domingo, 16 de novembro de 2014

ANIVERSÁRIO 20 ANOS KOF/PERFIL: IORI YAGAMI

 
Neste ano foram celebrados os 20 anos de existência de uma super popular franquia de vídeo games iniciada em 1994 pela (hoje falida) SNK.
The King of Fighters 94 foi sem sombra de dúvidas um jogo revolucionário! O já consagrado estilo "Fighting Game" recebeu uma nova roupagem e foi muito bem recebido pelo público. Mantido o antigo esquema do tipo de game, apenas combates, nada de fases, mas agora com uma nova definição. O jogador fazia as partidas com um time de três personagens, enquanto um lutava, os outros dois assistiam a luta, e os combates prosseguiam até ser definido o time vencedor, que seria aquele cujo último lutador permanecesse vivo terminada a partida.
Muito inovador e ainda por cima foi na forma de um crossover, juntando personagens de outras franquias da SNK, como Fatal Fury, Art of Fighting, Psycho Soldiers e Ikari Warriors, além de vários personagens inéditos feitos exclusivamente para este jogo.
É certo que já aconteceram outros crossovers antes de "KOF", mas nenhum até então havia sido tão bem sucedido e unido personagens de tantas franquias de uma forma tão harmoniosa.
 
E agora, o Blog sentindo-se na necessidade de comemorar o aniversário da franquia e, claro, aproveitando que o ano de 2014 ainda não acabou, dedica uma postagem em homenagem ao personagem mais popular de toda esta série de games, Iori Yagami.
 
O deus do mar e das tempestades Susano'o encontra Yamata no Orochi
 
Antes de falarmos sobre o astro Iori Yagami, vamos nos situar no contexto mitológico utilizado na criação da história dos personagens e do jogo. E como eu amo mitologia, isto não poderia ficar de fora.
 
Kusanagi (Kusanagi no Tsurugi) é o nome de uma espada lendária da mitologia japonesa, que segundo a lenda, foi retirada de dentro de uma das caudas de Yamata no Orochi depois que ele foi morto pelo deus Susano'o (muita gente só deve ter ouvido falar deles por causa do Naruto).
Yamata no Orochi era uma serpente-dragão mitológica japonesa que possuía oito cabeças e oito caudas e conta-se que seu corpo era tão imenso que poderia alcançar oito vales e oito colinas.
Esta espada Kusanagi é considerada hoje um dos três tesouros sagrados do Japão, juntamente com a Joia Santa Yasakani no Magatama, e o Espelho Santo Yata no Kagami.
Para o jogo foi adaptada a história e cada um destes tesouros é guardado por um clã, sendo a missão deles usá-los para selar o Orochi sempre que ele estiver quebrando o seu selo para se libertar.
 
Orochi aqui é retratado como uma força celestial, inclusive apelidado de "O amado de Gaea". Sendo ele uma entidade, uma força oculta da própria natureza, começou a se aborrecer com a humanidade, que crescia maltratando a sua mãe Gaea e destruindo uns aos outros. Assim Orochi chegou a seguinte conclusão: era necessário destruir a raça humana por completo para recomeçar a evolução a partir do zero e instaurar uma utopia na Terra.
 
A origem da rivalidade entre os clãs Kusanagi e Yasakani (Yagami) surgiu quando há 660 anos atrás, um membro do Hakkesshu (clã que detém o poder de Orochi), com o intuito de acabar com a união dos clãs, matou a esposa do líder do clã Yasakani, e conseguiu convence-lo de que foram os Kusanagi.
 
                              
 
Desejoso por vingança, mas certo de que os Kusanagi eram superiores em força, Yasakani decide por fazer um pacto com Orochi. Desde então o nome do clã foi mudado para Yagami e o poder das suas chamas se tornaram púrpuras, e todos seus descendentes foram amaldiçoados. Esta não fora uma missão muito complicada para os Hakkesshu, já que os Yasakani sempre tiveram sede de poder e cobiçavam a força de Orochi. Esta história é contada por completo em "KOF'96 Collection", mas infelizmente encontra-se apenas japonês (como visto no vídeo acima).
 
Iori Yagami faz a sua estreia em KOF 95. Ele foi criado para ser um rival do herói da série e também líder do Japan Time (o Time do Japão), Kyo Kusanagi. Mas aqui temos o caso não raro em que o rival superou o herói, tornando-se o personagem mais popular e querido da série.
 
