sábado, 14 de março de 2020

OS PIORES PRESIDENTES CLÁSSICOS DA AMÉRICA LATINA E A GLOBALIZAÇÃO


Enriquecimento ilícito. Corrupção. Crises econômicas. Terrorismo. Abuso de poder. Ditaduras intermináveis.

Esta é certamente a parte da história da nossa querida América Latina da qual não nos orgulhamos e muitos gostariam de ignorar. Este grandioso continente em extensão, plural e rico em cultura é sacudido pela corrupção num círculo vicioso que não parece ter fim. Do Brasil à Argentina encontramos os mesmos mecanismos financiados por empresários e políticos corruptos que buscam se manter no poder à qualquer custo.

Quando você estuda o controverso processo da independência da Hispano-América e percebe como os seus maiores beneficiários não foram justamente os povos nativos, percebe como temos sido desde então governados segundo os interesses das grandes economias.

Há uma estrita relação entre política e dinheiro. O grande problema institucional do continente na atualidade reside na falta de controle e equilíbrio. A corrupção é um grande problema, entretanto, não é o único.

Esta postagem não tem o objetivo de causar desalento, pelo contrário, tem como objetivo apontar estes problemas e apresentar possíveis soluções, sem cair na ingenuidade de uma esperança cega.  A democracia pode ter seus custos, mas é ainda a melhor forma de governo que temos. Aprender com a história para não repetir os erros do passado.

Recentemente, devido ao pânico e confusão social causado pelos governos contemporâneos da América Latina, por curiosidade pesquisei em um site mexicano uma lista dos Piores Presidentes da América Latina. A lista em questão só conta com presidentes até o ano de 2015. E é interessante que nenhum presidente do Brasil apareceu nela. Eu gostaria de compartilha-la e dar uma opinião.

Vou, entretanto, destacar alguns pontos muito importantes:

1 - Esta lista não é minha, mas original de um site mexicano;

2 - Esta lista vai precisar urgentemente de uma atualização. Só estão presentes governos latino-americanos até o ano de 2015. E, de fato, aconteceu muita coisa daquelas anos para cá;

3 - Os presidentes da lista formulada na terra natal do Chespirito não chegaram ao poder através de golpe militar, mas foram eleitos democraticamente. Embora alguns deles tenham com o tempo se tornado ditadores e seus antecessores possam ter sido depostos por golpe, eles ainda foram eleitos pelo voto popular;

4 - Ao final da lista, acrescento duas menções honrosas (ou, neste caso, desonrosas) que eu selecionei de políticos que chegaram ao poder por meio de golpe militar. Que fique claro, minhas duas escolhas não foram eleitas democraticamente. A função destas duas menções honrosas é servir como um "gancho" para o segundo assunto apresentado no título e que fechará a postagem;

5 - Não selecionei nenhum presidente do Brasil como menção "honrosa" (eleito ou ditatorial), porque a mensagem da postagem poderia se perder e vai ser mais interessante para você recordar dos outros políticos latino-americanos e fazer um paralelo entre eles e nossos momentos políticos atuais;

6 - Decidi compor esta postagem desta maneira porque espero que você se sinta provocado a reflexão. Pensamentos de pessoas alinhadas a distintos espectros políticos (direita, esquerda, centro) podem convergir perante fatos inquestionáveis;

7 - Sinto-me perfeitamente confortável para comentar esta referida lista (com suas devidas menções desonrosas de minha autoria) para atacar qualquer político que seja, porque nunca expressei simpatia ou fui filiado a nenhum partido político;

8 - Espero que se divirta.

Então vamos a lista dos piores presidentes clássicos da América Latina:





10º Lugar
JUAN DOMINGO PERÓN

País: Argentina

Período: 1946-1952, 1952-1955 e 1973-1974

Provavelmente um dos governos mais controversos do século XX.

Juan Domingo Perón polarizou o seu país, dividindo este em dois grupos irreconciliáveis, os Peronistas e os Anti-Peronistas.

Devido as suas políticas que favoreciam principalmente a classe trabalhadora, detratores presentes nas classes média e alta cometeram ações racistas, classistas, fascistas, golpistas e até terroristas.

Por sua vez, tais ações acarretaram reações arbitrárias, como torturas policiais e violações a liberdade de imprensa e expressão por parte do governo contra os grupos Anti-Peronistas, conseguindo desta maneira desestabilizar completamente o país.

Ainda assim, Perón foi eleito presidente em três ocasiões distintas.




