Expressar pensamentos políticos, opiniões e discordância tem sido feito através de uma imensa variedade de mídias ao longo da história. Uma dos quais é através das histórias em quadrinhos, um tema que sempre será controverso. Há aqueles que aprovam, mas ainda há aqueles que são avessos a ideia de um assunto tão polêmico e que muitas vezes pode gerar violenta discórdia seja apresentado em uma mídia como a HQ. E falar sobre política é sempre complicado, já que é impossível não se posicionar, mesmo que você seja apartidário.
Aqui está uma lista com alguns dos mais icônicos momentos políticos nas histórias em quadrinhos.
Aqui está uma lista com alguns dos mais icônicos momentos políticos nas histórias em quadrinhos.
O Capitão América enfrentou Hitler antes da própria América - 1941
Na época em que os Estados Unidos permaneciam neutros e a Segunda Guerra Mundial era apenas "alguma coisa na Europa", dois judeus filhos de imigrantes e criadores de histórias em quadrinhos não estavam confortáveis com a perseguição nazista, mesmo que ela ainda não estivesse à sua porta. Combatendo uma corrente em sua indústria que não quer se indispor com o dólar isolacionista lucrativo, Joe Simon e Jack Kirby, utilizando do profundo sentido de patriotismo dos Estados Unidos para os impulsionar a intervenção, criaram um novo personagem, um super-herói que de fato atuava à frente do país ao qual representava. Desde a sua criação, o Capitão América tem agido como um combatente norte-americano ideal em sua própria realidade; tanto uma crítica como uma encarnação do seu próprio codinome. Captain America Comics # 1, apesar de ser datado em março de 1941, chegou as bancas em 20 de dezembro de 1940, um ano após o início da Segunda Guerra Mundial e a um ano do ataque a Pearl Harbor. A capa da HQ contou com a famosa imagem de Steve Rogers socando o maxilar inferior de Adolf Hitler.
Superman surrou Hitler antes do Capitão América - 1940
A DC Comics seguiu o exemplo com Hollywood e a maioria das indústrias de quadrinhos, impedindo seus escritores de comentarem sobre a ascensão do fascismo europeu. Apesar disso, o Superman ainda enfrentava inespecíficos e metaforicamente poderosos espiões e ditadores em seus primeiros anos, construindo-se o envolvimento dos Estados Unidos nos esforços de guerra. Siegel e Shuster, os nomes por trás do Superman, realizaram, no entanto, uma história explicitamente antinazista a dois anos antes dos Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial em uma HQ esquecida de duas páginas para a revista Look. Intitulada "Como o Superman acabaria com a guerra", a história consiste, essencialmente, no Homem de Aço capturando Hitler e Stalin e arrastando-os para a Liga das Nações, um precursor das Nações Unidas. Dado que a história foi escrita em 1940, Stalin ainda era um aliado Hitler na época. Após o ataque a Pearl Harbour, as capas dos quadrinhos do Superman mostrariam um aumento generalizado do apoio para as tropas aliadas, mas nenhuma outra história lidaria com a guerra de uma forma tão direta novamente.
Mulher Maravilha
Conhecer os quadrinhos da Segunda Guerra Mundial faz você se sentir como em uma lição de história, e os debates sobre as questões ideológicas e políticas permanecem muito relevantes até os dias de hoje. Ao contrário do Capitão América e do Superman, que deixaram de enfrentar vilões especificamente reais (como Hitler) nos últimos tempos, a luta simbólica da Mulher Maravilha contra o nazismo essencialmente permanece a mesma. Durante muitíssimo tempo foram feitas inúmeras tentativas para criar uma super-heroína que conquistaria as meninas e ainda aumentaria a venda de quadrinhos. E é possível que nenhuma tenha sido tão abrangente quanto a inigualável Mulher Maravilha. Criada em 1941 pelo psicólogo marginal William Marston, conhecido por suas ideias individuais sobre capacitação e submissão. Professor de psicologia e inventor de um precursor do polígrafo, Marston foi também um fetichista, inicialmente preenchendo os quadrinhos da Mulher Maravilha que ele escreveu com inúmeros casos de bondage e dominação. A Mulher Maravilha com o seu Laço da Verdade muito claramente une o trabalho psicológico de Marston em testes de verdade com os seus interesses eróticos. A partir de sua pesquisa, ele acreditava que as mulheres eram mais verdadeiras do que os homens e, em uma carta a um amigo, ele descreveu sua heroína como "uma propaganda psicológica para o novo tipo de mulher que deve, creio eu, governar o mundo". Ele também observou que "quando as mulheres governarem, não haverá mais [guerra] porque as meninas não vão querer perder tempo matando homens... Eu considero isso como a maior - não, mais ainda - como a única esperança para a permanente paz ". Apesar disso, no entanto, ele também acreditava na submissão como um aspecto inerente da feminilidade.
Mesmo com esta ideia original para uma super-heroína, o seu maior público ainda era o masculino. A personagem desde seu início era uma figura feminina forte, afirmando-se sobre os homens, e contraditoriamente submissa a eles. Marston acreditava nas mulheres como mais fortes do que os homens, seduzindo-os e depois submetendo-se a eles. Mas deste modo elas se afirmavam, controlando-os e tomando conta dos homens. Martson foi acusado de defender uma forma de feminismo vitimista, mas depois da Mulher Maravilha, pouquíssimas personagens atraíram tanto ao público masculino quanto ao feminino.
A proposta da personagem foi distanciando-se das ideias originais de Martson com o passar dos anos. Interessantíssima é a origem da criação da personagem. Surgida das ideias e teorias de um psicólogo, apoiada também nas fantásticas lendas da mitologia grega, e ainda nos novos ideais políticos da sua geração, tudo isto faz da Mulher Maravilha a personagem mais intelectualizada dos quadrinhos.
