quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

PERFIL: QUEM É M. BISON?


Um dos vilões mais emblemáticos dos jogos de luta e um dos personagens mais carismáticos da saga Street Fighter, cercado por mistérios sobre sua origem e seu passado. Seu nome verdadeiro (o nome pelo qual era conhecido em seu corpo original) é desconhecido, sua idade é indeterminada (sabemos apenas que nasceu em 17 de Abril) assim como o seu local de nascimento, embora ele esteja relacionado a Tailândia pela localização de seus cenários em Street Fighter II e Street Fighter Zero 3. 

Não há muito a dizer sobre o seu poder, o Psycho Power, e a capacidade de reencarnar, transferindo a sua alma para diferentes corpos. De acordo com o que o próprio disse no final de Ryu em Street Fighter Zero 3, M. Bison tem uma alma eterna e necessita ter o corpo do lutador japonês para desenvolver plenamente seus poderes.
Há uma pequena história que relata que o líder da Shadaloo está vivo desde o começo do século XX, e assim permanece mudando a sua alma de corpo conforme a necessidade.

"Eu já tive muitos nomes, muitos rostos... E todos eles sempre estiveram relacionados ao terror."


M. Bison - Street Fighter Zero 3



Mas quem é realmente M. Bison? O líder da organização criminosa Shadaloo, traficante de drogas e de armas a nível global, responsável por sequestros e experimentação em seres humanos, recrutamento de mercenários para realizar trabalhos sujos, como matar qualquer um que se oponha a ele, desde figuras políticas a oficiais de segurança, e o domínio de forças militares e governamentais através de acordos corruptos
O Psycho Power controla o poder das almas corruptas e se alimenta de sentimentos e emoções negativas, especialmente o ódio. Isto garante ao seu usuário grandes poderes sobrenaturais, como levitação, teletransporte, hipnose, e ainda o torna virtualmente indestrutível. Seu estilo de luta é o Lerdrit, um tipo de Muay Thai praticado por membros do Exército Real Tailandês.

Primeiramente vamos colocar uma lupa em sua concepção e tentar encontrar possíveis conexões com dois dos personagens que mais influenciaram o chefe final de Street Fighter II: Yasunori Kato de Teito Monogatari e Washizaki de Riki-Oh.


Yasunori Kato

Teito Monogatari, o romance best-seller de Hiroshi Aramata publicado nas páginas da Kadokawa Shoten em meados dos anos 80, foi adaptado por vários mangakás e as capas dos romances foram feitas por vários artistas, como Yoshitaka Amano, famoso por seu trabalho com a franquia de vídeo games Final Fantasy. Entre as suas adaptações para o cinema com atores reais estão: Tokyo: The Last Megalopolis, Tokyo: The Last War e Teito Monogatari Gaiden. E ainda existem quatro OVAs de excelente qualidade intitulados Doomed Megalopolis. Há duas adaptações feitas para mangás, uma por Kamui Fujiwara e outra Yosuke Takahashi. Considerado um cult, Teito Monogatari, tanto a animação quanto o live action, é um marco do j-horror.

Teito Monogatari mangá
 
Yasunori Kato é um onmyodo (uma espécie de feiticeiro) que infiltrou-se no Exército Imperial Japonês alcançando o posto de tenente. Seus planos são a destruição da cidade de Tóquio e a ressurreição do espírito de Taira Masakado, um ex-samurai que comandara uma rebelião contra o Tribunal de Justiça Imperial no ano de 939, conquistando a antiga província de Shimotsuke, onde tornou-se governante absoluto até que, um ano depois, foi derrotado e morto pelas tropas comandadas por Fujiwara Hidesato.


É um descendente do povo Ainu (assim como a personagem Nakoruru do game Samurai Shodown da SNK), as tribos nativas que habitavam as ilhas japonesas antes da chegada da Corte Yamato. Ele é uma encarnação de uma maldição contra o império japonês (o povo Yamato). Também é comumente referido como "Majin", devido as suas incríveis habilidades sobre-humanas e imortalidade.
Yasunori Kato é a imagem de um autêntico tenente do Exército Imperial Japonêschapéu com um pentagrama de ouro (visto em muitos outros exércitos), jaqueta com duas estrelas no pescoço (para indicar a sua patente), calças, botas e um par de luvas brancas, enfeitadas com a estrela de cinco pontas (o "Seiman", símbolo do grande onmyoji Seimei Abe).
 