9º Lugar
ALAN GARCÍA

País: Peru

Período: 1985-1990 e 2006-2011

Corrupção, terrorismo, e a pior crise econômica que este país havia conhecido foram as principais características do primeiro mandato de Alan García como presidente do Peru. (Seu suicídio a 17 de Abril de 2019, antes da sua prisão por seu envolvimento no caso Odebrecht, despertou uma nova discussão sobre a luta anticorrupção no Peru.)

Durante sua presidência, em vários centros penitenciários de Lima, prisioneiros rendidos, considerados terroristas por se operem fortemente ao governo, foram assassinados pelas forças militares.

Depois desta matança, Alan García deu carta branca para formarem esquadrões da morte (Os avós das milícias assim também conhecidas no Brasil) que se caracterizaram por sua grande violência contra os grupos subversivos. Apesar deste histórico nada favorável, Alan García foi eleito presidente do Peru por uma segunda vez no ano de 2006.

Ah. A democracia e suas desgraças.




8º Lugar
CARLOS SAÚL MENEM

País: Argentina

Período: 1989-1999

Se falamos da desestabilização da Argentina, então é muito necessário falar do que o presidente Menem fez a sua nação.

Durante os seus anos de mandato, Menem privatizou muitas empresas estatais, aumentou a dívida externa do país em mais de 300%.

Além disso, instaurou a "lei da Convertibilidade" na qual 1 dólar americano equivaleria a 1 peso argentino.

Isto ocasionou uma resseção econômica que se arrastou até o ano de 2001, momento em que extrapolou na presidência de Fernando de La Rua, levando quase metade da população à ruína e o país à uma taxa de desemprego de quase 35%.




7º Lugar
ANASTASIO SOMOZA GARCÍA

País: Nicarágua

Período: 1937-1947 e 1950-1956

Recordado pelo assassinato de mais de 300.000 nicaraguenses, por altas taxas de crime e enriquecimento ilícito. A sua fortuna pessoal superava a mais de 300 milhões de dólares.

Além disso, todos os postos de poder em seu governo estavam repartidos entre seus familiares, dando sentido a uma de suas mais sínicas frases célebres:

"Plata al amigo. Palo al indiferente. Plomo al inimigo"

Foi sucedido primeiro por seu filho Luis Somoza Debayle que foi presidente de 1957 a 1963. E posteriormente seu outro filho Anastasio Somoza Debayle esteve no poder desde 1967 a 1979.

Os três foram conhecidos como a Dinastia Somozista, ditadores cruéis e considerados ainda como uma fortaleza anti-comunista  que praticamente vendeu a Nicarágua aos Estados Unidos.




6º Lugar
ERINQUE PEÑA NIETO

País: México

Período: 2012-2018

O primeiro presidente desta lista eleito pela primeira vez em um período mais recente da história. E ainda que possa parecer cedo incluí-lo nesta lista, Enrique Peña Nieto disse e fez coisas que deram muito do que falar.

É indiscutível que as reformas sociais as quais impôs foram a parte mais problemática de seu governo.

Dentre elas destacam-se assassinatos e massacres inumeráveis, desaparições massivas de estudantes, repressões violentas e participações diretas do Exército mexicano em execuções extra-judiciais.

E tudo isso sem mencionar os gigantescos problemas sociais que foram acumulados ao longo do seu mandato.

Por todas as redes sociais era possível encontrarmos mexicanos que asseguravam estar de luto e exigindo a renúncia do seu então atual presidente.




5º Lugar
HUGO CHÁVEZ

País: Venezuela

Período: 1999-2013

Este foi o homem que saiu do cárcere para a presidência. De militar dissidente a sonhador bolivariano, durante os 14 anos em que esteve no poder, ele aprontou das suas até o dia de sua morte.

Pouco tempo após ter tomado o poder, modificou a constituição do país, implementando modelos polarizadores de governo e de sociedade, ocasionando com eles intolerância e ódio entre o seu povo.

A marcada influência de Fidel e Raúl Castro se fez presente em seu governo comunista, em suas declarações anti-norte-americanas e suas limitações a liberdade de imprensa.

Durante o mandato de Chávez, a Venezuela foi considerada como um dos países mais corruptos do mundo e com os níveis mais altos de criminalidade, com aproximadamente 19 mil assassinatos anuais.




