domingo, 2 de janeiro de 2022

0S MELHORES FILMES CULTS QUE EU VI EM 2021



METROPOLIS

País: Alemanha

Ano: 1927

Já havia assistido antes? Não


Surreal, expansivo e operístico, baseando-se em imagens cristãs bíblicas e medievais, bem como A Máquina do Tempo de H.G. Wells, Metropolis, do expressionismo alemão do cineasta austríaco Fritz Lang, colonizou um novo reino da imaginação que moldou a ficção científica subsequente de Flash Gordon a Star Wars, de "Os Jetsons" a Blade Runner. As paisagens futuristas da cidade que são um marco da ficção científica, com seus arranha-céus impossivelmente maciços e veículos voadores enfiando cânions de concreto, todos devem uma dívida ao filme de Lang, um dos pontos altos do expressionismo alemão.

Como alegoria social, Metropolis retrata um mundo em que os filhos privilegiados da sociedade vivem em facilidade e luxo na superfície enquanto nas entranhas da cidade trabalhadores operam as máquinas que sustentam todo aquele mundo. Com o tempo, essa situação opressiva eventualmente leva aos conflitos de classe.

Observa-se perceptivamente nesse cenário uma semelhança impressionante com a história do futuro mundo visitado pela Máquina do Tempo de Wells, onde os Morlocks trabalhavam em máquinas subterrâneas para servir aos burgueses. No entanto, em A Máquina do Tempo, esse conflito de classes eventualmente leva ao que está em vigor a revolução marxista, com os Morlocks proletários se levantando e subjugando os burgueses. Em Metropolis, há uma visão surpreendentemente contrastante que leva o seu conflito de classes a uma resolução diametralmente oposta, baseando-se em imagens religiosas e inspiração na defesa da reconciliação não violenta entre as classes.

Na verdade, Metropolis avança a tese provocativa de que a violência revolucionária realmente serve ao interesse próprio da classe dominante, uma vez que permite que eles respondam esmagando elementos dissidentes. 

O enredo onírico, que se baseia em conexões emocionais e poéticas ao invés de lógicas, envolve um jovem herói infantil chamado Freder (Gustav Fröhlich) cujo pai ditatorial (Alfred Abel) é o mestre de Metropolis, uma jovem idealista chamada Maria (Brigitte Helm) que tenta oferecer esperança aos trabalhadores oprimidos, e um cientista sinistro chamado Rotwang (Rudolf Klein-Rogge) a quem o pai de Freder se alia para subverter os esforços de Maria construindo um "clone" robótico da mesma.

Mais importantes do que a história são as imagens inesquecíveis: as intermináveis colunas de trabalhadores marchando em sincronia noturna e de seu terrível trabalho; a monstruosa Máquina "M", revelada em um momento visionário para incorporar o espírito de Moloch, a divindade sanguinária do Canaã do Antigo Testamento; Freder agonizantemente trabalhando na máquina relógio parecendo Cristo crucificado; o striptease lascivo do robô-Maria seduzindo os pais privilegiados de Metropolis para os Sete Pecados Capitais; a imensa catedral gótica em que o confronto final ocorre.

Alusões religiosas estão por toda parte. Maria e sua "clone" malvada sugerem respectivamente a Virgem Maria e a Prostituta da Babilônia. Freder, o filho, é um agente de reconciliação semelhante a Cristo, enquanto o pai Joh é um deus autointitulado tomando o lugar do próprio Deus seu próprio mundo, até desencadeando uma inundação para destruir seu povo quando eles o desagradaram. Os escritórios de Joh estão em um arranha-céus chamado Nova Torre de Babel, e o conflito climático está repleto de referências ao Apocalipse.

Osamu Tezuka, considerado "O Deus do mangá", falava abertamente que as suas maiores inspirações para a arte estavam em Walt Disney e no expressionismo alemão. Inclusive está entre as obras que Tezuka deixou a sua própria versão de Metropolis, que ganhou animê em 2001, uma obra-prima que para a sua produção contou com uma equipe de estrelas como o diretor Rintaro, Katsuhiro Otomo, como roteirista, a animação ficar a cargo do estúdio Madhouse com suporte conceitual da Tezuka Productions.





LUZES DA CIDADE

País: EUA

Ano: 1931

Já havia assistido antes? Não


Luzes da Cidade é o quintessencial filme de Charlie Chaplin, o mais perfeitamente elaborado e satisfatório de todos os seus filmes, e também o mais representativo de todas as diferentes texturas e tons pelos quais o inigualável ator é lembrado, o sentimento, a farsa e a irreverência, o melodrama e os comentários sociais. 

As observações sociais mais destacáveis no filme do personagem interpretado por Charlie Chaplin estão na forma um par de relacionamentos com dois indivíduos: uma florista cega (Virginia Cherrill) e um milionário alcoólatra e de tendências suicidas (Harry Myers), cujas respectivas incapacidades permitem que eles aceitem o inaceitável. Sempre que o milionário está sóbrio ele expulsa Chaplin da sua presença, mas quando bêbado ele o recebe como um amigo. A garota cega, também, faz amizade com Chaplin, embora, se ela pudesse vê-lo, presumivelmente não teria nada com ele.

No entanto, ironicamente, suas cegueiras permitem que eles vejam o como ele realmente é, um sujeito com um coração de ouro que salva repetidamente a vida do milionário mesmo diante de muito perigo para si mesmo, e que está disposto a arriscar tudo para dar à garota cega uma chance de vê-lo, mesmo com a possibilidade de perdê-la. 

A emoção da cena final inesquecível e delicadamente avassaladora. Os espectadores iniciantes certamente devem segurar a respiração em antecipação, imaginando se a cena terminará em realização feliz ou ironia cruel.





TEMPOS MODERNOS 

País: EUA

Ano: 1936

Já havia assistido antes? Não


Filmes mudos já estavam fora de moda em 1936, quando Charlie Chaplin completou seu último filme mudo, Tempos Modernos. Um filme mudo conscientemente feito para a era do som, uma obra-prima cômica que permanece acessível hoje até mesmo para os amantes de cinema criados em imagens de computador e som surround.

Em parte, isso se deve às concessões de Chaplin à nova era: O filme tem uma trilha sonora sincronizada, incluindo efeitos sonoros e diálogos limitados baseados em "efeitos sonoros", bem como a própria partitura de Chaplin (a música sempre foi integral para filme "silencioso") e uma canção mesmo muito única escrita e cantada por ele mesmo, que de alguma forma inventa para não conter o que normalmente seria chamado de letras. Chaplin assim escreveu, dirigiu, estrelou, produziu, cantou e dançou em Tempos Modernos, sem mencionar fazer suas próprias acrobacias, incluindo algumas patinações extremas e um mergulho de cabeça em alguns centímetros de água.

Outro fator na acessibilidade contínua de Tempos Modernos é a influência duradoura do trabalho de Chaplin. Mais de uma cena do filme parecerá estranhamente familiar para os espectadores modernos que o assistem pela primeira vez. 

Mas a razão mais importante para a relevância contínua do filme são seus temas contemporâneos e perspectiva de futuro. A famosa cena de abertura simbólica, com imagens de ovelhas se aglomerando através de uma passagem se dissolvendo em imagens de trabalhadores saindo de uma estação de metrô, não perdeu nada de seu impacto. De fato, os espectadores contemporâneos facilmente farão a conexão entre a imagem de Chaplin e o mundo dos recintos e passagens tão familiares aos moradores do cubículo da América corporativa.

Outra cena inicial mostra Chaplin tentando fazer uma pausa durante o horário de trabalho no banheiro quando na tela de um grande monitor na parede surge a imagem da cabeça do seu chefe ordenando que ele pare de enrolar e volte ao trabalho. O público moderno que assiste a esta cena pode refletir com tristeza sobre a realidade cotidiana da vigilância eletrônica no local de trabalho, talvez nem mesmo percebendo que a sequência foi filmada décadas antes da televisão viável.

Como todos esses exemplos sugerem, Tempos Modernos olha para o futuro, mas não com entusiasmo. Muitas vezes descrito como uma sátira da era das máquinas, o filme tem de fato um tema mais amplo: os efeitos desumanos de muitos aspectos da modernidade, incluindo industrialização, burocracia, urbanização e aplicação da lei.

Obviamente Chaplin não era contra o progresso ou a tecnologia, afinal, o cinema em si, mesmo o cinema silencioso, é um meio quintessencialmente moderno. E não é preciso dizer que a era moderna trouxe muitos avanços extraordinários em áreas como medicina, produção de alimentos, e assim por diante. É fácil imaginar alguém fazendo um filme chamado Tempos Antigos destacando as dificuldades da vida em condições pré-modernas. Ainda assim, mesmo que decidamos no final que, considerando tudo, preferimos a qualidade de vida de hoje à de períodos anteriores, isto não deve nos impedir de reconhecer os males sociais e falhas do nosso próprio dia-a-dia.

Um tema recorrente em Tempos Modernos é o fenômeno do desemprego. Agora, obviamente não há nada de novo sobre pobreza e fome generalizados, mas o desemprego como o conhecemos hoje é um desenvolvimento relativamente recente, um subproduto da economia moderna da força de trabalho que exige que todos "consigam um emprego". Nas sociedades pré-modernas, em geral, o desafio para pessoas capazes era muitas vezes menos "encontrar trabalho" do que ser capaz de sobreviver no trabalho que se fez.

