Sempre que o fim de ano vem chegando, eu digo o quão especial esta época é para mim.
O sentimento de dar adeus ao velho e a certeza de que um ano novinho em folha vem aí, sem falar dos muitos desafios e experiências novas que aguardam por todos nós.
E, é claro, tem também o Natal, época tão querida da qual guardo as minhas melhores recordações. E felizmente eu tenho boas recordações.
Todo o programa que planejo durante esta época sempre trás aquele ar de nostalgia.
Nada melhor do que o novo convivendo com o clássico. Isso sim é cultura.
A Garnet tá demais nesse vídeo acima. Ela é a melhor dos Jewelpets.
Ah, Garnet. Ah, anos 80.
Ah, Garnet. Ah, anos 80.
Eu curto a Garnet. O que foi? Vai encarar?
Bem, mas eu escolhi fazer um Especial de Natal diferente.
Aqui eu decidi analisar dois "episódios natalinos" de duas animações, uma ocidental e uma oriental, que fogem um pouco do padrão dos demais especiais da época. E aqui vocês perceberão o poder da suposta "magia do Natal" que pode contagiar as mais diferentes culturas.
My Little Pony: Friendship is Magic veio para conquistar o mundo inteiro. Cerca de dois anos atrás, a turma da musa nerd Twilight Sparkle apresentou, no décimo primeiro episódio da segunda temporada desta animação, as suas tradicionais celebrações natalinas ou, como diriam os pôneis, "Hearth’s Warming Eve", que também é o título deste episódio, um trocadilho entre Hearth (lareira) e Heart (coração).
Este é um grande exemplo de um tipo incomum de episódio de Natal. Como Equestria não tem relação com a Terra, o seu festival do solstício é um pouco diferente. É um feriado em homenagem à fundação da sua terra e a amizade entre os diferentes subtipos de pôneis. É claramente um feriado de Natal, completo com guirlandas, fitas, sinos e uma história de muito tempo atrás.
Para quem sempre acompanhou esta série, já ficou muito claro que os pôneis tem seus próprios feriados de Halloween e Natal, embora não tenham as mesmas origens que os nossos. Claro, afinal eles vivem em um mundo de cultura diferente, mesmo com significados similares.
Pense em algo como Star Wars Holiday Special (na verdade, não pense muito sobre isso) ou ainda o episódio de Natal de Xena: A princesa guerreira. É mais ou menos por aí.
Na trama principal deste episódio, as personagens estão estrelando, em um concurso de férias em Canterlot, uma peça que dramatiza a história da fundação de Equestria. A maior parte do episódio é essa história-dentro-da-história, dramatizando a lenda dos líderes originais dos clãs Unicórnio, Pegasus e Terrestres, o que por sinal é bem legal.
Aparentemente, antes da existência de Equestria e da chegada de Celestia (e Luna), pôneis de diferentes tipos não se davam bem. Os unicórnios eram responsáveis por controlar o dia e a noite, os pegasus controlavam o tempo, e os pôneis terrestres trabalhavam nas terras e forneciam alimentos como tributos aos outros dois clãs, como faziam os camponeses à realeza.
As coisas funcionaram bem do jeito que estavam por muitas gerações, até que uma nevasca interminável caiu sobre a terra e reduziu drasticamente a oferta de alimentos. E com isto os três clãs reagiram da maneira tradicional, culpando um ao outro.
Assim esta história fala sobre como as diferenças entre os clãs quase destruíram Equestria antes mesmo do seu início, mas depois a amizade salva o dia. O calor de sua amizade que nasce quando as personagens, em meio as suas dificuldades, finalmente decidem aceitar as suas diferenças e que, acima de tudo, todas são pôneis. Isto afasta os Windigos, criaturas malignas do gelo que se alimentam de ódio e que chegaram perto de concluírem com a morte de todos os pôneis em um inverno sem fim.
Esse tipo de amor nesta história sobre "amizade" é um clássico dos especiais desta época de festas. Aqui também temos a chegada do inverno e ligação das pessoas com a saúde da terra. É realmente um especial de solstício.
No pequeno subenredo, vemos Fluttershy, cativante como sempre, com medo do palco, e todas as personagens exagerando nas suas personalidades normais já marcantes para os seus papéis no concurso, resultando em cenas absurdas e também engraçadas.
O episódio termina com o acendimento de uma lareira tradicional, acompanhado por "coros natalinos". A canção é bonita, mesmo não sendo uma das melhores músicas de MLP:FiM, na minha opinião.