Com seus poderes de onmyodo, possui a habilidade de voar, criar campos de energia, invocar espíritos ou Shikigamis, reconstruir seu corpo caso este seja destruído, tem uma elevadíssima resistência física, e além disso tudo, pode manipular livremente a mente das pessoas.

Kyusaku Shimada como Yasunori Kato em
Tokyo: The Last Megalopolis
 
Quanto as suas habilidades de luta, normalmente utiliza uma espada curta chamada Wakizashi. Na versão do personagem nos OVAs, na qual seus poderes são mais exagerados em todos os sentidos, temos a impressão de que ele é invencível, imortal e que não há nada capaz de detê-lo. É fisicamente alto, com a pele pálida como a de um vampiro clássico, longe da imagem banal dos vampiros da atualidade.

 
O que personagens como M. Bison de Street Fighter, Brocken Jr de Kinnikuman e Ame no Shilew de One Piece tem em comum certamente é uma influência direta do personagem Yasunori Kato.
Brocken Jr, o lutador alemão neonazista de Kinnikuman, foi um dos heróis mais populares da sua série. Ele lutava inicialmente para vingar a morte de seu pai Brockeman, assassinado pelo lutador chinês Ramenman, e teve a sua redenção ao esquecer a vingança para lutar junto dos outros heróis e campeões da Terra.
A Capcom pegou emprestado alguns dos movimentos especiais de Brocken Jr para a concepção dos movimentos de M. Bison, como os seus saltos e ataques aéreos.

Veja Brocken Jr em ação aqui.


Washizaki

Riki-Oh é um mangá dos anos 80, escrito por Masahiko Takajo e ilustrado por Tetsuya Saruwatari. Parece ter sido lançado num momento em que existia uma concorrência feroz entre autores e artistas sobre quem criaria a história mais sangrenta e feroz. Considerado um "Hokuto no Ken genérico", explora mais abertamente do que seu antecessor temas como o messianismo e as religiões judaica e cristã. Alcançando o número de 12 volumes, nunca foi lançado fora do Japão. Foram produzidas duas muito boas adaptações para OVAs (assista-os aqui) que cobrem até o volume 5 do mangá, eliminando muitas cenas, situações, personagens e a fidelidade com a história original.


 
Outra curiosidade é uma adaptação para o cinema de Hong Kong com atores reais intitulada The Story of Ricky, com notoriedade por suas cenas hilariantemente patéticas e sangrentas. The Story of Ricky é considerado o segundo filme mais sangrento da história perdendo apenas para Kill Bill de Quentim Tarantino, sobretudo em seu volume 2.


Washizaki, um dos antagonistas do mangá Riki-Oh, era um sargento que lutou na Guerra do Golfo. Seu pelotão de 119 homens foi atacado por gases venenosos, e as condições desfavoráveis do clima implacável do deserto somadas aos efeitos do gás, levou Washizaki a decidir matar todos os seus soldados para não sofrerem até a morte. Como uma recordação desta experiência, ele mantém um jardim com 119 rosas em sua mansão onde vive com sua filha Mai.

 
Após a Guerra do Golfo, ele dedicou sua vida para servir a um líder religioso para implementar o "Plano de Deus", governando uma província com extrema crueldade.
Nesta província há uma prisão de alta segurança onde os prisioneiros recebem tratamento desumano. Se alguém quer deixar a prisão, deve se registrar como um lutador para lutar no subterrâneo, onde acontecem lutas violentas entre os presos, e caso você obtenha 10 vitórias consecutivas receberá a sua liberdade, uma derrota significa a morte. Essas lutas são organizados e testemunhadas por Washizaki, e também movimentam muitas apostas entre os expectadores. Também foi visto no mangá que a mesma arena de combate é o palco onde os rebeldes são devorados por leões.


Washizaki vive em Central, uma área privilegiada onde poucos podem viver e escapar das condições miseráveis. A Central tem duas usinas nucleares com poder suficiente para explodir a Terra. Ele é um dos executores do "Plano de Deus", que é o genocídio da raça humana, crendo que esta foi vítima de uma doença que lhes trás apenas sofrimento. Matar a raça humana será a cura para evitar mais dor, e aqueles que foram eleitos no "Plano de Deus" farão uma viagem através do espaço, "purificando" a sua consciência, libertados do pecado e assim poderão retornar a Terra para repovoa-la.