Muitos brasileiros estão hoje em condições de ter que roubar para sobreviver como a personagem do filme vivida pela belíssima Paulette Goddard, esposa real de Chaplin na época ou como os assaltantes que ele encontra enquanto trabalha como segurança, um dos quais diz melancolicamente: "Não somos ladrões - estamos com fome". Esta afirmação tem alguma justificativa no ensino moral tradicional, que define o roubo como usurpar a propriedade de outro contra a vontade razoável do proprietário, com a condição de que aquele em perigo de morte por falta de comida, ou sofrendo qualquer forma de necessidade extrema, pode legalmente tomar de outro tanto quanto é necessário para atender sua angústia atual, mesmo que a oposição do possuidor seja inteiramente clara. A razão tem a ver com a hierarquia dentro do direito natural. O roubo é uma violação do princípio da propriedade privada, mas esse princípio é subordinado a uma lei superior: o destino universal dos bens criados.

Por uma questão de necessidade prática, o destino universal dos bens criados é servido pelo princípio da propriedade privada, que incentiva todos a trabalhar em benefício próprio, ajudando assim a garantir que os bens do mundo sejam devidamente desenvolvidos e apreciados por todos. No entanto, nos casos em que as circunstâncias impedem que determinados indivíduos adquiram o que precisam para sobreviver, o princípio da propriedade privada pode dificultar em vez de servir ao destino universal dos bens criados.

O filme de Chaplin brinca com o comunismo como uma alternativa à injustiça do desemprego em uma sociedade sem redes de segurança. Naqueles dias pré-Guerra Fria, as simpatias comunistas eram mais socialmente aceitáveis, e, afinal, a América precisava desenvolver estruturas sociais que tornariam o desemprego mais viável e menos desumano. Apesar de sua consciência social, Tempos Modernos não se transforma em um tratado ou drama político, mas permanece muito mais uma tradicional tragicomédia. Chaplin aborda o desemprego e outras questões sociais, mas o faz obliquamente, com um leve toque, no contexto das desventuras cômicas de seu personagem.

Chaplin nos dá uma cena clássica após a outra: a demonstração da máquina de alimentação, a curta carreira como funcionário de um estaleiro, a hora do almoço na fábrica com o supervisor do preso em uma máquina gigante, e, claro, o número climático de música e dança, no qual a sua voz real é finalmente ouvida, mas a regra do filme contra palavras vocalizadas permanece intacta.





ROMA, CIDADE ABERTA

País: Itália

Ano: 1945

Já havia assistido antes? Sim


Desenvolvida em Roma durante a ocupação nazista, filmada na Cidade Eterna logo após a retirada nazista, este filme de Roberto Rossellini surpreendeu o público em todo o mundo que viu nele uma autenticidade não mediada mais evocativa da qualidade documental dos noticiários em tempo de guerra do que da artificialidade de dramas anteriores e mais convencionais da Segunda Guerra Mundial.

Em retrospectiva, Roma, Cidade Aberta é uma espécie de filme de transição, combinando elementos do que seria chamado de neorrealismo italiano com elementos do melodrama tradicional do estúdio. Suas cenas foram filmadas em sets, mas Rossellini também fez uso de ruas romanas ainda devastadas pela guerra que nunca poderiam ter sido duplicadas em estúdios, com becos cheios de escombros e edifícios marcados. Alguns espaços, como a escadaria triangular em um prédio de apartamentos, tornam-se tão familiares que sentimos que sabemos exatamente onde e como a ação se desenrola.

Atores profissionais desempenharam vários dos papéis principais, incluindo Anna Magnani, como a noiva grávida Pina, e Aldo Fabrizi, como o padre heroico Don Pietro, mas muitos dos atores anônimos poderiam ser ditos estar interpretando a si mesmos, e cenas como o saque da padaria definitivamente são do tipo Hollywood. As principais figuras nazistas - o brutal Major Bergmann (Harry Feist), a predatória Ingrid (Giovanna Galletti) - são vilões estereotipados, decadentes e sutilmente sexualmente depravados (em contraste com Pina e seu noivo viril (Marcello Pagliero), o líder partidário Giorgio Manfredi. Mas não há nada de inautêntico sobre os vilões de patente na grande peça do filme.

O coração moral da história, co-escrita por Rossellini e Federico Fellini, é sua celebração humanista da solidariedade unindo todos os tipos de cidadãos italianos - civis comuns como Pina, partidários comunistas como seu noivo Giorgio Manfredi (Marcello Pagliero), monarquistas como as forças invisíveis de Badoglio, o clero com Don Pietro, e até mesmo crianças como o filho de Pina Marcello (Vito Annichiarico) - contra o reinado racista do terror representado pelos nazistas. O engajamento do comunista Manfredi e da menos devota, mas ainda católica Pina, que planeja se casar com Don Pietro em vez de um oficial fascista, é um símbolo dramático dessa solidariedade.

O filme apresenta Don Pietro como um pouco ineficaz e distraído arbitro de um jogo de futebol masculino. Mais tarde, em um momento divertido, Don Pietro para em uma loja para pegar dinheiro e contrabandeá-lo para o movimento de resistência, onde ele desconfortavelmente contempla uma pequena estátua de São Rocco um pouco perto demais de uma outra estátua feminina de um nu voluptuoso, e tem que fazer dois ajustes antes que ele esteja convencido de que a castidade do santo é adequadamente honrada.

À medida que o filme continua, no entanto, o padre se torna uma figura cada vez mais heroica, confiando em seus privilégios clericais para tratar dos negócios da resistência mesmo após o toque de recolher. Na cena da invasão no prédio de Pina, Don Pietro corajosamente passa por soldados nazistas no prédio evacuado, sob o pretexto de administrar a unção dos enfermos a um homem doente terminal, mas na verdade pretendendo impedir que o jovem que integrava a multidão da rua venha à óbito ao atacar os nazistas com armas de contrabando. Embora a cena termine em outra nota cômica, a frieza do padre sob pressão é estabelecida - e quando ele e outras figuras da resistência são presas, a frieza de Don Pietro torna-se a determinação moral de um mártir em seu último julgamento. 

Na sede nazista, enquanto Manfredi está sendo torturado na sala ao lado, o Major Bergmann tenta jogar Don Pietro contra Manfredi dizendo: "Ele é um subversivo e um ateu - seu inimigo". "Eu sou um padre católico", responde Dom Pietro calmamente, "Acredito que qualquer um que luta por justiça e liberdade caminha nos caminhos do Senhor. E os caminhos do Senhor são infinitos." Este "batismo" do líder partidário ateu é aumentado à medida que o corpo despido e espancado de Manfredi é pressionado na forma de uma cruz contra a parede, como uma figura de um Cristo secular.

No final, quando o padre prevê que Manfredi não falará - acrescentando que rezará por ele - o conflito entre as visões de mundo nazistas e católicas chega ao silêncio de um partidário marxista. "Tenho um homem que deve falar antes do amanhecer", confidencia Bergmann a um oficial mais velho, Hartmann, "e há um padre que está orando por ele." Quando Hartmann pergunta se Manfredi pode não falar, Bergmann dispara: "Isso significaria que um italiano é tão bom quanto um alemão! Significaria que não há diferença no sangue de uma raça escrava e de uma raça mestre! Qual seria o objetivo de nossa luta?" Hartmann, porém, viu demais para aceitar a linha partidária. Ele lutou na primeira Guerra Mundial; ele viu patriotas franceses morrerem sem falar. "Nós, alemães, simplesmente nos recusamos a perceber que as pessoas querem ser livres", diz ele ao escandalizado Bergmann.

A fé de Don Pietro, e a sensibilidade católica teimosa dos soldados italianos na cena climática, dão um sentido triunfante de elevação espiritual ao que de outra forma seria um final meramente desanimador e desafiador. Temas religiosos, morais e políticos se entrelaçam até o fim: os meninos que assistem do lado de fora da cerca assobiam uma melodia partidária, seja para chacoalhar os soldados ou para encorajar o padre, que usa segundos extras para sussurrar as repetidas palavras de perdão pronunciadas pela primeira vez da Cruz de Cristo, de acordo com a narrativa bíblica. O último tiro apresenta proeminentemente a Basílica de São Pedro, nomeada para o apóstolo declarado como uma rocha, no horizonte sobre os meninos, enquanto eles vão em seu caminho, a próxima geração na luta por justiça e liberdade.





O PAGADOR DE PROMESSAS

País: Brasil

Ano: 1962

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"O Pagador de Promessas" é um filme brasileiro produzido em 1962, escrito e dirigido por Anselmo Duarte, baseado na peça homônima do dramaturgo Dias Gomes. Ganhador da Palma de Ouro, o principal prêmio do Festival de Cannes, na França, um dos festivais de cinema mais prestigiados e famosos do mundo. Brasil e Estados Unidos são os únicos países do continente americano a ganhar a honraria. Também se tornou o primeiro filme da América do Sul a ser indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro na edição de 1963. Em novembro de 2015, ficou em nono lugar na lista dos 100 melhores filmes brasileiros, segundo a Abraccine.

Na década de 1960, Zé do Burro (Leonardo Villar), um homem humilde, enfrentou a intransigência da Igreja quando tentou cumprir a promessa feita em um terreiro do Candomblé, que era carregar uma cruz de madeira pesada para uma longa viagem no interior da Bahia. Seu melhor amigo é um burro chamado Nicholas. Quando o burro adoece, ele não pode fazer nada para fazer o animal melhorar, então ele faz uma promessa a uma Mãe de Santo do Candomblé: se o burro se recuperar, ele promete que dividirá sua terra igualmente entre os mais pobres e levará uma cruz de sua propriedade para a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, onde ele vai oferecê-la ao padre local. 