4º Lugar
NICOLÁS MADURO

País: Venezuela

Período: 2013-atualidade

O atual presidente da Venezuela deu início ao seu governo com aproximadamente 24.000 mortes vinculadas com a delinquência que impera em seu país. Além disso, faz uso da brutalidade policial para amedrontar a seus opositores.

Desde que tomou o poder, a inflação na Venezuela tem alcançado as taxas mais altas da história com um terrível 64%.

Escassez, corrupção, abolição da liberdade de expressão, diminuição do poder aquisitivo e um estranho culto a Hugo Chávez são somente algumas das características de seu governo.

Se tudo isso parece pouco, ele ainda parece padecer de um paranoia que o faz acusar seus opositores de terrorismo, sabotagem e mesmo de fazerem parte de uma conspiração mundial contra a Venezuela.




3º Lugar
ALBERTO FUJIMORI

País: Peru

Período: 1990-2000

Dizer que o governo de Alberto Fujimori deixou o povo peruano na pobreza, não é nenhuma mentira.

Como todo autocrata, fingia guiar-se por ideais patrióticos. Em 1992, quando dissolveu o congresso, inaugurando um autogolpe de Estado, prometera defender os "interesses reais do povo" e instaurar uma "democracia real" no Peru.

Seu plano de privatizações de empresas públicas foi de todo um êxito... para ELE. Já que depois de todas as vendas e liquidações, nem todo o dinheiro chegou aos cofres do Estado.

Com milhares de milhões de dólares desaparecidos do tesouro nacional, este escorregadio presidente enviou a sua renúncia por fax do Japão (!).

Isso mesmo, você não leu errado.

Por fax.

Fujimori deixou altíssimas taxas de desemprego, corrupção, pobreza e carências no comércio e transporte público.

A ditadura Fujimorista terminou mal. Aos finais de 2007, Alberto Fujimori foi extraditado e processado por crimes contra o Estado, usurpação de funções, abuso de autoridade e homicídio qualificado, crime pelo qual foi condenado a 25 anos de prisão, pena esta que está cumprindo atualmente.




2º Lugar
FIDEL CASTRO

País: Cuba

Período: 1976-2008

Este político ocupou o governo de Cuba por quase 50 anos. Sob o seu poder, o povo cubano se viu submetido a um modelo político que supostamente zelava por sua igualdade, mas que os deixou na pobreza.

Com seu regime totalitário, Fidel ocasionou um desabastecimento de alimentos, baixou bruscamente o poder aquisitivo e privou os seus cidadãos de liberdade. Tudo isto, junto ao seu irmão Raúl, que o substituiu após a sua renúncia, e levou pânico social com a sua reforma.

Fidel Castro foi certamente o rosto mais conhecido de Cuba, mas seu irmão Raúl sempre foi a sua sombra. A maioria das leis e mandatos vinham dele e não de Fidel. Poderíamos então concluir que enquanto Fidel era o ditador líder da Revolução, Raúl era o seu produtor.

Não é de se estranhar que logo após a morte de Fidel, tenha sido o seu irmão vir a substituí-lo.

Ainda que possa parecer que agora os cubanos tenham mais liberdades, seu poder aquisitivo continua sendo tão baixo que ao final a situação segue sendo má como sempre.




1º Lugar
AUGUSTO PINOCHET

País: Chile

Período: 1973-1990

Dispensa apresentações.

Muitos ex-presidentes poderiam encabeçar esta lista, entretanto Pinochet foi um dos piores.

Genocídio, terrorismo, tortura e enriquecimento ilícito se listam dentre as centenas de atos que este governante emoldurou na história chilena.

Sua modificação da constituição outorgou-lhe poder supremo, permitindo-lhe prolongar o seu mandato por 17 anos, levando o seu país a uma grande instabilidade.

Entretanto, foi após deixar o poder que começaram a surgir as acusações por seu enriquecimento ilícito, as denúncias por desaparecimentos e fuzilamento de seus opositores e o descobrimento de forças clandestinas.

Já com seus 91 anos, Pinochet assumiu a responsabilidade por seus atos mediante uma carta pública em que expressou que... tudo o que fez foi por amor a pátria (!).

Parafraseando o poeta inglês Samuel Johnson (1709-1784), o Patriotismo sempre será o último refúgio dos canalhas.