Ele é um grande lutador em combate corpo a corpo, e usa uma katana antiga feita de um meteorito metálico. Sua espada de fato não é algo saído da ficção, os militares do Exército Imperial Japonês utilizavam uma katana Shin Gunto durante a Segunda Guerra Mundial. 
É muito rápido e forte, em sua primeira luta com Riki-Oh, o derrotou facilmente e cortou pela metade um ciborgue com um único golpe. Ele também tem uma grande resistência, como demonstrado em sua segunda luta com Riki-Oh, quando o enfrentou com um braço amputado e com ferimentos causados por Nachi (irmão de Riki-Oh), e mesmo quando recebe um golpe que o deixa com suas vísceras expostas, ainda tem força para se levantar e manter-se em combate.

 
 
Ele aparece no segundo OVA, Riki-Oh: Child of Destruction, com seu desenho quase inalterado. E devido a muitos detalhes que foram removidos do mangá, aqui ele é um vilão mais simples e típico. Sua filha Mai não é mencionada, e nada se sabe sobre seu passado é revelado. A sua importância e peso no OVA nem se comparam com o mangá.


Kato ou Washizaki? Quem foi o personagem que mais influenciou a Capcom? Na minha opinião, à princípio podemos sugerir que o candidato número 1 para ser considerado como uma forte influência foi Washizaki, superando por uma ampla margem Yasunori Kato. Mas primeiro analisaremos M. Bison.

As poucas páginas que dispomos do artbook Complete File Street Fighter II são importantes para iniciar a análise. Encontramos esboços de alguns personagens e um de M. Bison quase finalizado, com exceção de alguns detalhes que aparecem no jogo. De acordo com relatórios japoneses, o mesmo artbook indica que o nome do personagem seria Eagle Head (Cabeça de Águia), e na Monthly Gamest October Special Issue  dedicada a Street Fighter II, diz-se que o nome Washizaki também estava na lista. Washi em japonês significa "águia".
No animê Street Fighter II Victory da década de 90, M. Bison aparece um pouco diferente de sua concepção original, assim como os demais personagens da série.

Street Fighter II Victory
 
Em vez da tradicional farda vermelha, ele veste uma da cor azul (Vai ver foi selecionado com botão de chute), e mantém consigo uma espécie de totem na forma de uma cabeça de águia feita de prata, que deveria estar de alguma forma ligada aos seus poderes. M. Bison muitas vezes parece conversar com aquela relíquia a qual ele chama de "meu parceiro".

 
Esta ótima animação foi a responsável por apresentar M. Bison a muitas pessoas que não conheciam os jogos da Capcom, e ainda inseriu no imaginário do público o personagem como um dos vilões mais impressionantes de todos os animês ao lado de figuras como Freeza, Makoto Shishio, Shinobu Sensui, Toguro, Naraku e Saga de Gêmeos.
E quem já estava familiarizado com o M. Bison através dos jogos conheceu melhor a sua personalidade (violento, cruel, megalomaníaco, com um sutil toque de humor negro, e "o terror das novinhas"). O animê também o define como um paranormal com poderes incomensuráveis, e a ideia da cabeça de águia provavelmente veio do nome original dos esboços iniciais de M. Bison.

Finalmente o nome foi escolhido (desconsiderando a bagunça que os norte-americanos fizeram com os nomes dos personagens do jogo): Vega, o nome original de M. Bison no Japão, é também o nome da maior estrela da constelação de Libra e uma das mais brilhantes no céu. Foi a Estrela Polar mais de 10 mil anos atrás e será novamente em mais 10 mil anos. Junto com as estrelas Altair e Deneb forma o Triângulo de Verão que conecta as constelações de Libra, Águia e Cisne. A estrela Vega teve muito significado em algumas culturas e até mesmo na mitologia chinesa inspirando uma história de amor entre Vega e Altair. É uma das estrelas favoritas dos astrólogos, e revela mais segredos cada vez que os avanços tecnológicos possibilitam.

Veja mais sobre a estrela Vega aqui.

Outra menção do nome de Vega é sobre uma religião de origem persa, o Zoroastrismo, a reformação do Mazdeísmo por Zarathushtra, conhecido pelos gregos como Zoroastro, que pregava a transcendência divina e uma moral de ação fundada sobre a certeza do triunfo da justiça. Vega é uma das estrelas que identifica a divindade Vanant, cujo nome significa "conquistador", um nome que também cabe ao líder da Shadaloo.