Assim que seu burro se recupera, Zé começa sua jornada. Fielmente seguido por sua esposa Rosa (Glória Menezes), Zé chega ao templo de madrugada. O padre local, que representa a autoridade da religião oficial, se recusa a receber a cruz de Zé depois de ouvir dele a razão pela qual ele a carregou e as circunstâncias "pagãs" sob as quais a promessa foi feita, tornando sua realização impossível. 

Todos em Salvador tentam tirar vantagem do inocente e ingênuo Zé. Praticantes de candomblé querem usá-lo como líder contra a discriminação que sofrem da Igreja, jornais sensacionalistas transformam sua promessa de dar terra aos pobres em um grito pela reforma agrária, assunto ainda muito controverso no Brasil. Zé insiste em entrar na Igreja e recebe apoio da população pobre, que acredita ter ele o direito de pagar sua promessa, criando assim uma situação de conflito com o padre. 

A polícia é chamada para impedir a entrada de Zé e ele acaba morto em um violento confronto entre a polícia e manifestantes que o apoiam. Na última cena do filme, os manifestantes colocam o corpo de Zé em cima da cruz e forçam seu caminho para dentro da igreja.

O elenco e a direção do filme são todos impecáveis e a interpretação de Leonardo Villar é tão emocionante que pode arrancar lágrimas do mais durão dos espectadores. É muito triste ver como hoje a cultura brasileira parece mais uma espécie de obituário. Saudades de Leonardo Villar e de tantos outros grandiosos artistas que nos deixaram.





O HOMEM QUE NÃO VENDEU SUA ALMA

País: Reino Unido

Ano:1966

Já havia assistido antes? Sim


Quem é você, afinal? O que define você? O que faz de você você? Não me fale sobre seu trabalho, sua família, seus hobbies ou interesses. Todos eles são reféns das circunstâncias, sujeitos a mudanças. Dado o preço certo, as circunstâncias certas, você pode deixar seu emprego. Sua família pode ser tirada de você, ou você deles. Por mais importantes que sejam essas coisas, elas são, em princípio, transitórias. Há algo em você que não seja transitório, não refém da circunstância, não sujeito a renegociação ou compromisso? Há alguma coisa, por exemplo, que você nunca poderia, em hipótese alguma fazer, independentemente do preço, ou qualquer pressão que possa ser feita sobre você? Se não há nada assim então você é realmente alguém? Você tem uma identidade, um eu? Ou apenas uma configuração específica nas condições atuais?

O homem que não vendeu sua alma é a história de um homem que sabe quem ele é. O filme de 1966, que ganhou seis Oscars, incluindo melhor filme e melhor ator (Paul Scofield), é brilhante e convincente, tem sabedoria genuína e sagacidade. O roteiro, bem adaptado por Robert Bolt de sua própria peça teatral, é ferozmente inteligente, profundamente impactante, ressonante com beleza verbal e graça. 

Thomas More sobe ao posto de Lorde Chanceler da Inglaterra antes de se desentender com o rei Henrique VIII sobre o seu plano de terminar seu casamento com Catarina de Aragão e se casar com Ana Bolena. Quando os bispos ingleses rompem com Roma e Henrique é declarado "Chefe Supremo da Igreja na Inglaterra", More, um católico fervoroso e piedoso, desiste de seu alto cargo e de todas as regalias que o mesmo proporciona. Para preservar sua liberdade e proteger sua família, ele também desiste de sua vida política e pública, tentando manter um perfil discreto.

Mas Sir Thomas é muito conhecido por abandonar a vida pública e seu silêncio é amplamente interpretado como desaprovação, tornando-se uma fonte de ansiedade privada e constrangimento público para o rei Henrique. O que se segue é um fascinante jogo de gato e rato, uma caça da raposa, com More como a raposa astuta e esquiva usando todos os truques para iludir os cães do rei que buscam seu sangue. 

More é um advogado brilhante, e sua defesa é legal: se ele mantiver seu silêncio, ele não pode ser acusado de se opor ao rei. Mas logo isso não é mais suficiente e ele deve desistir de sua liberdade e propriedade para salvar seu pescoço. E quando nem isso é suficiente, para preservar sua integridade, aceita entregar a sua vida porque há algo que ele nunca fará: ele não fará o juramento que aceita o título do Rei e o novo casamento.

Tudo isso é estranho à nossa era, quando a capacidade de celebridades e políticos de se reinventarem é amplamente considerada como uma habilidade básica de sobrevivência, e chegar ou manter o poder ou a fama é o bem mais alto. Quando um brilhante e carismático advogado se torna o mais alto funcionário do governo de seu país, e é então acusado e julgado por um crime, não esperamos que ele esteja tão preocupado com perjúrio ao ponto de escolher sacrificar sua carreira, renda, status social, liberdade e, eventualmente, sua vida. A menos, é claro, que você queira realmente se comprometer. Quando é dito que sua garantia mais solene está vazia, que você é incapaz de atestar o ponto em questão, é como ser dito que você não é ninguém, que não tem caráter, nenhuma identidade, nenhuma alma.

Há, de fato, um personagem a quem More diz isso: Richard Rich, um jovem superficial que no final tem uma mão na ruína de More. Rich quer um emprego no tribunal, mas More, sabendo da sua falta de caráter, não vai colocá-lo onde ele será tentado. Rich implora e implora, finalmente professando fervorosamente que "seria fiel". More olha nos olhos dele e diz deliberadamente: "Richard, você não poderia responder por si mesmo, mesmo esta noite." E naquela noite Rich prova que More estava certo. Ele é uma espécie de inverso de More: À medida que a integridade de More retira seus bens materiais, mas expõe as suas virtudes cada vez mais heroicas, a falta de substância de Rich faz com que ele aumente rapidamente em riqueza e status à medida que ele se torna cada vez mais corrupto.

Este é um grande filme. Acredito que é a representação cinematográfica mais profunda da vida de um santo. O fato de ter sido escrito por um não-cristão também serve para tornar mais evidente o poder convincente da fé e da virtude de More, um homem cuja luz interior é tão radiante que mesmo incrédulos são atraídos para homenageá-la. O mesmo pode ser dito de Joana D'Arc, que tanto deslumbrou Mark Twain que ele escreveu sua história de vida em uma de suas melhores obras.






AKIRA

País: Japão

Ano:1988

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Akira começa em 1988 com uma imagem chocante: uma explosão maciça, aparentemente atômica, entra em erupção no centro de Tóquio e inflama a Terceira Guerra Mundial. Depois que a guerra e mais de trinta anos, Neo-Tóquio cresceu dos escombros em uma metrópole de luzes brilhantes e arranha-céus impossivelmente altos. Manifestações políticas enchem as ruas, e forças do governo militarista recorrem à violência extrema para detê-los. Gangues de jovens motoqueiros agitam as rodovias e se envolvem em batalhas de estradas. E experiências secretas do governo resultaram em crianças estranhas e distorcidas com poderes incríveis. Este é o assustador e emocionante mundo cyberpunk criado por Katsuhiro Ohtomo, o artista de mangá e diretor de animê cuja visão inspiraria inúmeros outros artistas japoneses e diretores de cinema de Hollywood nos anos seguintes. Seu filme, lançado em 1988 e ainda considerado como um dos mais importantes animês já lançados, transcende as limitações através de seu incrível valor de produção, influência substancial, designs inesquecíveis e um comentário duradouro sobre o estado da identidade cultural japonesa.

Otomo publicou pela primeira vez seu mangá Akira em 1982 nas páginas da Youth Magazine, publicada por Kodansha. Fundamentada no subgênero ciberpunk, suas raízes mais prevalentes estão no livro Neuromancer (1984), de William Gibson, a série planejada de seis volumes de Otomo não seria concluída até 1990, após mais de 2000 páginas publicadas. No entanto, como em muitas séries populares de mangá, seu autor foi eventualmente abordado para traduzir sua história em um animê antes do mangá ser concluído. Outro exemplo notável dessa tendência pode ser encontrado em Nausicaä of the Valley of the Wind de Hayao Miyazaki, o mangá publicado pela primeira vez em 1982, com filme lançado em 1984. 

Mas a visão de Otomo era muito grande para qualquer estúdio de produção, e ele, que exigia controle criativo, não aceitaria menos do que uma realização completa de sua visão. E assim, um comitê foi formado, representando um conglomerado de empresas japonesas — incluindo Toho Co., Ltd., Bandai Co., Ltd., a editora Kodansha Ltd., e várias outras — determinadas a financiar e coproduzir o mangá de Otomo em um projeto sem precedentes de US$ 11 milhões, composto por 160.000 células de animação meticulosamente detalhada, que fez oito vezes seu orçamento na bilheteria internacional.

O filme começa quando uma gangue de motoqueiros adolescentes liderados pelo amigo Kaneda, envolve outro grupo chamado Clowns. Durante a briga na estrada, o melhor amigo temperamental de Kaneda, Tetsuo Shima, se acidenta ao entrar em contato com um menino de aspecto curiosamente envelhecido e dotado de poderes telecinéticos. De repente, naves do governo chegam para levar Tetsuo e o garoto enrugado. A gangue de Kaneda passa por interrogatório, sem saber que o garoto era um cobaia movido por rebeldes de uma instalação do governo onde cientistas tentam imbuir crianças especiais, chamadas Espers, com "o poder de um deus".

