos.


Linda Strauss é uma mulher na casa dos 30 anos, e Eric é seu enteado de 10 anos de idade. Quando eles encontram Nabu (o deus que os transforma no Senhor Destino), Eric é transformado em um homem adulto, e ele e Linda imediatamente fazem sexo.

Isso já é ruim o suficiente, mas as questões subsequentes deixam claro que Linda se sentia atraída por Eric mesmo antes de todas aquelas coisas de Senhor Destino.


Eric estava totalmente possuído pelo complexo de Édipo, porque aparentemente o incesto vende muitos quadrinhos. Um show de horrores se desdobra quando eles realmente lutam contra o crime como o Senhor Destino. Em vez de exibir algum tipo de luta mental com a confusão de gênero, o Senhor Destino alterna fisicamente entre ser um homem e uma mulher.


Às vezes, o Senhor Destino seria retratado como um homem flexionando os músculos abdominais no meio de uma explosão, e às vezes ele seria uma mulher com seios que todos olhavam.



Em cada aspecto dessa versão do Senhor Destino parecia que a DC Comics estava tentando nos atacar sexualmente com balões de falas.






EXTRAÑO, o feiticeiro abertamente gay com HIV

Em 1988, a DC Comics introduziu uma equipe de super-heróis chamada Novos Guardiões. Os oito membros eram de nacionalidades diferentes e pretendiam representar toda a raça humana.


Extraño era um homem peruano gay que recebeu o poder da magia. As más línguas dizem que ele era uma cópia descarada do Doutor Estranho da concorrente Marvel Comics, embora esteja mais para uma paródia do mesmo.

Ele foi provavelmente o primeiro super-herói abertamente gay e mais digno de nota é o fato de ser um dos piores estereótipos de histórias em quadrinhos de todos os tempos.


O seu visual bizarro parece ser uma mistura entre Nathan Lane em A Gaiola das Loucas e um sofá, e ele se refere a si mesmo como uma "bruxa", enquanto constantemente lembra as pessoas de como ele é "estranho":


Extraño também se esforçou muito para se afirmar como o "melhor amigo gay" de sua companheira de equipe Harbinger, usando seus poderes mágicos para aparecer em sua sacada e dizer a ela que os homens são todos uns idiotas.

A propósito, ele faz isso referindo-se à sua homossexualidade pelo menos uma vez por sentença, inclusive chamando a si mesmo de sua "tia" e assegurando-lhe que os dois não estariam fazendo sexo tão cedo.


Extraño e os Novos Guardiões logo enfrentaram um super-vilão chamado Hemo-goblin, um vampiro psíquico aidético nazista (Isso mesmo!), porque isto é um gibi e é assim que eles abordam questões sociais.


O Hemo-globin não ganhou o seu poder naturalmente. Ele foi criado por um grupo supermacista-branco com a intenção de infectar cada pessoa não-branca no mundo a fim de matá-los lentamente.
Presumivelmente, após cumprir a sua missão, o vilão morreu da doença. E para a sorte dos heróis, o personagem mais WTF já criado para uma Hq teve somente duas aparições.


Extraño é capaz de derrotar o Hemo-goblin, mas em decorrência do ataque do mesmo, agora toda a equipe de super-heróis pode estar infectada com o vírus da imunodeficiência humana.


Todos os membros que entraram em contato direto com o vampiro nazista da AIDS tiveram que fazer o teste para o HIV. Exceto Extraño, porque... ele já tem HIV.


Sim, Extraño, não bastasse estar já sobrecarregado com praticamente todos os estereótipos de homens gays que já existiram, também foi revelado ser HIV-positivo, que ainda era amplamente referida como "a doença gay", mesmo neste ponto na década de 1980.


Na defesa dos escritores, suas mãos estavam em grande parte amarradas pela censura, e não lhes era permitido identificar explicitamente qualquer personagem como homossexual. Mas, ao deixar implícita a sexualidade de Extraño, esta foi implementada com toda a sutileza de uma marreta feita de granadas de mão. E então eles deram HIV ao personagem.

As aventuras de Extraño e dos Novos Guardiões duraram apenas 12 edições antes que a série fosse cancelada. Ele e toda a equipe foram mais tarde transformados em anti-energia por um super-vilão galáctico (o Anti-Monitor na saga Crise nas Infinitas Terras), porque a DC Comics gostaria que todos nós nos esquecêssemos de que ele existiu.


Muitas das tentativas dos escritos em inserir personagens diversos nas histórias clássicas não partiam necessariamente de uma iniciativa para tratar questões sociais, uma vez que havia também interesses mais escusos. A inserção de personagens multi-étnicos e pertencentes a grupos reprimidos por amarras sociais muitas vezes visavam às cifras, atingindo outros públicos consumidores uma vez que coincidia com o crescimento da popularidade internacional das Hq's. É a globalização.

Hq's, tal como a música e o cinema, também podem atuar como uma forma de cultura de massa. Precisamos aceitar isso.

O grupo de jovens super-heróis Novos Mutantes da Marvel Comics por exemplo ganhou um integrante brasileiro. E assim fomos representados por um jovem mutante que descobriu seus poderes de se transformar em uma fama negra viva durante uma partida de futebol, falava espanhol e relatava que Buenos Aires ficava no Brasil, porque americano é realmente péssimo em Geografia.

Todos os personagens presentes nesta lista tiveram um importante significado histórico e todos eles se tornaram populares o suficiente para se tornarem personagens memoráveis. Como é o caso do Lanterna Verde John Stewart que hoje é considerado o principal e mais importante super-herói afro-americano da DC Comics.

Devido à época em que estes personagens foram criados, não havia patrulhas, os envolvidos e os leitores não se envolviam em polêmicas ou trocavam acusações e, é claro, o discurso destes quadrinhos acabava beirando o politicamente incorreto, um efeito inverso àquilo que se esperava ao reforçarem estereótipos marginalizados.

Mas fica claro, mais do que nunca nestes tempos sociais confusos que o conceito de "politicamente incorreto" é também muito relativo principalmente quando envolve os espectros políticos destros e canhotos. O politicamente incorreto vai valer sempre apenas para um dos lados dependendo da situação. Isto renderia uma futura postagem.

Postagem em destaque

DRAGON BALL SUPER É UM LIXO, MAS A SUA PROPAGANDA É EXCELENTE

A imagem acima é autoexplicativa.  Dragon Ball Super é, em MINHA OPNIÃO, a qual você pode aceitar ou discordar, uma das maiores tragédias/...