Já é uma história mundialmente conhecida que revela o motivo da troca de nomes entre M. Bison, Vega e Balrog, e agora os nomes japoneses parecem fazer muito mais sentido.
M. Bison ou Mike Bison é originalmente o boxeador, batizado em homenagem ao lutador real Mike Tyson. As fisionomias de ambos são idênticas, e o boxeador de Street Fighter ainda possui algumas frases que referenciam Tyson como "Vou arrancar a sua orelha com os meus dentes" em Street Fighter Zero 3. Para evitar processos e encrencas com o Mordedor de orelhas, a Capcom dos EUA decidiu trocar os nomes de três dos quatro chefes do jogo.
O boxeador M. Bison virou Balrog, que é o nome original do lutador espanhol de máscara e garras, que nós conhecemos como Vega aqui no ocidente.
O nome Balrog saiu do livro O Senhor dos Anéis, e o lutador espanhol que canta como um tirolês no final das lutas foi assim batizado para destacar o seu grande poder e violência, como o monstro de mesmo nome do livro de J. R. R. Tolkien. Mas curiosamente o nome Vega caiu como uma luva para os ocidentais, porque de fato parece um nome tipicamente espanhol.
E por fim o chefão Vega tornou-se M. Bison, chamado por alguns de Mister, Master ou Major Bison (embora ele não seja uma major e sim um general), um nome que não faz nenhum sentido se melhor analisarmos.



Inicialmente o cap de M. Bison teve uma estrela dourada de cinco pontas, e, embora o seu cenário esteja na Tailândia, dando a entender que era um nativo daquele país, ele não tem uma nacionalidade especificada em qualquer uma de suas bios, assim nos resta apenas especulações. 
Vendo o cap vermelho com a estrela poderíamos relacioná-lo com a bandeira do Vietnã estabelecida em 1955. 

Versões posteriores do lendário SF II foram acompanhadas de uma ilustração estrelada por Ryu e M. Bison, que trocou o pentagrama do seu cap por um crânio alado com um S marcado em sua fronte, e também no cinto de seu uniforme. É óbvio que o S é a inicial de Shadaloo, mas a influência pode ter vindo da Schutzstaffel, os comandos de elite nazista, que tinha duas runas Sig como emblema ou SS. 


 
A runa Sig no logotipo simboliza a "vitória" e é apenas uma modificação da runa Sowilo equivalente à letra S. Quanto ao crânio alado vemos outra influência da Schutzstaffel, que usavam em seu cap a Totenkopf (termo alemão para "caveira") e mais acima a Reichsadler ou Águia Imperial, o símbolo da Alemanha. A Águia Imperial recebeu várias modificações em sua história e, obviamente, os nazistas não quiseram fazer menos. Ela continua fazendo parte do escudo da Alemanha, mas modificada e batizada de Bundesadler ou Águia Federal.

 
O país onde M. Bison mais foi visto é a Tailândia, tristemente lembrada como o local do nascimento do ópio, a droga que causou uma guerra entre a China e o Reino Unido, devido ao seu contrabando. Foi necessária uma segunda guerra entre estes mesmos países para por um fim ao drama. A Tailândia é parte do Triângulo de Ouro junto com Laos, Vietnã e Birmânia, região do sudoeste da Ásia famosa por sua enorme produção e contrabando de ópio, como o Crescente Dourado composto pelo Afeganistão, Paquistão e Irã. Uma óbvia localidade para a Shadaloo assentar-se como um dos principais traficantes de drogas. Em Street Fighter Zero 2, os cenários de M. Bison encontram-se no Brasil e na Venezuela, é provável que ele tenha contatos com os governos da América Latina.




Semelhanças com Washizaki:

Ambos são fisicamente muito semelhantes. Mesmo que você abstraia os trajes militares, as semelhanças entre Washizaki e M. Bison não são perdidas, ao contrário de Kato que tornar-se cada vez mais distante.
Washizaki governa sua própria província, organiza torneios mortais de luta e tem um enorme exército. O mesmo pode ser dito de M. Bison, que tem um exército de mercenários e organizou o segundo torneio Street Fighter. 