Tetsuo logo passa pelos mesmos experimentos sob a supervisão do Dr. Onishi e seu comandante militar Coronel Shikishima, que tentam replicar o poder indefinível de um Esper chamado Akira, um menino cujos poderes eram tão grandes que causaram a explosão em Tóquio décadas antes. Mas as habilidades naturais de Tetsuo são desencadeadas pelo Dr. Onishi e rapidamente se tornam instáveis e incontroláveis, transformando-o em um maníaco violento, alucinante e faminto por poder determinado a colocar Akira, que sobrevive apenas como órgãos dissecados contidos em frascos, livre de sua prisão subterrânea criogênica. Enquanto isso, Kaneda se interessa por Kei, uma membro de uma facção rebelde determinada a desestabilizar o governo corrupto e irresponsável. Kei e Kaneda logo percebem que ambos estão atrás da mesma coisa, embora não ideologicamente. Quando descobre o que aconteceu com Tetsuo, Kaneda se junta aos rebeldes para recuperar seu melhor amigo e impedi-lo de destruir toda Neo-Tóquio.

No animê, o realismo e o estilo têm uma estranha interação que continua sendo seu motivo visual definidor. Com suas raízes no mangá, o artista de animê comanda ambos os elementos e assume o controle completo. No caso de Akira, o realismo de Otomo se apresenta na forma de imagens pintoras que retratam a incrível paisagem iridescente da cidade de Neo-Tóquio, as imagens apenas um pouco menos fantásticas do que a visão futurista de Ridley Scott para sua Los Angeles inspirada em Tóquio em Blade Runner (1982). Por outro lado, Otomo emprega uma estilização mais cômica em outros lugares, particularmente nas cenas menos pesadas e mais acionadas ou de alívio cômico envolvendo Kaneda. O animê muitas vezes tem essas justaposições de estilo e tom, mas poucos se misturam, bem como a abordagem de Otomo em Akira.

O resultado é inspirador e completamente imersivo. Ao mesmo tempo, o alcance de Otomo, dada a sua abordagem inquestionavelmente cinematográfica, torna-se evidente em todos os lugares, desde inúmeros outros filmes de animê, como Ghost in the Shell (1995), até obras live-action como Matrix (1999) e O Quinto Elemento (1997). Mas o filme é muito mais do que visuais atraentes, conceitos de ficção científica e ação de motocicletas.

É impossível assistir às cenas de abertura de Akira e não pensar imediatamente no bombardeio dos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial. Nos próximos anos, o Japão pós-guerra cresceria superpovoado e ocidentalizado. O crescimento econômico desenfreado do país levaria ao que é considerado a epítome das cidades futuristas: Tóquio moderna — uma orgia metropolitana de luzes de neon e ruas movimentadas. Desenvolvida e exagerada na ficção científica e no mangá, a Tóquio do futuro se torna um epicentro metafórico para tudo de errado com o Japão pós-guerra, como a identidade nacional é deformada e talvez perdida no desejo de reconstruir sem restrições. A humanidade e certas liberdades se perdem nesse processo, mas a tecnologia e os requisitos visionários necessários para dar forma ao futuro inegavelmente encantam. No entanto, por mais que Akira critique o Japão pós-guerra e a reformulação da cidade e da cultura da época, seus efeitos sobre os seres humanos são muito mais invasivos.

Além da tecnologia, o indivíduo passa por uma reconstrução semelhante nas mãos de Otomo, especificamente em Tetsuo. Sequestrado e sujeito a experiências desconhecidas, Tetsuo alucina em imagens de sonhos que assustariam Dali. Em uma sequência sangrenta, suas entranhas derramam no chão em uma pilha, e ele tenta desesperadamente puxá-las de volta para dentro; outra sequência mostra um sonho noturno onde projeções de animais de pelúcia se transformam em monstros imponentes. A mente de Tetsuo começa a se expandir. À medida que desenvolve poderes telecinéticos, ele age em demonstrações de violência e destruição. Ele perde todo o sentido de sua história e devoção aos seus amigos. O próprio Tetsuo pode ser uma metáfora para o Japão pós-guerra, ficando fora de controle. 

Em termos menos gráficos, Akira representa sua juventude como rebeldes contra a cultura lutando contra o sistema ou envolvidos em gangues criminosas, de qualquer forma contra a autoridade em todas as formas. Esta é a tragédia do futuro de Otomo no que se refere aos seus personagens, apresentando uma alegoria cínica de como o Japão pós-guerra tem sido irrecuperavelmente influenciado, corpo e alma.

Mais de 3 décadas depois, Akira, de Katsuhiro Otomo, ainda inspira admiração. Hollywood tenta por mais de uma década produzir uma adaptação live-action (bata na madeira!), resultando apenas em falsos começos. Mas nenhuma quantidade computação gráfica cara, poder estelar (nomes envolvidos incluíram Leonardo DiCaprio, Keanu Reeves e Garrett Hedlund), ou valor de produção blockbuster poderia coincidir com a visão singular que Otomo alcançou em 1988. 

Akira permanece tão densamente mergulhado em espetáculos, ideias de ficção científica e uma sobrecarga de informações visuais que seus comentários sociais e culturais podem se perder para os espectadores mais interessados em espetáculo e menos atentos ao conteúdo. Este animê é uma conquista tão extraordinária que exige ser vista e revistada novamente para uma reavaliação em sua mais profunda relevância. E ser apreciada como um marco não apenas de animê, mas de cinema internacional.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

DRAGON BALL SUPER É UM LIXO, MAS A SUA PROPAGANDA É EXCELENTE


A imagem acima é autoexplicativa. 
Dragon Ball Super é, em MINHA OPNIÃO, a qual você pode aceitar ou discordar, uma das maiores tragédias/atrocidades na história da animação... Em relação ao seu conteúdo porque, financeiramente falando, é uma das maiores conquistas do mercado do entretenimento. Graças a mais poderosa de todas as armas: a propaganda.
A propaganda para a divulgação da série é tão perfeita que conseguiu a inacreditável proeza de convencer um público em específico de que o hediondo Dragon Ball Super é a melhor série de animê de todos os tempos (WTF).
Não estou impedindo ninguém de gostar de Dragon Ball Super. Você pode gostar de Dragon Ball Super. Você pode amar Dragon Ball Super. Ninguém vai para a cadeia por gostar de Dragon Ball Super e que bom que ninguém vai para a cadeia por odiar Dragon Ball Super. Porém, Dragon Ball Super é uma merda e mais pessoas deveriam aceitar isso.
Parece contraditório? 
Você pode amar uma série ainda que reconhecendo toda a sua mediocridade. É perfeitamente possível. Mas reconheça que essa série não contém nenhum valor artístico, senão unicamente valor comercial.
Dragon Ball GT é considerada uma série de merda pela grande maioria das pessoas. Por quê? Porque Akira Toriyama não esteve envolvido em seu projeto. 
No caso de Dragon Ball Super, a série é uma merda porque está cheia de incoerências. 
Antes, em Dragon Ball e Dragon Ball Z, havia histórias/tramas interessantes, ideias melhores, tudo era fenomenal. 
Com Dragon Ball Super, as tramas são meh, as incoerências estão por todas as partes, a série perdeu a magia, etc. 
Mas precisamos aceitar a realidade: o nosso amado Dragon Ball Z é assim porque editores impediram, repito, IMPEDIRAM Akira Toriyama de escrever uma história da maneira como queria!


Akira Toriyama, você é o seu pior inimigo.

Akira Toriyama é incontestavelmente um dos maiores e mais influentes mangakas da história, embora eu hoje com certeza fosse retirá-lo da minha lista de mangakas favoritos, em protesto por ele ter permitido a existência de Dragon Ball Evolution e Dragon Ball Super. 
Conhecendo a história do projeto de Dragon Ball, podemos entender como Toriyama foi conduzindo o mangá desde o princípio. Como muitos outros autores, ele teve vários editores que o aconselharam sobre o que fazer e o que não fazer, sendo provavelmente o mais famoso deles Kazuhiko Torishima, ou se preferir rei Piccolo, já que o criador de Dragon Ball tinha o hábito de dar ao vilões de suas histórias o rosto dos seus mais exigentes editores, uma forma de demonstrar a sua "simpatia" por eles.


Kazuhiko Torishima e o Rei Piccolo

Torishima foi o editor de Toriyama desde o mangá de Dr Slump até a saga do 23º Torneio de Artes Marciais de Dragon Ball e deu muito o que falar há um tempo ao declarar que "Dragon Ball não ensina nada e nada tem de especial, sendo apenas um mangá divertido do qual não se pode tirar nenhum ensinamento". Não é de estranhar a polêmica que se formou devido suas palavras, mas apesar disso, todos temos muito o que agradecê-lo por sua participação no mangá de Dragon Ball que foi importantíssima.


Do volume 1 de mangá Dr Slump (1980) ao volume 16 do mangá
Dragon Ball (1984) estão algumas das maiores contribuições de
Kazuhiko Torishima junto a Akira Toriyama.

Kazuhiko Torishima em sua
juventude no mangá Dr Slump. 
Tornou-se a inspiração para 
 vilão Dr Mashirito, antes de
inspirar um demônio verde
em Dragon Ball.

Kazuhiko Torishima em seus dias
atuais e em um retrato mais simpático,
no animê Bakuman.



Saga dos Androides (DBZ)

A saga dos Androides não ficou nem perto daquilo que Toriyama havia planejado e mesmo um dos maiores vilões da série não estava planejado como o vilão principal de sua própria saga. Estou me referindo a Cell, este vilão não seria o protagonista da saga em que apareceu e, de fato, sequer estava nos planos de Toriyama. Depois que começou a inserir viagens no tempo em Dragon Ball, o autor teria planejado que os vilões principais da saga seriam os androides 19 e 20. 