Em sua estreia, Iori Yagami está representando o Time dos EUA, cujos antigos membros aparentemente foram derrotados e desapareceram misteriosamente. Como esta história aconteceu e qual foi o verdadeiro destino da antiga equipe, também conhecida como Time dos Esportes, nós provavelmente nunca saberemos. Mas podemos ter certeza que o despache ou a possível morte deles (afinal, os outros jogos em que eles apareceram não são canônicos) tiveram relação com Iori e seus parceiros de time.
 
Aqui aproveito para dar um destaque aos primeiros colegas de equipe do Yagami: Billy Kane do jogo Fatal Fury, braço direito do mafioso Geese Howard, que o enviara ao torneio para investigar o seu ex-sócio Rugal Bernstein, e Eiji Kisaragi do jogo Art of Fighting, o ninja que odeia o clã Sakazaki.
 
Rugal, o chefão dos dois primeiros jogos da série KOF, as edições 94 e 95, aliás um personagem que você certamente xingou muito por fazê-lo perder todas as suas fichas no fliperama, era um traficante de armas que organizava estes torneios de artes marciais do submundo e tinha uma grande sede por poder. Depois de ser dado como morto em 94, ele reaparece em 95, reconstruído com implantes cibernéticos e agora dotado de um novo poder, uma força cujo nome sequer é mencionado, mas que sabemos estar diretamente relacionada a Iori Yagami.
 
Iori é um personagem forte em vários aspectos: o design, a personalidade, a popularidade.
O seu design de fato é bem original. E é interessante pensar em originalidade quando discutimos sobre games, quadrinhos ou mangás. Algo original sempre acaba inspirando o surgimento de outras boas ideias que inspiram consequentemente ideias ainda mais novas.
 
Tipo, podemos dizer que o Duende Verde, vilão do Homem Aranha, foi inspirado no arqui-inimigo do Batman, o Coringa, com a mesma temática de comédia macabra, enquanto o Príncipe Palhaço do Crime foi claramente inspirado na fisionomia de Gwynplaine, personagem de Conrad Veidt, no filme da era do cinema mudo O Homem que Ri. Também posso dizer que Vega, o ninja espanhol de Street Fighter, teve um pouco do seu design e história (passado sofrido com pai abusivo) baseado em Dio Brando, vilão mais influente e marcante do animê/mangá Jojo's Bizarre Adventure, que por sua vez teve inspiração em Shin, rival de Kenshiro em Hokuto no Ken.
 
O desing de Iori tem muito de  Glam rock dos anos 80 e J-Rock, o que pode lhe conferir um ar um tanto extravagante, mas que é compensado por uma tremenda violência em seus golpes e a sua dublagem que é extremamente agressiva.
 
                           
 
Um outro detalhe foda na sua dublagem é a sua gargalhada impiedosa e aterrorizante que ele disparava vez ou outra quando vence o seu adversário.
Lembro-me da primeira vez em que vi essa cena. Ela despertou as mais distintas reações naqueles que a presenciaram. E eu também me recordo que fiquei imaginando o quão desagradável poderia ser perder uma luta para ele e a seguir escutar essa risada doentia.
 
E tudo isso em um único personagem, completado por uma trilha sonora arrasadora de puro jazz fusion, um saxofone matador e um groovy muito marcante.
Ele é além de tudo um rockstar, nem liga pros oponentes e companheiros de time, permanecendo de costas enquanto os outros lutam.

Voltando agora a sua saga. Eu considero a aparição dele em KOF 95 como a sua melhor fase.
Iori era mais vilanesco, usou de seus colegas de equipe para conseguir o que queria, e se ele peitou Billy Kane, podemos dizer que peitou indiretamente Geese Howard, o que significa que ele não tem nem um pouco de medo do poder deste grande vilão.
E Iori também demonstrou um grande desdém para com o derrotado Rugal, que morreu ao tentar dominar uma força que o rival de Kyo declarava ser o único capaz de dominar, e ainda deu uma surra em seus companheiros de time por agora não servirem mais aos seus propósitos.

                                

É durante os eventos de KOF 96 que ficamos sabendo melhor sobre o passado de Iori Yagami.
Todos os membros do seu clã são amaldiçoados pelo sangue de Orochi e por isso condenados a terem uma vida muito curta, e eles também são conhecidos por entrarem em um estado de loucura onde são possuídos por uma força aterrorizante e por uma assustadora sede por sangue e mortes, estado este conhecido como Fúria de Sangue.
 
Iori é um homem muito sofrido e aos poucos vamos nos dando conta disso. Além é claro da sua rivalidade com o Kyo, nós percebemos que ambos nunca se importaram com as desavenças entre seus clãs, as únicas coisas importantes para eles eram as lutas e o desejo de superarem seus rivais.
Toda esta história é também melhor esclarecida com a aparição da membro do clã Yata, Chizuru Kagura, que organizou este torneio de 1996 para encontrar aquelas pessoas que poderiam auxiliá-la na missão de selar Orochi novamente.
 