Seu exército não teve muitas aparições, visto apenas no filme Street Fighter II: The Movie Animated, no final de Charlie Nash em Street Fighter Zero 2, em seu cenário no mesmo jogo e no final de Evil Ryu em SSF IV.

Washizaki tem súditos que trabalham para ele, como os Cavaleiros Negros, Umibouzu, e ciborgues que foram usados ​​para trabalhar na usina nuclear até a sua rebelião. M. Bison também tem seus súditos: Balrog, Vega, Sagat, e as Dolls. Não considero os Seth's porque Street Fighter IV não deve ser considerado como canônico, mas sim como um Dream Match. Pelo mesmo motivo desconsideraria a Juri, mas como ela estará em Street Fighter V, já pode ser considerada canônica para a história da franquia. E agora no mesmo jogo ainda temos F.A.N.G., entrando no lugar de Sagat que deixou sua vida de crimes com a Shadaloo como visto em seu final em Street Fighter IV. Então concluímos que a história deste jogo apresenta partes oficiais e não-oficiais para o universo dos lutadores de rua.


Dolls
Washizaki tem usinas operadas por técnicos e cientistas que criaram os ciborgues, como o Robotomi 560SEL-MK II, a partir de corpos humanos para resistir a radiação e as altas temperaturas dos núcleos das usinas nucleares. M. Bison também tem a sua própria arma de destruição, o Psycho Drive, e ciborgues e clones modificados pela bio-engenharia. O único cientista conhecido da Shadaloo é Senoh, original de Street Fighter II: The Movie Animated, que estava no comando da lavagem cerebral de Ryu como mostrado no final de M. Bison em Street Fighter Zero 2.

                                          

Por motivos diferentes, ambos lutaram contra os protagonistas de suas histórias e não poderiam matá-los por considerá-los valiosos para seus objetivos: Washizaki considerava Riki-Oh como uma chave para o "Plano de Deus", e M. Bison em um primeiro momento desejava transformar Ryu em uma arma-viva, um soldado perfeito à serviço da Shadaloo, e mais a frente revela que precisava do corpo do lutador como um novo hospedeiro para a sua alma.

 
Washizaki morre ante o poder da versão demoníaca de Nachi, e a M. Bison acontece o mesmo com Akuma (Será?). Não é muito importante, mas eu queria destacar: Nachi e Akuma viriam a ser as antíteses de Riki-Oh e Ryu.
Quando Riki-Oh pergunta a Washizaki porque o mantém vivo, ele cita Hitler para explicar o "Plano de Deus". Apesar de não ter ficado muito clara a ideologia de Washizaki, seus superiores podem ser considerados seguidores da ideologia nazista, como Aneyama que foi parte do Terceiro Reich. Nunca encontramos pistas que pudessem indicar M. Bison como um nazista, mas sem dúvida que a Capcom buscou aqui alguma inspiração, como visto em alguns artbooks, e há ainda a influência de Brockeman e Brocken Jr, personagens declaradamente nazistas em Kinnikuman.



Semelhanças com Yasunori Kato:

Kato é diferente de Washizaki e M. Bison, agindo sozinho e buscando a destruição de Tóquio, e seus poderes estão bem distantes das reais habilidades de Washizaki e, num primeiro momento, de M. Bison. 
O seu design não é uma criação original, mas uma adaptação de algo já existente, vestindo-se como um membro sênior do Exército Imperial Japonês.
M. Bison foi definitivamente criado para emular o personagem Washizaki de Riki-Oh, mas a sua relação com o personagem Kato é ainda mais interessante e intrigante.

É possível observar que M. Bison passou por uma grande evolução com o passar dos anos.
Nos jogos clássicos da série Street Fighter II, faltavam-lhe alguns movimentos que o caracterizaram nos jogos mais atuais, como o seu teletransporte. Além disso, o personagem também não tinha a capacidade de voar.
Estes movimentos (o voo e o teleporte) foram acrescentados mais tarde nos jogos, inspirados nos movimentos que M. Bison apresentou na animação Street Fighter II: The Movie Animated. A partir deste fantástico filme animado, M. Bison foi aproximando-se cada vez mais de Kato (e distanciando-se um pouco de Washizaki), imitando muitos dos poderes que dele eram característicos.
Uma curiosidade adicional são os posteres praticamente idênticos de Doomed Megalopolis e Street Fighter II.