Androides 19 e 20

Foi quando Torishima, apesar de já não ser mais o seu editor, chamou Toriyama e disse que os vilões que ele desenhara eram horríveis, "nada mais do que um gordo e um velho". Isto fez com que o autor desenhasse dois novos vilões, que terminaram sendo os androides 17 e 18, porém isto tampouco agradou Torishima que o chamou de novo para dizer que agora os vilões eram "dois moleques arrogantes" e por isso deveria muda-los.


Androides 17 e 18

Foi então que Toriyama decidiu criar Cell e, apesar da primeira forma do mesmo ter encantado Torishima, o sou editor por aquele período, Yu Kondo, ou se preferir lorde Frieza, o qual o submetia a muita pressão, obrigando-o a direcionar a série a combates cada vez mais espetaculares, parecia não estar contente com o desenho e perguntou se o vilão não poderia se transformar. 


Cell, primeira forma. Parecido com aqueles
monstros de alguns Kamen Rider +18.

Isto levou Toriyama a criar sua segunda forma, mas quando tal desenho chegou em suas mãos, Kondo lhe disse que ainda parecia horrível (mais feio por sinal), levando o autor a criar a forma perfeita de Cell a qual todos conhecemos. 
Podemos imaginar que todos esses personagens sequer existiriam e os vilões supremos da saga dos Androides teriam sido os androides 19 e 20. 
Devemos então esta saga a esses dois editores. Devemos agradecê-los porque ditos personagens existiram e a história foi concebida como a conhecemos. 


Yu Kondo e Frieza

Mas então... 
A saga dos Androides é o Dragon Ball de Akira Toriyama ou o Dragon Ball de Kazuhiko Torishima e Yu Kondo? 

E esse foi apenas um dos vários casos envolvendo o mangá.

Fuyuto Takeda, também conhecido como Majin Buu, foi editor de Toriyama desde o torneio de Cell até o final do mangá e foi o responsável pelo papel de destaque dado ao Mr Satan nessa última fase de Dragon Ball. Não estava nos planos de autor converter tal personagem em um herói do final da saga de Majin Buu, este mérito é de Takeda. 
Talvez o fato de Majin Buu e Mr Satan terem se tornado BFFs durante a saga seja uma piada interna em razão da intromissão desse editor que inspirou o vilão.


Fuyuto Takeda e Majin Buu

Graças a esses editores, a história de Dragon Ball é como a conhecemos. Se não fosse por eles, talvez a história não teria sido tão épica ou talvez poderia ter sido um completo fracasso, mas disso nunca saberemos. 
Toriyama sempre esteve mais inclinado ao humor do que aos combates e em entrevista ele chegou a dizer estar cansado de histórias de lutas, preferindo fazer humor, e que, se tivesse que fazer outro mangá de Dragon Ball, seria com Mr Satan como protagonista, um personagem de que gosta muito e, além disso, é fácil fazer humor com ele. 


Mangá de humor estrelado por Mr Satan.
Alguém apoia?

Há quem diga que Dragon Ball Super foi assim produzido porque Toriyama já não contava mais com seus editores e, portanto, não tinha que responder a ninguém que ficasse pedindo que mudasse coisas, tornando-as mais espetaculares, modificando desenhos de personagens, etc. Tudo isso seria a verdadeira razão pela enorme mudança que se nota em Dragon Ball Super, onde não há mais a mesma essência da época Dragon Ball Z. Não há nem rastro dessa essência. 

Então Dragon Ball Super seria a pura essência Toriyama? 
Sério mesmo?
É mesmo verdade que Akira Toriyama é o único responsável pelos roteiros de Dragon Ball Super?
Se for verdade, que bom que Toriyama não tinha liberdade para escrever o que queria na época de ouro com Dragon Ball Z!
Destruiria a infância de muita gente insinuar que o nosso mangaka favorito não é tão bom assim.


Kazuhiko Torishima e Yu Kondo já não estão mais aqui para conduzir as histórias com os combates e o drama, dando assim lugar ao humor como Toriyama gostaria de fazer. 

Então somos mesmo fãs de Dragon Ball? 
Somos fãs de Akira Toriyama? 
Ou somos fãs de Kazuhiko Torishima e Yu Kondo?
Deixo como reflexão. 

Dragon Ball Super é mesmo puro Akira Toriyama?
É Toriyama quem realmente conduz esse desastre?


Conhecer Dragon Ball Super me deu a mesma sensação desagradável por conhecer a nova trilogia Star Wars contando o passado dos personagens com o Darth Vader e o seu sofrível NOOOOO. Fez com que eu repensasse meus gostos e como eu poderia gostar das obras originais para início de conversa.

Dragon Ball é uma das minhas séries favoritas.
Goku é um dos protagonistas que mais gosto.
Mas quando acrescentamos Dragon Ball Super à história original, com todos os seus retcons e personagens estúpidos, Dragon Ball se transforma em uma das piores séries que já vi na vida, enquanto o Goku se converte no pior protagonista já criado!
Prefiro pensar que Dragon Ball Super nunca existiu!


E se Dragon Ball Z fosse conduzido como Dragon Ball Super é conduzido hoje?
Medo.


Akira Toriyama se esquece de muito de sua própria obra, é verdade. 
Revendo algumas das suas mais recentes entrevistas, ele afirmou que não lembrava da existência do Super Saiyajin 2, pensando que o Super Saiyajin 3 era a segunda forma do Super Saiyajin. 
Dragon Ball Super e os seus fãs têm por hábito desprezar a forma do Super Saiyajin 3, taxando-a como inútil. A forma, entretanto, é poderosíssima (com um Tier galáctico) e estilosa, muito diferente do Goku de cabelo azul (uma forma horrível e tosca). O desprezo que a própria propaganda da série internalizou nesses fãs vem do próprio Akira Toriyama, que odeia ter que desenhar o Super Saiyajin 3, uma vez que é inegavelmente preguiçoso, e da Toei, que odeia ter que animar cada um dos detalhes da transformação, sua aura semelhante a fogo amarelo, seus raios energéticos e, principalmente, seus esvoaçantes cabelos dourados.


O único contra sincero ao Super Saiyajin 3 é este não simbolizar claramente, nem acrescentar um crescimento do personagem, sendo unicamente um novo nível de poder que torna Goku infinitamente mais forte. Enquanto a sua transformação em Super Saiyajin em sua luta contra Frieza em Namek e a transformação de Gohan em Super Saiyajin 2 em sua luta contra Cell são carregandas de significados, representando um real crescimento de ambos os personagens.

O criador de Dragon Ball também reconheceu que Toyotaro, o responsável pelo mangá de Dragon Ball Super, conhece sua obra melhor do que ele mesmo. 


Toyotaro. Um fã que realizou o seu sonho de
se tornar mangaka.

Akira Toriyama é reconhecido como o rei do improviso. 
A revelação de que Goku e Piccolo são alienígenas, assim como as Esferas do Dragão, que igualmente se originaram em outro planeta, são incluso retcons. Alguns dos raríssimos casos em que o retcon fez muito bem para a história. 
Em Dragon Ball Z, então, além dos elementos mitológicos chineses e japoneses já utilizados desde o início da série, Toriyama expandiu incrivelmente o universo da história com ficção científica, planetas, mundos espirituais, mundos de demônios, deuses/deidades e outros seres fantásticos.
Improviso é bom, mas pode ter o efeito colateral de causar algumas incoerências. No caso de Dragon Ball, as maiores incoerências estão, contudo, após o encerramento da série, por declarações ditas pelo próprio autor.


Origem de Majin Buu, segundo
o mangá original de Toriyama.

No mangá, é dito que foi o bruxo Bibidi quem criou Majin Buu. Uma história muito interessante e coerente que expande ainda mais o universo de Dragon Ball e acrescenta novos mistérios à série. 
Então, Bibidi e seu filho Badidi seriam seres tão antigos quanto o próprio universo, talvez tenham presenciado o surgimento do mesmo e da energia responsável por gerar tudo o que existe e, talvez, tal energia tenha relação com a própria origem de Majin Buu. Podemos especular que o feiticeiro adquiriu os "ingredientes" utilizados na criação do demônio e inimigo mais poderoso de Dragon Ball através dessa força que criou o universo, o que justificaria a natureza caótica desse novo ser. 

 
Mago Bibidi, pai do mago Babidi e criador
do demônio Majin Buu.

Anteriormente, Frieza era considerado (junto de sua família) o ser mais poderoso do universo e, portanto, os únicos seres capazes de superá-lo (fora os saiyajins, Piccolo e os deuses e demônios mais poderosos) foram aqueles criados artificialmente, como Cell e os Androides, através da tecnologia, e o próprio Buu, criado por meio de feitiçaria.

Em entrevista posterior ao final do mangá, contudo, Toriyama revelou que Buu na verdade sempre existiu e que tudo que Bibidi fez foi invocá-lo e escravizá-lo, o que passou a ser considerado o cânon para grande parte dos fãs da obra, mesmo que o mangá original diga repetidas vezes e por meio de vários personagens que Majin Buu é criação de Bibidi.

Mas o que significa isso? 
Então o mangá é falso e a entrevista é o que vale?
A alguém parece medianamente normal isso?
Que tipo de cânon é esse? 
Toriyama disse e assim ficou.