Impossível não considerar a sina de Iori Yagami envolvente. Condenado a uma vida curta e ainda a uma completa solidão. Quando é transformado pela Fúria de Sangue é capaz de coisas que nem mesmo ele poderia imaginar fazer, como visto em seu final em KOF 96, quando aparentemente mata as suas duas colegas de equipe Mature e Vice, ex-secretárias de Rugal e também membros do clã Hakkeshu, enviadas pelo seu superior Goenitz para vigiar o antigo vilão.

                             

Goenitz também era um vilão interessante. Ele se vestia como um clérigo e costumava carregar uma Bíblia, mas secretamente desejava a vontade de Gaea do seu senhor Orochi. Foi ele quem arrancou o olho direito de Rugal e lhe entregou um pouco do poder de Orochi. Na verdade, Goenitz fez isto para realizar um tipo de experiência, ele queria testar Rugal para comprovar se este poderia ser um bom hospedeiro para que Orochi pudesse renascer na Terra.

 
Como já foi dito, Iori Yagami é um homem de muitos sofrimentos. O último de uma linhagem, que no fundo desejava apenas encontrar a sua redenção. E é em KOF 97, para muitos o melhor jogo de toda a série, que ele finalmente pode encontra-la.
 
É aqui que a história chega ao seu momento de maior tensão com o aparecimento dos últimos membros do clã dos Hakkeshu, Yashiro, Shermie e Cris, sendo que este último acaba por tornar-se o hospedeiro de Orochi. Surge também Yamazaki, vilão dos jogos de Fatal Fury e que descobrimos ser também um Hakkeshu, mas ele não liga nem um pouco para Orochi ou sua utopia, preferindo usar o seu poder para si mesmo.
 
E ainda é nesta fase que a Fúria de Sangue que possui Iori torna-se incontrolável, assim como acontece com Leona dos Ikari Warriors, que por ser filha de Gaidel, um dos Hakkeshu, herdou o poder maldito.
 
Para por um fim às intensões dos Hakkeshu, Iori se vê obrigado a unir forças com Kyo Kusanagi e Chizuru Kagura, e assim os três clãs lendários estão juntos novamente na batalha contra Orochi.
Apesar da combinação de suas forças obter um pequeno êxito, Orochi não se dá por vencido e controla Iori, despertando a sua Fúria de Sangue para fazê-lo atacar seus próprios companheiros. Mas algo que nem mesmo Orochi poderia esperar aconteceu: Iori, em meios a dores e sofrimentos, consegue controlar aquele poder e ataca o próprio Orochi.
 
É chegada a hora de por um fim a toda aquela dor. Kyo recebe uma mensagem dos Yasakani, para por um fim a todo aquele ódio e maldições. E o que se segue é o final mais emocionante que eu já vi para uma história feita para um game de luta.

                            

A impressão que todos nós tivemos foi que todos estes personagens morreram aqui e muito provavelmente esta era mesmo a intensão dos produtores do jogo, mas não foi bem isto o que aconteceu como bem pudemos ver assim que novos jogos foram lançados.

A ideia para os próximos games seria acabar com a rivalidade entre Kyo e Iori e concentrar no desenvolvimento dos novos personagens que seriam integrados ao elenco de lutadores.
Claro, por pressão dos fãs, a rivalidade entre os dois não terminou, sendo sempre lembrada a cada novo jogo lançado. E, apesar deste enredo já não fazer mais sentido para as próximas tramas, acabou sendo importante, pois os novos personagens, que ocupariam a posição de protagonistas da série, não possuíam nem um décimo do carisma dos primeiros personagens.

Rivalidade é algo muito valorizado nas produções japonesas, sendo desenhos, filmes e até vídeo games, considerada essencial para o desenvolvimento dos personagens.
E, apesar da repetição desnecessária que a série KOF deu ao tema, considero a rivalidade entre Iori Yagami e Kyo Kusanagi uma das mais marcantes e inesquecíveis de todos os tempos.
 
 
KOF é uma série perfeita, seja nos jogos, personagens e enredo, pelo menos até a versão 97 e, quem diria, a série já está completando 20 anos! Certamente uma franquia de jogos que proporciona muita diversão e empolgação, e hoje trás nostalgia para todos os fã de jogos do gênero. Simplesmente inesquecível! 

Um comentário:

  1. Parabéns pelo post, cara. Ainda na havia lido sobre a lenda do Orochi e dos tesouros.

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