Como já dito, não se sabe a verdadeira origem nem o nome do corpo original de M. Bison. Então vamos tentar analisar algumas das especulações sobre o seu nascimento.
A primeira seria a Tailândia, ou algum outro país do Sudeste Asiático. Os trajes utilizados por Bison estão muito próximos aos utilizados pelos generais dos exércitos destes países, talvez ao menos o seu corpo atual pertença a esta etnia. Poderíamos sugerir que ele possa ter nascido em alguma das regiões que formavam a antiga Pérsia, ou ainda, no caso dele não ter nascido como um asiático, poderia ter sido Europeu, sendo proveniente da Alemanha, devido associações ao nazismo, da Suíça, e ainda da Itália.

M. Bison, assim como Akuma, é mestre de uma versão corrompida de uma arte marcial. Do mesmo modo que Akuma domina o Satsui no Hadou, M. Bison domina o Psycho Power versão corrompida do Soul Power.
Conta-se que há muito tempo, M. Bison foi treinado na arte do Soul Power por seu mestre junto de outros dois discípulos. Uma guerra, porém, afetou o lar do mestre e seus pupilos, e M. Bison alistou-se no exército com a intenção de manipular aquele conflito. Ele assassinou o seu mestre e roubou os segredos da arte do Psycho Power, conhecidos apenas pelo ancião.

 
Com o Psycho Power, M. Bison tornou-se incrivelmente poderoso, e seu poder poderia crescer exponencialmente absorvendo emoções negativas como o ódio, isto pode ter alguma relação com os assassinatos do pai de Chun-Li e do amigo de Guile, Charlie Nash.
O conflito e o ódio de todas as pessoas que M. Bison prejudicou o tornam ainda mais poderoso. Mas para usar plenamente este poder, M. Bison precisou dividir a sua alma com a cigana italiana Rose, que aprendeu com o líder da Shadaloo o Soul Power e tornou-se uma de suas maiores opositoras.
Curioso associar (ainda que indiretamente) Bison a Rose, pertencente a um dos povos com uma das origens mais misteriosas, assim como Kato é relacionado aos ainus, outro dos povos cujas origens ainda são muito discutidas.

                                         


O Soul Power pode ter sido inspirado no Hamon de Jojo's Bizarre Adventure, e Rose é idêntica a personagem Lisa Lisa do mesmo mangá, utilizando inclusive um cachecol como arma.
Rose é de fato uma sábia vidente que não é tão sábia assim, uma vez que desconhecia a sua própria origem. Mas é ela quem tenta a todo custo guiar para o caminho do bem a Ryu, que é constantemente tentado por Akuma a entregar-se ao Satsui no Hadou.


"Abrace o caminho da luz ou serás devorado pela escuridão..."


Rose - Street Fighter Zero 3

Além das suas origens desconhecidas e com a evolução de seus poderes, M. Bison finalmente revela o seu último trunfo que herdou também de Yasunori Kato: a habilidade de transferir a sua alma para outros corpos, garantindo-lhe imortalidade.
M. Bison vê o Satsui no Hadou como a forma definitiva do Psycho Power, o que tornou Ryu o hospedeiro perfeito para a sua alma.

Crossover Sonic e Megaman 
Assim como Kato, que em Doomed Megalopolis escapa da morte possuindo o corpo de uma enfermeira no hospital, o corpo de Rose é possuído pelo espírito de M. Bison no final de Street Figther Zero 3 quando estamos jogando com a italiana.


M. Bison é um grande personagem, líder cruel e implacável vilão que construiu um império terrorista global. Seu Psycho Power alimenta o ódio de um mundo caído que apenas se esforça para construir a sua baixeza, e a única coisa que ele faz é tirar proveito desta situação. Como as sociedades continuam a cultivar o ódio, o militar de farda vermelha como o sangue permanecerá vivo. Ele nunca morrerá, continuando com o seu ciclo de morte e ressurreição. Ele revive de geração em geração, ainda mais insano e destrutivo. É um processo cumulativo.

Final de M. Bison - SSF II
Voltando as simbologias, M. Bison é um espírito transcendental, representando uma onda revolucionária que sempre retorna ainda mais violenta do que a anterior.
Até então, M. Bison continua com seus sonhos de conquistar o mundo e subjugar a raça humana, aquela que continua a lhe dar poder.