A história das células-S, os Midi-Chlorians de Dragon Ball, foi outra coisa dita pelo autor em entrevista e que parece só mais uma desculpa para qualquer outro personagem se transformar em Super Saiyajin.

Toriyama também declarou outro dado exterior ao mangá que ele provavelmente inventou no calor da entrevista: os Kaiohs e Kaiohshins, as divindades mais importantes de Dragon Ball, nascem dos frutos de uma árvore mística. Dos frutos dourados, aqueles mais raros, nascem os mais poderosos da raça desses deuses, os Kaiohshins. Além de acabar com o mistério por trás do surgimento dessas deidades, não há como negar ser esta uma história um tanto burlesca. 


Shinjins, deuses da criação.

Em Dragon Ball os deuses também nascem em árvores? 
Akira Toriyama foi capaz de prever o Brasil do Jesus na goiabeira?

Coisas assim só foram reveladas muitos anos após o encerramento do mangá e mais confundem do que enriquecem a história original. Embora eu deva confessar que outrora gostei da informação extra-mangá de que o androide 16 fora criado com a aparência do filho assassinado do Dr Maki Gero e aqui estaria a explicação para o pavor do cientista-chefe da força Red Ribbon em ver aquele androide despertado, era muito doloroso para ele reencontrar aquele robô com o rosto do seu filho.


Broly, o lendário Super Saiyajin.
OVA não canônico que marca a estreia do personagem.

Além disso tudo, Toriyama ainda declarou que não se lembrava quem diabos era Broly e, ao ser perguntado sobre a evolução do personagem Goten, o autor de Dragon Ball me saiu com esta: 


"Quem é Goten?"



Bem...

... em sua defesa, poderíamos argumentar que ele  pode ter se esquecido de Goten simplesmente porque o mesmo tem um aspecto muito similar ao de Goku quando este era criança.
Akira Toriyama criou este "Goku clone" para ser realmente um substituto para Goku? 
Como o seu plano original era ter Goku permanentemente morto para Gohan ser seu sucessor, faria sentido ter uma "Goku cópia" presente para aqueles fãs que ainda sentiam falta dele e não conseguiam superar a partida do protagonista.
É como se Goten realmente tivesse só um propósito (evocar a imagem do jovem Goku, enquanto Gohan adolescente seria o herói da nova fase do mangá), mas depois Akira Toriyama mudou de ideia, devido à pressão, e assim o segundo filho de Goku foi realmente deixado sem nada.


Agora, Dragon Ball Super está para receber mais um filme, por isso estamos em um momento perfeito para discutirmos sobre os desastres de conteúdo e, paradoxalmente, sucessos comerciais das suas duas últimas incursões audiovisuais e assim termos uma ideia do que pode ainda estar por vir.

A saga do Torneio (multiversal) do Poder foi a mais aclamada e hypeada de todo o Dragon Ball Super e não é difícil entender porque, já que a Toei se esforçou ao máximo para MANIPULAR os espectadores.
A saga, contudo, sequer é uma ideia original, uma vez que parece ser inspirada em uma FanFiction (Dragon Ball Multiverse???). Até o momento não há indícios de que houve de fato inspiração, apenas coincidências e especulações.

Felizmente, muitos não caíram em nenhuma dessas artimanhas da Toei e sabiam que essa saga seria podre como todas as demais. 
Não é difícil entender porque muitos estavam emocionados. A animação, a ilustração e a produção em geral subiram seu nível consideravelmente, ainda mais comparadas ao nível das sagas anteriores, ilustradas e animadas em uma qualidade atroz. 


Trouxeram de volta o androide 17 e Frieza e fizeram deles aliados para tornar as coisas mais "intrigantes". Sobretudo, estavam prometendo que este arco teria o atrativo de qualquer arco de torneio, o qual é dar relevância ou momentos de glória a personagens que normalmente não são relevantes. E ainda corrigiriam um erro muito comum desses arcos de competições, que é a falta de tensão, pois esse torneio, mais do que um torneio, era um battle royale onde todos os universos perdedores seriam eliminados, sem sequer terem a oportunidade de existirem em um outro mundo.

Peço sua atenção para alguns dos mais óbvios problemas dessa saga, deixando de lado a minha pessoal antipatia pela obra em si:
A execução é mais importante do que a ideia e promover o hype é algo estúpido. 
Não adianta nada uma série ser imprevisível se é ao mesmo tempo incoerente. 
O mistério por trás dos acontecimentos da saga foi decepcionante quando ao seu final é revelado. 
O excesso de personagens implicou em uma necessidade de focar em todos, algo impossível de se conseguir mesmo em séries melhor planejadas e executadas. 
E, por último, mas não menos importante, enganar o espectador com falsas promessas é um exemplo de escrita ruim!


Por que Zeno precisava eliminar universos em primeiro lugar?
Eliminar os universos só porque não são tão poderosos é um critério estúpido. 
Faria muito mais sentido eliminar os mais fortes porque estes teriam maiores probabilidades de se rebelarem contra os deuses.
Além disso, criar um torneio cujo prêmio são as Super Esferas do Dragão, que podem conceder tudo, e ainda arriscar que um dos participantes peça como desejo eliminar a TODOS também é uma péssima ideia. 
Com todas essas incoerências, não seria difícil intuir que o final desta saga não teria sentido ou teria um plot twist muito idiota que contradiria toda a sua premissa.

Para complicar, a saga começa com o Goku farsante do Dragon Ball Super incentivando Zeno a criar o torneio, o qual resultou ser um battle royale genocida, levando a todos os personagens de todos os universos paralelos apresentados na série a culparam o protagonista patife desta história. Mas isso apenas até que a série estabeleceu que não era culpa de Goku depois de tudo, já que o próprio Zeno já planejava eliminar tais universos cedo ou tarde. 

Então, qual o ponto de culpar Goku? 

A saga vai se contradizer outras duas vezes no futuro e não espere por nenhuma subtrama onde Goku irá refletir sobre seu comportamento ou algo do tipo. 
Tudo foi posto desta forma com o intuito de criar uma tensão falsa e enganar os espectadores.


Goku e os demais entram no dilema de que necessitam de outro membro para a sua equipe do torneio. O Trunks do futuro do pior produto e saga com o nome Dragon Ball havia se tornado mais poderoso e os roteiristas talvez pensassem em fazê-lo participar do torneio com a promessa de reviver a sua linha temporal com as Super Esferas do Dragão, dando mais significado ao arco, uma vez que o personagem deixou o seu mundo para literalmente viver uma mentira em outra linha temporal. Mas até quando se trata de fazer fanservise, Dragon Ball Super é uma merda. 

Ver Frieza lutando do lado dos heróis é um cenário estranho e intrigante, mas não eliminar da equipe membros menos eficientes e relegar Majin Buu mais uma vez é um insulto a inteligência. 
Personagens como Kuririn e Tenshinhan já não possuem mais relevância. Por acaso trazê-los a este torneio deu-lhes relevância? Por favor, não me digam que sim só porque conseguiram derrotar algumas buchas de canhão sem importância. 

Ter muitos personagens ao mesmo tempo é um erro porque para a série não é humanamente possível focar em cada um deles. 
Por acaso Tenshinhan ou Kuririn obtiveram algum desenvolvimento de personagem? 
Acaso ajudaram a derrotar Jiren com alguma estratégia? 
São completamente inúteis contra os grandes inimigos, derrotando apenas buchas de canhão e nunca mais fazendo algo e a maioria deles foram derrotados por razões estúpidas. 


A pulga que derrotou Piccolo...

Kuririn confia demais sem nenhuma razão e o atiram para fora da plataforma por uma distração, fazendo-o parecer um idiota. 
Tenshinhan elimina a si mesmo quando não era necessário fazê-lo. 
E Piccolo... cai da arena não porque foi derrotado física ou estrategicamente por um inimigo forte ou inteligente, mas porque foi derrubado por uma maldita "pulga" de todas as coisas que poderiam derrubá-lo.
Personagens como o mestre Kame, em contraste, se mostraram mais competentes, incluso se isto não tem o menor sentido. 
Se ele era tão poderoso, por que nunca ajudou nas lutas em sagas passadas? 
Por favor, Toriyama! 


No mangá, o mestre Kame chega a manter uma luta contra o vilão principal
do torneio. Agora ele é mais poderoso do que os vilões mais poderosos de
Dragon Ball Z só por que não bate mais punheta?

O androide 17 se tornou relevante ao ponto da estupidez! 
Este sujeito se tornou bilhões de vezes mais poderoso e estava debochando de todo mundo do torneio ao ponto do absurdo de fazê-lo ser visto como um GARY STU! 
Frieza tornando-se super forte foi retardado, mas o androide 17 sequer teve uma uma razão real para ser assim poderoso. 
Não apenas o 17 terminou como um dos finalistas, como também ganhou o torneio! 


Muitos celebraram o androide 17 como o melhor personagem, apenas porque o roteiro o mandava ser mais competente sem nenhuma razão em absoluto e apesar desse personagem, que nunca foi um bom personagem, estar ausente durante cinco longas sagas sem contar Dragon Ball GT! 

Basicamente, estavam maravilhados com um personagem que desapareceu durante cinco sagas e que reapareceu para ser um personagem completamente diferente do que foi em sua introdução para considerá-lo um herói! 

Foi extra-insultante quando a série enganou a todos fazendo crer que 17 havia se suicidado heroicamente na luta contra o vilão principal, só para depois, da forma mais preguiçosa possível, mostrar que ele estava vivo. 
Os espectadores fanáticos choraram por um sujeito que esteve ausente durante cinco fucking sagas e que, na última vez em que o viram, era UM CRETINO e nunca foi desenvolvido, apenas para que a nova série cagasse em suas expectativas e fizesse a cena do seu sacrifício parecer um drama artificial. 