No fim, a mensagem que este episódio nos passa é bem clara. Afinal, qual é o sentido do Natal se não o compartilhar, o doar e receber, do mesmo modo que mostra a fábula sobre a Chama da Amizade? Mais do que presentes, é a data que nos lembra da importância de repartir a compreensão e a boa vontade.
Um dos detalhes mais apaixonantes em MLP: FiM é como o mundo das pôneis e o nosso se correlacionam e ainda sem cair em típicos clichês.
Os sentimentos mais valorizados tanto no mundo dos pôneis quanto no nosso nos fazem recordar do principal lema do fandom brony: “Amor e Tolerância.”
Eu gostei deste episódio, é bonito, ainda que não seja um dos melhores da série. Mas isso é porque o desenho é mesmo incrível. É um pouco de diversão de meia hora e um divertido mimo de férias.
Agora vou falar sobre um episódio com uma temática natalina em um animê. Embora a questão do Natal não tenha sido o principal elemento da trama, ele trás uma interessante reflexão.
E aqui também analisamos uma obra mais voltada para a realidade que é o animê Ghost Hunt. Bem, quando falo de realidade estou dizendo isso fazendo uma comparação direta com o desenho dos pôneis multicoloridos que analisei anteriormente.
Afinal, Ghost Hunt é pura ficção com jovens que caçam fenômenos paranormais e fantasmas. Mas nenhuma comparação entre eles e "aquelas crianças enxeridas e aquele cachorro" de Hanna-Barbera, ok.
O "realismo" de Ghost Hunt é exclusivamente pelo fato de sua história se passar em um mundo exatamente como o nosso.
O Natal em Ghost Hunt começa como provavelmente se inicia o Natal para muitas pessoas: pendurando enfeites em uma bela árvore e vagamente se perguntando por que eles estão comemorando o feriado em primeiro lugar.
A cena começa com Mai colocando uma árvore de Natal no Centro de Pesquisa Psíquica de Shibuya quando Naru, o chefe daquele instituto entra, olhando fixamente para ela, e lhe pede que a desmonte, porque ele não poderia ter algo tão colorido e alegre como uma árvore de Natal em sua presença.
A psíquica Masako entra em cena e simplesmente ama aquela árvore. Então Houshou, um monge Budista, e Ayako, uma Miko, isto é, uma sacerdotisa Xintoísta, seguem o grupo e eles também curtem muito toda aquela decoração e, por fim, o mal humorado Naru decide não brigar mais com eles, mas permanece com um típico olhar aborrecido.
Então Houshou e Ayako começam a se perguntarem:
Ayoko: "Você é um monge, e você comemora o Natal?"
Houshou: "E você? Você é uma sacerdotisa, certo? "
Antes de continuar com a análise, quero falar que gosto bastante do estilo e personalidades dos protagonistas de Ghost Hunt, que são únicas, e isto tornou este animê uma das maiores surpresas que eu tive o prazer de assistir. Ainda mais que sou muito fã de histórias de terror e suspense.
Houshou Takigawa é o monge Budista mais cabeludo de que tem notícia. E ele foge de todos os estereótipos, sendo um cara bem divertido, que gosta de contar piadas e provocar as garotas, e ainda toca baixo muito bem.
Ayako Matsuzaki é a figura materna do grupo de protagonistas. Assim como minha amada Rei Hino de Sailor Moon, é uma miko, mas devido ao fato de ser a mulher mais velha da turma e os seus modos, que fazem muitos duvidarem de que ela realmente seja uma donzela, acaba sendo o principal alvo das piadinhas de Houshou, que normalmente apanha depois.
John Brown é um padre Católico australiano dono do sotaque mais bizarro de todos os tempos. É o bom moço do grupo e também o mais compreensivo.
Ainda temos Masako Hara, a médium/psíquica famosa na TV, que pode ver espíritos e descobrir a sua natureza. É a típica japonesa belíssima, mas que pode parecer um tanto assustadora as vezes.
Mai Taniyama é a personagem principal, uma menina otimista, animada e esforçada, responsável pela maior parte dos momentos cômicos da série. É o típico exemplo de protagonista fácil de se gostar e ela divide o estrelato na série como Kazuya Shibuya, apelidado por ela mesma de Naru (que vem da palavra em inglês para narcisista). Ele é o líder do Instituto de Pesquisas Psiquicas Shibuya, inteligente, mas arrogante à primeira vista. Mesmo assim, bem lá no fundo é um cara legal. Ele é um investigador muito competente e muita vezes é aquele que tira os companheiros de enrascadas.