Como prometido, agora faço duas menções desonrosas de presidentes corruptos e com tendências ditatoriais que não poderiam aparecer nesta lista porque não chegaram ao poder democraticamente, mas tomaram a presidência por meio de golpe militar e com o apoio da política externa das grandes economias:



Alfredo Stroessner

País: Paraguai

Período: 1954-1989

Comandante do exército paraguaio, chegou ao governo tirando Federico Chávez da presidência com um golpe de estado militar. Stroessner tornou-se presidente e foi reeleito, em pleitos marcados pela fraude, por 7 mandatos consecutivos.

Durante sua ditadura, foram cometidas violações maciças contra os direitos humanos, como prisões arbitrárias, tortura e desaparecimentos. Ao menos 150 mil pessoas teriam passado pelas prisões da ditadura e se contabiliza que três mil mortos e desaparecidos e refúgio a nazistas estão na conta deste ex-ditador.

Seu regime colaborou com outras ditaduras latino-americanas do Plano Condor na década de 1970, instigado pelos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria. Defendeu tenazmente os interesses norte-americanos e também demonstrou sua simpatia pelos ex-nazistas, tendo dado a vários deles asilo no país, inclusive ao Dr. Josef Mengele.

Também já foi comprovado que Stroessner era um pedófilo. E durante o seu regime, teria violado em torno de 4 meninas todos os meses. A alta cúpula de seu governo patrocinava, nas zonas rurais do país, sequestros de meninas entre dez e quinze anos, que eram mantidas por vezes anos como escravas sexuais.

Exilado no Brasil, Alfredo Stroessner morreu tranquilamente em 2006 e está enterrado no Cemitério do Campo, em Brasília (DF).



José Efraín Ríos Montt

País: Guatemala

Período: 1982-1983

Aqui se faz necessária a compreensão de um tema muitíssimo delicado: a instrumentalização da religião pela e para a política.

Em 1969, um ensaio do senador norte-americano Nelson Rockefeller propôs uma nova política externa para os anos 80 buscando contrabalancear a Teologia da Libertação, uma corrente religiosa nascida na América Latina, cujos postulados "marxistas" foram condenados como uma heresia pela igreja Católica e tratados como um grande obstáculo para o "capitalismo produtivo" pelos Estados Unidos.

Leia-se: Houve um enfraquecimento da influência norte-americana sobre os governos da América Latina.

Círculos neoconservadores estadunidenses investiram muito dinheiro e recursos para uma conversão massiva de latino-americanos ao protestantismo evangélico e pentecostal (Não me refiro ao protestantismo tradicional civilizado sem ambições, mas principalmente às seitas derivadas que deram origem ao neopentecostalismo presentes na América Latina desde mediados de 1930) com o único objetivo de reforçar sua influência política e econômica em nosso continente. Uma vez que as seitas trazem consigo o "americanismo" dentro de uma cultura de massas.

Esquerdas e Direitas instrumentalizam igrejas e a fé. E ao final o objetivo segue sendo o mesmo: o poder.

Esses investimentos nestas novas igrejas na América Latina são direcionados principalmente para adquirir meios de comunicação e influencia política apoiando o governante do turno, seja ele eleito ou ditatorial.
 
Um exemplo especial deste política externa acontece na Guatemala, na qual o protestantismo existe desde o século XIX graças a franco-maçonaria e aos governos liberais. O plano norte-americano impulsionou "missões religiosas" com o discurso “pão e dólar” que atraíram para si milhares de pessoas pobres em campos e cidades que buscavam empoderamento espiritual, sobretudo depois do terremoto de 1976 e durante a Guerra civil.

O político e ex-militar José Efraín Ríos Montt pertenceu a igreja pentecostal Verbo desde 1978, a qual favoreceu com cargos no governo e fundos estatais, e durante o seu regime, usava a cadeia nacional de rádio e televisão nos domingos a tarde para pregar.

Bíblia na mão e o grito “Usted Papá, Usted Mamá!”, referindo-se ao seu país como “o povo escolhido do Novo Testamento, os Novos Israelitas da América Central”, e acusando a igreja Católica e outras instituições que não comungavam com o seu governo de colaborarem com o marxismo cultural e de causar a sua derrota nas eleições de 1974.

Perceberam como este tipo de retórica não é nova?

Algumas pessoas não conseguem mais ver os fatos por si mesmas, mas dentro de paradigmas ideológicos fechados, abstratos e sem contato com o mundo real.
Quando quebramos esses paradigmas para mostrar a estas pessoas as coisas como elas realmente são, a reação é basicamente agressiva, instintiva ou mesmo irracional, rotulando os seus críticos dentro dos esquemas que elas mesmas criaram.