Amo a androide 18, mas o irmão dela... 
A única coisa boa sobre o 17 foi ter estrelado a melhor luta de todo Dragon Ball Z contra Piccolo na saga de Cell.


Filler inspira filler...

Lembro agora a você de que os saiyajins poderiam voltar a fazer o ritual do Super Saiyajin Deus para talvez fazer Gohan mais poderoso. Mas não... um personagem que nenhum dos roteiristas dessa bomba gosta jamais poderia tornar-se relevante. 

Falando de Super Saiyajin, estes foram nerfados incluso mais outra vez com Caulifla e Kale desbloqueando esse poder ao concentrar o seu ki nas costas e mais tarde desbloqueando também o Super Saiyajin 2 durante o torneio. 

O Super Saiyajin perdeu qualquer traço de significância. Cabba desbloqueando o Super Saiyajin em minutos foi estúpido, mas mais estúpido foi descobrir que a transformação poderia ser desbloqueada por essa outra alternativa. Imagine tudo isso em retrospectiva. Tudo o que sofreram Goku, Gohan e Vegeta, assim como o Gohan e o Trunks do futuro poderia ter sido evitado se tivessem concentrado o seu fucking ki nas costas!!! 

Eu imagino que esses tais saiyajins do Universo 6 tenham um background diferente, coisas como terem perdido suas caudas através do processo de evolução, o que pode explicar essa outra possibilidade de transformação, mas nada disso fica claro na série.


Ainda por cima, essas duas saiyajins são alguns do piores personagens dessa série (um feito espetacular considerando o elenco radioativo dessa bosta). Caulifla em particular parece uma Mary Sue, só necessita querer fazer algo e terminará conseguindo em tempo recorde! Essas meninas são também tratadas de forma especial, uma vez que são permitidas fusionar-se quando estava estritamente proibido nas regras do torneio trazer objetos ao campo de batalha. 
E essa é outra coisa frustrante dessa saga, as regras são quebradas em qualquer momento com a intenção de emocionar a audiência. 


Que a fusão dessas garotas seja capaz de rivalizar com Goku em "fase deus" quando elas mal aprenderam o Super Saiyajin é suficientemente insultante. Os idiotas do Universo 7 nem sequer pensaram em fusionar-se contra Jiren, o que também foi bastante imbecil. Pensar que durante todo esse tempo poderiam ter levado sementes dos deuses sem nenhum problema. Também é suspeito que o mestre Kame tenha sido o único a pensar em trazer um frasco para fazer o Mafuba (que agora não pode matá-lo, contradizendo mais uma vez a série original). É quase como se o roteiro fosse completamente random e mal escrito.

A essa altura, já estava desesperado para acabar esse aborrecimento. 
Desde o início, a maioria das batalhas não têm nenhum impacto na história e só estão lá como "espetáculo" e para fazer tempo.


Apresentando as piores já personagens criadas para Dragon Ball...

A batalha contra a Maho Shojo gorda e seu universo de Maho Shojo e Super Sentai estava fazendo com que eu olhasse para o relógio do vídeo a cada momento. 
O arco transcorre em alguns minutos no tempo da série, mas em tempo real foi cerca de 30% de todo o Dragon Ball Super!!! 
A série foi prolongada e prolongada até não mais poder. 

Outro aspecto que ajudou a me matar de aborrecimento foram os personagens. 
Escutar os Zenos retardados repetir uma e outra vez palavras como "emocionante" como suas vozes asquerosas (independentemente da dublagem) durante todos os capítulos tornava tudo ainda mais irritante. Pareciam estar me dizendo como eu deveria me sentir enquanto lutava para não dormir.


Daishinkan

Enquanto Zeno é um personagem repugnante, Daishinkan é um desses personagens cujas intensões não ficam claras desde o início, é completamente misterioso e não há lugar para o seu desenvolvimento. 


Jiren

Jiren é um remendo de antagonista e ainda consegue ser muito merda. 
Mesmo que ter um herói como antagonista fosse uma ideia muito original para Dragon Ball, isto foi executado de uma maneira atroz. Muitos podem alegar que Cell não tinha personalidade, mas Jiren não só não possui uma personalidade real, como também TENTA ter uma personalidade, e cada indício de uma possível caracterização acaba sendo contradito mais adiante. 
Ele é um herói, tão amado, é muito nobre e... ainda assim tenta atacar e matar toda a audiência por puro rancor e frustação de ser um mau perdedor, uma das coisas mais covardes e menos heroicas que alguém pode fazer! 


Com ditas contradições, nenhuma personalidade definida real, somado ao fato de que sua maior característica é estar sempre em silêncio e não fazer nada, fazem de Jiren facilmente um dos personagens mais chatos que já vi em minha vida. 
O fato de que esse sujeito foi o escolhido para ser o maior antagonista deste arco é simplesmente chocante. Ele é tudo o que estava mal em Dragon Ball, não é explorado profundamente e uma das suas características mais definitórias é ser pura força bruta, como Broly. 
O pior é que a série tenta fazê-lo mais interessante, em um momento de péssima exposição, dando-lhe uma história de fundo que é, essencialmente, a história de Sasuke Uchiha!


Que tipo de emoção se pode ter com todo esse sonífero desenhado de forma tão precária? 
Mas muitos fanáticos parecem estar interessados apenas em lutas estúpidas, sem nenhum tipo de contexto ou bons personagens tomando parte delas. Para eles não importa a personalidade ou a trama ou a consistência, só importam os níveis de poder que não tem sentido e que não significam nada. Tudo é sobre a fantasia de empoderamento que geram esses personagens. 

Se tudo isso não tem significado em si e o arco já era suficientemente ruim como um todo, o final simplesmente fecha a tampa do caixão da obra. 

O desejo às Super Esferas do Dragão foi o mais óbvio que todos aqueles que assistiam ao animê pensaram desde o início: reviver a todos os universos eliminados.

O pior insulto foi a androide 18 estar preocupada com o 17 por ele ter sacrificado o seu desejo de viajar pelo mundo em um cruzeiro com sua família, coisa que poderia conseguir com as esferas normais ou o com o dinheiro de Bulma.

Mas isso nem sequer é o mais insultante de toda a situação. Ser previsível é uma coisa, mas, dizer que Zeno sempre soube que esse seria o desejo do vencedor e que tudo foi uma prova para ver o quão puros de coração eram os competidores, é um plot twist completamente forçado. 
Não apenas apagaram 6 universos, mas a saga começa com Zeno brincando de destruir planetas, como também passaram a maior parte do tempo fazendo as deidades parecerem amorais e cruéis. A todo momento faziam Daishinkan e os anjos parecerem suspeitos.


Lembra do anjo que sorria de forma sombria quando apagam o seu próprio universo? 
Agora devemos crer que tudo esteve planejado desde o princípio e que tudo era uma prova de bondade? Não só é forçado, mas diretamente uma trollagem e uma manipulação emocional. 

Os fanáticos dizem que o plot twist foi brilhante e que ninguém poderia prever algo assim. 
Como poderíamos prever? 
A série mentiu para todos deliberadamente durante todo o tempo! 
Nada foi antecipado ou insinuado. 
Não é brilhante, mas uma escrita de merda em seu máximo esplendor. 
Qualquer um pode escrever um plot twist assim porque não possui uma lógica interna.

Os enganados fazendo teorias: 
Frieza trairia os "heróis"? 
Jiren venceria e ressuscitaria a todos? 
Daishinkan trairia a todos e revelaria suas reais e sombrias intensões? 


Um dos muitos fanarts divulgados na época em que a saga do
Torneio do Poder se desenvolvia: Daishinkan assassina
Zeno (viva!) e revela a sua verdadeira face...

Qualquer uma dessas opções teria sido melhor, mas tudo terminou da pior forma possível. 
Frieza agora insinuando que é amigo de Goku como se o mesmo genocida não fosse o assassino do seu pai, sua família e seu melhor amigo no passado.
As deidades revelando que sempre foram todos bons, que nunca houve nenhum perigo, que todos sempre foram amigos e que nunca houve tensão. 
Ter tensão falsa é ainda pior do que não ter tensão. É desonesto. É um recurso barato para ganhar atenção e faz com que as coisas se tornem mais aborrecidas de se verem em retrospectiva.


Onde nascem nossos pesadelos...

Que raios pode prosseguir desta série a partir daqui?
O protagonista é amigo do deus da destruição, é amigo de Daishinkan, é amigo da máxima deidade do multiverso, pode conseguir as Super Esferas do Dragão que concedem qualquer desejo...
Como é sequer possível que exista tensão na série considerando tudo isso?


Com o filme Dragon Ball Super: Broly, chegamos então ao ponto em que todos os defensores desta série aceitam qualquer merda com que os alimenta o seu deus Akira Toryiama. 

Dragon Ball Super mostrou-se como o retcon mais grosseiro da história e todos seguem o defendendo. 

Agora temos que a história de Bardock nunca foi cânon, apesar de que claramente o foi durante todos esses anos. Os defensores de Dragon Balll Super irão argumentar que está tudo bem que mudem tudo, já que Bardock nunca foi referenciado no mangá original, fora uma única página. 


Bardock é mencionado no mangá original...