Não podemos nos esquecer também de Koujo Lin, assistente principal de Kazuya e também o seu guardião. Ele tem um pequeno papel de destaque neste especial.
Legal é ver como os membros do instituto são tão diferentes, seja na personalidade, no sendo de humor, ou na forma como enxergam o mundo, e se dão tão bem, quase como se fossem membros de uma mesma adorável família. É, parece que depois de falar de MLP:FiM, ainda sou obrigado a falar de amizade, tolerância e amor. Será que isso vai abalar a minha fama de mau?
Não podemos nos esquecer também de Koujo Lin, assistente principal de Kazuya e também o seu guardião. Ele tem um pequeno papel de destaque neste especial.
Legal é ver como os membros do instituto são tão diferentes, seja na personalidade, no sendo de humor, ou na forma como enxergam o mundo, e se dão tão bem, quase como se fossem membros de uma mesma adorável família. É, parece que depois de falar de MLP:FiM, ainda sou obrigado a falar de amizade, tolerância e amor. Será que isso vai abalar a minha fama de mau?
Mas vamos voltar ao assunto dos episódios natalinos.
Depois daquele momento de descontração com as decorações de Natal, o padre John Brown chega e diz aos seus companheiros que agora eles têm um caso para resolver em uma igreja, e todo mundo fica muito animado, porque afinal Natal definitivamente precisa envolver de alguma forma uma igreja, mas ninguém está realmente certo do porquê.
E o que se seguiu aqui é provavelmente o único especial de Natal que eu já vi envolvendo coisas como possessões e exorcismos. Também há uma história muito triste, mas emocionante sobre um órfão que congelou até a morte e brincava de esconde-esconde como um fantasma até que alguém encontrou o seu corpo.
A segunda parte desta história termina com a turma toda indo para uma festa de Natal, porque em momentos como este você precisa ter uma festa de Natal, certo?
Ah. Ele está aqui! |
Este especial de Ghost Hunt nos faz pensar sobre as muitas razões pelas quais as pessoas celebram o Natal, Cristãos e não-Cristãos.
Para muitos, o Natal é sobre a família. Trata-se de ver a família, comer com a família, e dirigir centenas de quilômetros para estar com a família. Para alguns, trata-se de decorações, presentes e "batalhas em um shopping center". Para outros, é sobre solidão e uma lembrança de algo que perdeu ou nunca teve, em primeiro lugar.
Para mim, o significado do Natal mudou ao longo dos anos. Quando eu era pequeno, o Natal era em tudo extremamente especial. Foi um momento especial em que todas aquelas decorações tinham um significado especial. Tinhamos visitas especiais, comidas especiais, viagens especiais, um serviço especial que minha mãe fazia com a igreja e as Irmãs de Caridade para a comunidade carente. Tudo era especial... e depois ainda havia os presentes.
Quando fiquei mais velho, o Natal era sobre ter uma pausa e fazer as coisas com a família. Eu não tinha que ir a escola e eu passava esse tempo com minha família e tínhamos muitas visitas. E então... vinham os presentes.
Depois que eu passei dos meus 18 anos, o significado provavelmente teve uma mudança ainda mais radical. Para os Cristãos, o Natal é usado para comemorar o nascimento de Cristo.
Para mim, quando você comemora o aniversário de alguém, como um amigo ou parente, você está dizendo para a pessoa: "Eu estou feliz por você nascer e eu aprecio a sua existência".
Minha mãe sempre teve orgulho das suas origens humildes e ama a sua fé Católica. Ela é solidária e detentora de uma fé inabalável (coisa que sempre me impressionou), e a figura de Cristo sempre foi muito importante para a sua vida. Após a doença de meu pai, nós ficamos ainda mais próximos e passei a compreender melhor o que ela realmente sentia em suas crenças. Sou um cético e isso não escondo, mas ainda assim não sou nenhum cego ou insensível, caso fosse poderia me considerar morto por dentro.
E... é claro... ainda tem os presentes...
Engraçado, mas esta nostálgica e bela melodia sempre me faz recordar desta época de Natal...
Bom, ficamos por aqui, mas logo eu já volto com mais especiais de Fim de Ano.
Até logo!
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