José Efraín Ríos Montt e Ronald Reagan.
Responsabilidade dos Estados Unidos, junto ao ex-presidente 
guatemalteco, no massacre de povos indígenas não foi debate 
quando do seu julgamento em 2013. 

Se o crítico quebra os paradigmas dos comunistas, mostrando os fatos que contrariam a ideologia dos comunistas, ele será rotulado como um fascista. E o mesmo é observado com os liberais e neoconservadores. Se o crítico quebra os paradigmas dos liberais e neoconservadores, contrariando as suas crenças, ele será rotulado como um comunista, e por isso será silenciado, desacreditado e terá a sua reputação destruída com a divulgação de informações falsas.

Ríos Montt foi presidente entre 1982 e 1983 mediante golpe militar, e é tristemente reconhecido pelas matanças contra as etnias indígenas Poqomam e Ixil nos anos de 1973 e 1982-1983, respectivamente.

A 10 de maio de 2013, foi condenado a 50 anos de prisão por genocídio e a 30 anos por crimes contra a humanidade, tornando-se o primeiro líder latino-americano a ser condenado por esses crimes. Faleceu a 1 de abril de 2018, impune de seus crimes.

Algumas pessoas insistem em viver como se ainda estivéssemos em uma Guerra Fria. De fato, tal guerra terminou, mas é inevitável concluir que nossos países foram o campo de uma batalha ideológica durante a Guerra Fria.


Os resultados desta guerra encontram ainda ressonância em nosso cotidiano.

Igrejas e seitas tornaram-se extremamente poderosas na América Latina. Seus líderes não são apenas líderes espirituais, mas líderes políticos, gozando de prestígio e ocupando elevados cargos políticos, favorecendo suas próprias igrejas e a política externa das nações as quais estão alinhados ideologicamente.

Se há líderes religiosos de filiações similares que são democratas, estes ou não têm voz ou já se tornaram história, e são inexpressivos perante a maioria avassaladora. Vide a questão brasileira, onde estes religiosos entram para a política, com as graças de um curral eleitoral fiel e fanático dentro das suas igrejas, envolvendo-se em escândalos de corrupção e apoiando esse bizarro "patriotismo anti-Brasil".

Os religiosos certamente vai discordar, mas o Estado laico foi algo muito benéfico para as suas instituições. Usando como um exemplo a igreja Católica, o Estado laico foi útil para que esta instituição bimilenar não fosse mais usada por líderes políticos pretensamente católicos para dominarem esse ou aquele grupo. Hoje tais líderes políticos precisam fabricar uma outra "igreja" ou buscar coisas do passado para influenciarem certos grupos.


Diante do líder sandinista, Daniel Ortega, o Papa
João Paulo II repreendeu Ernesto Cardenal 
por misturar política com religião.
Nicarágua (1983)

Para finalizar esta análise, sem desviar muito do foco da postagem, escrevo sobre a confusão chamada Globalização/Globalismo.

A Globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globo-colonização.
Depois de tudo aqui escrito, muitos podem pensar que sou anti-estado-unidense, mas isso não é bem verdade. O que critico de fato é a política externa daquele país, que, convenhamos, não tem como defender.

O Globalismo é praticamente um palavrão na boca de certos seguimentos conspiracionistas neoconservadores, tal como socialismo, coletivismo ou (acredite) miscigenação (É isso mesmo?! WTF!!!). Eles defendem a tese de que a globalização econômica passou a ser pilotada pelo marxismo cultural, isto é, meta-capitalistas, ao conquistarem o domínio da economia global, viraram socialistas desejosos de controle estatal máximo e governo global para instaurar o comunismo. Ô lôco!


Comunismo com monopólios capitalistas? O pensamento ortodoxo marxista nunca apoiou a ideia de um sistema comunista ao lado de empresas capitalistas monopolistas.
Conspiracionistas dirão então que o comunismo mudou e que não tem mais as mesmas características de antes. Mas então o que é comunismo? A resposta deles: um “projeto de poder”. Mas e o que não pode ser chamado de projeto de poder? A resposta seria tudo. Se comunismo é isso, então o que não é comunismo?