Essas pessoas ou têm uma péssima memória ou uma memória seletiva a sua conveniência porque me deixem recordá-los de que o passado de Bardock como todos conhecemos não foi referenciado em uma página de mangá somente, se não que mesmo em Dragon Ball Super apareceu igual ao original em flashback. 

Qual a desculpa agora? 
Que o animê de Dragon Ball Super agora tampouco é cânon? 
O que é cânon neste desastre? 
Primeiro dizem que era mais cânon o animê porque era lançado antes do mangá e, quando sai um filme supostamente cânon, o animê já não é mais cânon? 

Perderam o ponto de que o cânon não é o que importa, mas a consistência. 


Origem do Superman

Alguns estão dizendo que o novo passado dos saiyajins é superior ao original. 
Em que exatamente?
É literalmente um plágio de Superman!!! 
O anterior tinha algumas similaridades, mas Goku não era querido por seus pais. 

É uma verdadeira ginástica mental feita pelos apoiadores de Akira Toriyama, mesmo quando ele decide plagiar completamente uma outra história.
Alliás, Dragon Ball Super copia descaradamente a outras séries de animê/mangá que, ironicamente, se inspiraram em Dragon Ball original. 


Gine (a mãe de Goku), da maneira
como foi apresentada, não acrescenta
nada à história. Mesmo que ela seja
muito bonitinha e ainda por cima
tenha um rabo...


Dragon Ball Reboot: fanmanga que desenvolveu a personalidade de Gine, sendo enviada para
a Terra junto com seu filho Kakarotto/Goku e tronando-se pupila de Son Gohan.


Otakus latinos são os melhores!!!

Reformaram completamente o personagem filler Broly para incluí-lo no cânon da série às custas de tirar toda a personalidade de Bardock e fazer do rei Vegeta um completo idiota retardado.
O sistema dos saiyajins é basicamente Esparta, se desfazem das crianças fracas e treinam as crianças com uma melhor genética. A razão do porquê disto funcionar em Esparta, mas não aqui é porque, no caso de Esparta, somente a tribo teria autoridade sobre isso e era estritamente para se defender de inimigos que os invadiriam. 


Em Dragon Ball Super não se passa pela cabeça de ninguém que poderiam usar Broly para derrotar Frieza algum dia e o rei Vegeta o manda para outro planeta por pura e simples inveja. 
Basicamente, o rei Vegeta provocou a sua própria condenação desfazendo-se da única esperança que poderiam ter contra Frieza. Parece preferir ser escravizado pelo tirano espacial do que conviver com um saiyajin mais forte do que ele e seu filho Vegeta. 


Meme já velho, mas não poderia ficar de fora.

Quem conhece a série Invencível, sabe que é o Onmi-man, personagem inspirado também no Superman, membro da raça dos viltrumitas com a qual podemos fazer um paralelo com os saiyajins em Dragon Ball Z original (obviamente).
Os viltrumitas são uma raça de guerreiros e conquistadores planetários do planeta Viltrum. Depois que seu imperador, Argall, foi morto por Thaedus, eles se envolveram em uma guerra civil matando os fracos em seu planeta, transformando a sua população em uma raça imbatível, liderada por Thragg, estabelecendo o Império Viltrum e se voltando para a conquista de planetas. Após uma série de fatos históricos decisivos como guerras e o surgimento de uma doença, restaram apenas 37 viltrumitas no universo.
Essa raça poderosíssima, nascida de um tipo de eugenia espartana, são darwinistas sociais, psicopatas assassinos, completamente frios e utilitaristas. Mark Grayson, filho de Onmi-man com uma terráquea e protagonista da série, frente a história de toda essa caterva de assassinos psicopatas, não tem opção, salvo se sentir distante da sua raça, uma forma de culpa racial, se assim quiseram chamar, uma vergonha que ele quer esconder dos outros. 


Os saiyajins também eram uma raça de assassinos utilitaristas, mas Goku aprende a reformar essa parte má de sua raça e passa a sentir orgulho da sua raça saiyajin, tudo em um único arco (Frieza). Nada disso ocorre em Invencível.
Dragon Ball Z transmitia nas entrelinhas uma mensagem sobre os regimes autoritários fascistas, racismo, escravidão e os pecados de cada raça. A série de Akira Toriyama tinha nos saiyajins, um povo que se estabeleceu, dominando o planeta Vegeta, outrora chamado Plant, por meio de um genocídio, exterminando os tsufurujins, para em seguida serem escravizados pelo império intergaláctico de Frieza.


Embora pouco se fale canonicamente sobre essa raça, os tsufurujins eram claramente uma sociedade muito mais evoluída, dotada de cultura, conhecimentos e avanços científicos que os saiyajins sequer poderiam ainda imaginar. E toda a história desse povo desapareceu completamente pela ação dos seus opressores que, além de terem o dobro do seu tamanho, tinham força, poderes especiais e ainda poderiam se transformar em macacos gigantescos sob a luz da Lua Cheia. 
Na história da humanidade, estudando os povos originais, encontramos exemplos semelhantes de que uma raça que hoje é oprimida e escravizada pode ter sido a opressora e a dominadora no passado. Como os totonacas e os tlaxcaltecas (inimigos jurados dos astecas) que, firmando alianças, auxiliaram pelos conquistadores espanhóis de Hernán Cortés na batalha que resultou na derrota dos seus inimigos opressores, os astecas.


A batalha de Otumba, 7 de Julho de 1520.
A aliança tlaxcaltecas, totonacas e espanhóis derrubou o império asteca.

A transformação de Goku em Super Saiyajin não era apenas um recurso para ter mais poder, mas representava o seu desenvolvimento e a vingança da sua raça contra Frieza. Vencendo o tirano, o saiyajin foi capaz de absolver os pecados da sua raça e, caso morresse no final da história junto com Frieza, a mensagem teria sido ainda mais potente, com Gohan carregando o legado deixado pelo povo de seu pai.


E falando agora do "novo e melhorado" Broly, dizer que este é um ponto favorável a história é como dizer que comer lixo é melhor do comer rejeitos nucleares. 
Não é que o novo Broly tenha mais personalidade, apenas que agora é menos irritante e é simplesmente um outro arquétipo. O sujeito agora mal se comunica. É como um homem das cavernas e em nenhum momento se lhe estabelece uma personalidade como a garota verde com quem alguns gostam de "shippa-lo".


Frieza é outro personagem que não se beneficia de nada neste filme. 
Aqui ele é literalmente uma piada! 
Não resta nenhum aspecto intimidante sobre o personagem. 
Inclusive, se conseguir as Esferas do Dragão, agora tudo o que deseja é simplesmente ser... mais alto. 
Ha, ha... me acabo de rir. O tirano do universo que causou tanta morte e sofrimento, uma mistura de Napoleão Bonaparte com Adolf Hitler, um dos maiores pilares de Dragon Ball é agora uma diva vingativa.


Orochimaru de Boruto:
De vilão aterrorizante à pai dedicado.

Para mim, Boruto nada tem a ver com o Naruto original, mas é exagero comparar o atual Orochimaru ao atual Frieza. Os problemas com o personagem vem da série original, visto que, assim como Sasuke, ele jamais deveria ter sido perdoado dos seus crimes. Muitos parecem se esquecer que Orochimaru era basicamente um eugenista estilo Joseph Mengele (Shiro Ichi, para uma analogia mais exata). Ele segue solto na Aldeia da Folha, fazendo seus experimentos em paz, como sempre desejou e ajudando os heróis quando necessário. O seu único grande feito foi tornar-se um ícone não-binário.

Bem, em Dragon Ball Super: Broly, Goku e Vegeta fazem tudo e salvam o dia. 
Assim se resume o todo o filme: um retcon grosseiro e uma luta de Goku e Vegeta contra um bruto descerebrado. E o pior de tudo é, como já podemos imaginar, transformarão esse filme em episódios para a TV a fim de prolongarem a série o máximo que puderem.


Dragon Ball Super pode ser um insulto a inteligência, mas não é nada capaz de apagar o legado maravilhoso de Dragon Ball e Dragon Ball Z que, ainda com seus muitos erros argumentais, são alguns dos melhores animês/mangás shonen já produzidos. Os episódios das séries originais podem ser assistidos por todos sempre que quisermos. Sem a obra original de Akira Toriyama, muito provavelmente não teríamos outras séries produzidas por outros gigantes da arte da mangá. Teríamos Naruto, Yu Yu Hakusho, One Piece ou mesmo Sailor Moon sem Dragon Ball?

Contudo, Dragon Ball terminou na década de 1990. Sua mensagem já foi transmitida. Ao contrário da opinião de Torishima, a série trouxe muitos valores e ensinamentos positivos. E seu final foi muito satisfatório.
Diferente do que muito afirmam, o final de Dragon Ball Z para mim foi muito bom. Sua ideia para o final da jornada de Goku foi excelente, embora tenha sido mal executada. Mas estava tudo muito bom do que jeito que era: a aparição de Pan, com a sugestão de ser uma das sucessoras de Goku, e a reencarnação humana de Majin Buu. Não aconteceu nada nem antes, nem depois disso.


O final verdadeiro de Dragon Ball.
Obrigado por isto, Akira Toriyama.

Ou então talvez você queira usar do conceito do multiverso para encerrarmos de vez essa questão: endossemos o conceito do multiverso, como em Dragon Ball Super existem tantos universos, essa série não de fato seria o universo original de Dragon Ball, mas sim um universo paralelo no qual Goku é apenas um idiota sociopata que só pensa em lutar, Vegeta dança e é mais sangue bom do que seu rival e o Gohan perde uma luta contra o Kuririn...

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