Hoje estou inaugurando uma nova seção no meu blog. Nesta seção será escolhido, de tempos em tempos, um personagem marcante de qualquer tipo de mídia (seja ela desenho, animê, livro, filme) e será falado um pouco da importância dele para o dono deste blog e talvez também para quem porventura leia meus artigos.
Para começar bem esta nova seção, decidi escolher, ainda na euforia dos filmes Marvel, o personagem Loki Laufeyson, deus da trapaça e irmão adotivo de Thor, o deus do trovão.
Já comentei mais de uma vez que sou apaixonado por mitologia, e a religião viking é uma das mais fascinantes de todas. Ela serviu de base para muitas dessas incríveis histórias de RPG que todos nós bem conhecemos, onde existem mundos paralelos e portais mágicos que os conectam, bem como os antigos escandinavos imaginavam o universo.
Loki era uma verdadeira antítese de Deus! E o universo Marvel injetou no personagem uma vilania implacável, sendo que o seu respectivo papel na mitologia não era exatamente o de um vilão. Suas travessuras por vezes acabavam sendo úteis aos outros deuses nórdicos, mas ainda assim não era um ser digno de confiança, sendo ele o responsável pelo início do Ragnarok (o Armagedon viking).
Claro que Stan Lee e seus colaboradores tiveram liberdade poética na adaptação do personagem para os quadrinhos, mas a sua essência está toda lá.
Loki era um Gigante de gelo, seres que habitavam o mundo de Jothunheim, inimigos mortais dos Aesir (raça de deuses Asgardianos), mas ele era muito pequeno e frágil para ser um gigante (nasceu do tamanho de uma pessoa normal) e isso o fez ser rejeitado por seu pai, o rei Laufey.
Durante a guerra entre os deuses e os gigantes, Laufey foi morto pelo todo poderoso deus Odin, rei de Asgard, que acabou por adotar o pequeno Loki como o seu filho. O soberano asgardiano viu naquela criança um autêntico príncipe, digno da linhagem de seu inimigo rei dos gigantes de gelo, e adotá-la seria uma forma de honrar o seu legado.
Em Asgard, Loki foi criado junto do filho biológico de Odin, Thor. Ambos foram criados com as mesmas oportunidades, mas Loki era sempre rejeitado por conta dos seus ancestrais. E não era para menos, pois os Jothuns (os gigantes de gelo) eram, segundo os mitos, responsáveis por todo o mal que acontecia a Midgard, o mundo humano (sejam terremotos, tempestades, incêndios, se algo ruim acontecia, os antigos vikings atribuíam tais males aos gigantes, que odiavam a humanidade) e cabia aos Aesir enfrentá-los eternamente pelo bem do universo.
O que levou Loki para o caminho da maldade foi o desprezo e o ódio que eram direcionados contra ele, fora seu desejo patológico por vingança e poder. Ele sempre estava sozinho, não importava para onde o seu olhar se direcionava, em toda a dourada Asgard estava sempre só.
Loki é aquele caso curioso em que, quando paramos para analisar, nos perguntamos: Quem é o verdadeiro vilão da história?
Para os Jothuns, Loki seria um tipo de herói se fosse capaz de destruir os Aesir, recuperando a honra do seu povo e assim guiar Jothunheim, de forma quase messiânica, no caminho da prosperidade e do poder que alcançaria alturas nunca vistas em toda a história legada ao seu povo.
A mini série em quadrinhos "Loki" de Robert Rodi e Esad Ribic em 2004 e os episódios animados "Thor e Loki: irmãos de sangue" baseados nela contam muito bem isto. A solidão é um traço bem marcante de Loki. Ele fora desprezado por seu próprio pai e agora é menosprezado pelos asgardianos. O final desta história é impressionante. Loki, que finalmente derrotara o pai todo poderoso e tornara-se regente de toda Asgard, chega a se arrepender e volta atrás na decisão de executar o seu irmão Thor (afinal ele fora o único em toda a sua existência que o olhou com afeição e não apenas menosprezo ou repulsa) e até mesmo pensa em mudar, mas já era tarde demais para que ele pudesse voltar atrás. É impossível não sentir pena dele. Sendo Loki um deus imortal, para quem haveria de implorar por clemência? Profundo.
Ele pode ser o mal que deseja atormentar as almas de seus inimigos e vê-los sofrerem por toda a eternidade, mas é inevitável não encontrar características tão humanas neste vilão. E é até mesmo possível se identificar com algumas de suas muitas inquietações.
A conclusão da sua sina: Loki compreende que nunca importarão os crimes que cometam contra ele, pois sempre será visto como o vilão. Thor agora pensa mal dele porque foi criado a pensar assim e disto ele não pode culpá-lo, já que foi criado a pensar da mesma forma. E este é o seu eterno paradoxo, o deus da trapaça pode enganar a todos, menos a si mesmo.
Ele pode ser o mal que deseja atormentar as almas de seus inimigos e vê-los sofrerem por toda a eternidade, mas é inevitável não encontrar características tão humanas neste vilão. E é até mesmo possível se identificar com algumas de suas muitas inquietações.
A conclusão da sua sina: Loki compreende que nunca importarão os crimes que cometam contra ele, pois sempre será visto como o vilão. Thor agora pensa mal dele porque foi criado a pensar assim e disto ele não pode culpá-lo, já que foi criado a pensar da mesma forma. E este é o seu eterno paradoxo, o deus da trapaça pode enganar a todos, menos a si mesmo.
Loki é o meu personagem favorito dos quadrinhos, e o ator Tom Hiddleston fez um ótimo trabalho interpretando o vilão no cinema. Em "Thor, o mundo sombrio", as melhores cenas foram todas as do Loki. Se você já assistiu (spoiler) deve ter achado muito foda a última cena do longa, na qual o filho de Laufey engana todo mundo e usurpa o trono de Asgard. Eu queria um Loki bem feioso, como nos quadrinhos, e de voz mais cavernosa, como na animação que eu citei acima, mas isso foram apenas detalhes que podem até ser ignorados porque o ator é muito fera mesmo.
Já que os quadrinhos atuais tiraram de nós o deus trapaceiro que enganava todo mundo e que todos amávamos, devemos ser gratos ao cinema por terem devolvido o grande Loki Laufeyson para nós, os seus fãs.
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