Rússia, China, Japão e Coreia do Sul estão copiando muitos negócios do mundo capitalista, sobretudo dos Estados Unidos, para ganharem um lugar neste mundo globalizado e sobretudo capitalista. Podemos destacar que um dos maiores problemas para o desenvolvimento dos países da América Latina é porque esperam comodamente sentados, enquanto as multinacionais colonizam seus países, enchendo os seus países de empresas estrangeiras e, claro, com o apoio irrestrito de políticos corruptos. Estes políticos não passam de simples capachos dos interesses estadunidenses!

A mudança da Rússia foi radical com a queda da União Soviética, enquanto a China experimentou mudanças paulatinas desde os anos 1970 e começou uma transformação econômica sem precedentes, abraçando uma economia de mercado.

Empresas como Google, Facebook, Amazon, Apple, Microsoft, General Motors, General Electric marcaram época e têm guiado as tendências em distintos campos comerciais e tecnológicos em todo mundo, e muitos dos autores envolvidos nestes projetos sequer eram estadunidenses, o que demonstra a importância da imigração para o desenvolvimento dos Estados Unidos e o grande sucesso comercial daquele país e como a sua atual política anti-imigração pode estar equivocada (Assista o curta Don't Be a Sucker, de 1947).

A disciplina vencerá a inteligência. De fato, grandes empreendedores não são apenas disciplinados, mas inteligentes. Nós temos estas duas características de sobra aqui na América Latina, mas infelizmente ainda não as exploramos como deveríamos.

Os grandes inventos que temos hoje em dia são o resultado de que seus inventores estiveram sobre ombros de gigantes, isto é a globalização, que, claro, tem matizes negros e cinzentos.

O Goggle foi fundado pelo estadunidense Larry Page e Serguei Brin, um imigrante russo. Dos três fundadores do Youtube, um é estadunidense, outro é nascido na Alemanha, mas com pais migrantes de Bangladesh, e o terceiro é chinês.

Tudo o que temos hoje é porque um inventor de um país ou empreendedor de outro copiaram ou tomaram códigos, chips, teorias menores para darem forma a inventos maiores.

O primeiro ordenador digital moderno foi criado no Estados Unidos, mas seu inventor era um imigrante búlgaro. O primeiro telefone móvel foi desenvolvido pela empresa estadunidense Motorola em 1973 por Martin Cooper, filho de imigrantes ucranianos.

O primeiro motor de combustão a gasolina é invenção de um engenheiro belga, mas foi Henry Ford, nascido em Michigan, mas de ascendência inglesa, quem revolucionou a produção de veículos automotores em inícios do século XX. Muitas fábricas ao redor do mundo implementaram o modelo de produção de Ford. Um invento belga, produzido nos Estados Unidos, não foi monopolizado por nenhum dos dois.

A TV é invenção do britânico John Logie, mas a TV colorida foi criada pelo mexicano Guilhermo González Camarena em 1940. E são as empresas japonesas, alemãs e sul-coreanas aquelas que dominam o mercado dos eletrodomésticos que não foram inventados em seus países.


Grandes inovadores da América.
Guilhermo González Camarena.

Autor de inúmeras invenções no campo do electromagnetismo, Nicolas Tesla, com seu trabalho teórico, ajudou a forjar as bases para o sistema moderno para o uso da energia por corrente alterna. Embora seus trabalhos tenham se desenvolvido nos Estados Unidos, ele nasceu no Império Austríaco, atual Croácia, e trabalhou na companhia de Thomas Edson, o mais importante inventor norte-americano.

E não posso deixar de mencionar o padre Roberto Landell de Moura, sacerdote brasileiro, inventor do rádio e que fora capaz de transmitir a sua voz antes mesmo de Graham Bell. O notável cientista brasileiro viajou aos Estados Unidos para apresentar a sua invenção durante aquele conturbado começo do século XX, obtendo três patentes em 1904 naquele país.

Seria um exagero dizer que nos Estados Unidos o fracasso total não é estigmatizado como é aqui na América Latina. Mas digamos que por lá o fracasso é encarado de uma maneira diferente.
As pessoas precisam aprender a se arriscar mais. Da mesma forma que não é possível construir um país enquanto estivermos presos aos interesses das gigantes corporações a serviço do capital financeiro, não é possível construir um país sem jovens que se arrisquem mais, que entrem nas universidades determinados e com uma grande ideia própria para colocar em prática pelo seu país. Se errar na primeira tentativa, ele não deve encarar isso como uma derrota final, mas como um aprendizado.
Levantar, cair, levantar, cai, levantar...
O incentivo a educação, as ciências e a garantia da nossa soberania estão acima de qualquer ideologia política.

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