18 comentários:

  1. Excelente artigo.
    Uma análise muito bem detalhada e escrita, obrigado Dr. pelo grande trabalho.

    Só uma pergunta, você frequentava o Cine Metrópolis da UFES, na época que Roger Labuto fazia exibições de animes no sábado?
    Se sim fica + uma dica de matéria.

    Valeu.

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    1. Por incrível que pareça a resposta é SIM.
      Vou pensar mais sobre o assunto.

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    2. Que beleza mano.
      Foi nessa época que conheci grandes animes, bons tempos aqueles. Gostava muito das traduções do Roger. Nunca mais ouvir falar dele.

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  2. Good overview. You forgot to mention that Rose's ending in STREET FIGHTER ALPHA 2 is very similar to Kato's exit in TOKYO: THE LAST MEGALOPOLIS. Remember the fortune teller looking at the tarot card foreshadowing Kato's return before you see Kato himself in the background?

    I still think Capcom looked at Washizaki for inspiration first since that makes the most sense for a game about martial artists. However the ingenuity of M. Bison is that he combines the fearsome aspects of both characters: the martial artist and the sorcerer together into a unique character.

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  3. By the way...Katos whole "body possession" technique doesn't really get going in the film versions until the second movie TOKYO: THE LAST WAR. The film literally opens with him reanimating the body of a dead Imperial officer to use as a host throughout the movie. I would show you the scene, however the film was recently rereleased on Blu Ray in Japan again so copyright hunters have been preventing it appearing on the internet. Still, here's the theatrical trailer. Lots of possession and revivals going around in here:
    https://m.youtube.com/watch?list=PLvkAM5fSGMyBWDpNug9a0fnH99q_8SI3W&v=nQpTkAo_6dM

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  4. Cara,sou amante da franquia Street Fighter,sou jogador do Ranking-br de street fighter II' e tudo que se relaciona a sf me encanta.Seu post foi o mais completo que encontrei sobre Bison (prefiro os nomes dos EUA) parabéns,ja compartilhei no nosso grupo esse seu post.Ótimo trabalho.

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  5. Bela análise sobre Bison,sou fã do Bison!

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  6. Muito bom o post.
    Completo. Tudo se encaixa. Obrigado pela leitura.

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  7. Ótimo post, pena só ter visto em 2020.

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  8. Como não encontrei isto antes????

    Parabéns pelo seu artigo, deixou uma fã que pesquisa e escreve sobre o jogo, que chegou até a trabalhar no Essencial Street Fighter, com os olhinhos brilhando!!!

    Simplesmente FANTÁSTICO!!!

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  9. Só faria uma observação:

    O estilo de luta citado é do RPG, porém alguns fãs consideram que seja a base do seu estilo.

    Oficialmente, Vega/Bison tem como estilo de luta o Psycho Power.

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  10. Muito interessante. Sei a respeito do fato de que o Bison foi inspirado no Kato e no Washizaki já faz alguns anos. E tenho uma forte suspeita de que o enredo da saga Baby de Dragon Ball GT foi claramente inspirado no Teito Monogatari. Que apresenta a vingança dos tsufurujins contra os saiyajins depois de muitos anos (vingança essa que eu, particularmente, acho ainda mais interessante que a vingança do Red Ribbon vista na saga Cell, por se tratar de algo que remonta à história profunda dos saiyajins), e alguns dos poderes do próprio Baby são bem parecidos com os do Kato, como o da possessão corporal e controle de mentes por meio de uma larva. Entre outras referências.

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  11. Pra mim parece oque vemos no dia presente guerra tráfico roubos parece ser real isso conta a história do poder comando dinheiro drogas enfim um personagem que traz características reais do mundo em que vivemos

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  12. Belo trabalho! Parabéns, obrigado por compartilhar.

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  13. Sobre o nome do tirano fardado, acho que Bison faz sim sentido para ele. Bison vem de bisão, um bovídeo de grande porte que um dia foi o senhor das florestas euroasiáticas e das planícies norte-americanas. Em tempos antigos, milhares, quiçá milhões deles, vagavam pelas florestas da Europa e do norte da Ásia. Na virada do século XVIII para o XIX, dezenas de milhões deles vagavam pelas planícies norte-americanas. Mas com o tempo o bisão foi sendo exterminado dos locais em que vivia até a quase extinção, tanto na Eurásia quanto na América do Norte. Dai podemos ligar isso com o simbolismo em torno da estrela Vega um dia foi a estrela Polar.

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