Vamos lá, eu sei que você queria que ainda fosse possível para a Lucy Lawless viver a Mulher Maravilha no cinema!
Mesmo com esta ideia original para uma super-heroína, o seu maior público ainda era o masculino. A personagem desde seu início era uma figura feminina forte, afirmando-se sobre os homens, e contraditoriamente submissa a eles. Marston acreditava nas mulheres como mais fortes do que os homens, seduzindo-os e depois submetendo-se a eles. Mas deste modo elas se afirmavam, controlando-os e tomando conta dos homens. Martson foi acusado de defender uma forma de feminismo vitimista, mas depois da Mulher Maravilha, pouquíssimas personagens atraíram tanto ao público masculino quanto ao feminino.
A proposta da personagem foi distanciando-se das ideias originais de Martson com o passar dos anos. Interessantíssima é a origem da criação da personagem. Surgida das ideias e teorias de um psicólogo, apoiada também nas fantásticas lendas da mitologia grega, e ainda nos novos ideais políticos da sua geração, tudo isto faz da Mulher Maravilha a personagem mais intelectualizada dos quadrinhos.
Vamos lá, eu sei que você queria que ainda fosse possível para a Lucy Lawless viver a Mulher Maravilha no cinema!
As Novas Aventuras de Hitler - 1989
Voltamos mais uma vez a Hitler, mas desta vez como um protagonista. Uma história em quadrinhos pouco conhecida de um escritor bem conhecido, The New Adventures of Hitler, de Grant Morrison (lançada em 1989), baseia a sua história surreal sobre uma alegação de que Hitler brevemente residiu em Liverpool, Inglaterra. Ligando a suposta permanência dele na Inglaterra com o mito do Santo Graal, exatamente o tipo de apócrifo louco que diziam o jovem Hitler costumava acreditar. Mas em vez de comentar sobre o famoso nazista em si, o quadrinho usa Hitler como uma forma de criticar a Grã-Bretanha, explorando a hipotética influência da Inglaterra sobre o jovem Führer. Em uma cena, Hitler conversa com John Bull durante o chá enquanto um bulldog defeca sobre uma mesa, e recebe um curso intensivo no sentido da superioridade inata que constrói um império. Controverso? Definitivamente! Após a publicação que previsivelmente levou alguns a acusar Morrison de ser um simpatizante do nazismo e, apesar de sua imensa reputação dentro do mundo dos quadrinhos, esta edição foi recolhida ainda para ser lançada.
Martin Luther King and The Montgomery Story inspira o ícone dos Direitos Civis John Lewis - 1957
Parte biografia, parte manual de protesto não-violento, este panfleto de 14 páginas em quadrinhos de 1957 ajudou a espalhar a palavra de Rosa Parks e o Boicote aos ônibus de Montgomery em 1955 a uma geração de futuros ativistas. Embora sempre existiu uma série de quadrinhos educativos e informativos desde a concepção deste tipo de mídia, poucos podem reivindicar a influência direta da forma como este pode. O congressista John Lewis, um dos "seis grandes" do movimento dos Direitos Civis, descreveu este pequeno livro sendo "como uma bíblia" para seu eu mais jovem. O quadrinho eventualmente o levou a entrar em contato diretamente com Martin Luther King.
Lewis modelou sua, ainda incompleta, trilogia de romances gráficos, March, em Martin Luther King and The Montgomery Story, na esperança de inspirar a próxima geração, assim como este também inspirou. "I see some of the same manners, some of the same thinking, on the part of young people today that I witnessed as a student", diz Lewis,"the only thing that is so different is that I don’t think many of the young people have a deep understanding of the way of non-violent direct action". O quadrinho original de 1957, no entanto, continua a inspirar: Em 2003/4 foi traduzido para o árabe e, para os revolucionários egípcios durante a Primavera Árabe, supostamente "Martin Luther King virou um super-herói".
Lewis modelou sua, ainda incompleta, trilogia de romances gráficos, March, em Martin Luther King and The Montgomery Story, na esperança de inspirar a próxima geração, assim como este também inspirou. "I see some of the same manners, some of the same thinking, on the part of young people today that I witnessed as a student", diz Lewis,"the only thing that is so different is that I don’t think many of the young people have a deep understanding of the way of non-violent direct action". O quadrinho original de 1957, no entanto, continua a inspirar: Em 2003/4 foi traduzido para o árabe e, para os revolucionários egípcios durante a Primavera Árabe, supostamente "Martin Luther King virou um super-herói".
Tintim começou como Propaganda anti-soviética
Os quadrinhos do famoso repórter belgo Tintim, um jovem de espírito aventureiro e curioso, constantemente envolto em casos de investigação criminosa ou em conspirações políticas, começaram como uma divertida propaganda anti-soviética. Escrevendo para um suplemento infantil um jornal de cunho conservador no final dos anos 20, Hergé tentava ao máximo desmascarar a imagem de potência em crescente desenvolvimento econômico que os soviéticos tentavam passar para o mundo fora da Rússia. Inspirando-se no livro Benoît Peeters, de Joseph Douillet, ex-cônsul belga que trabalhou na Rússia soviética durante nove anos, Hergé ataca duramente o comunismo e o governo soviético.
Seus quadrinhos iniciais não são apenas uma denúncia, mas uma tentativa de acabar com o mito de uma utopia comunista. Há cenas que quase reproduzem aquilo que é descrito por Douillet em seu livro, como as "eleições democráticas", onde os habitantes de uma aldeia são coagidos por soldados armados a votar no partido comunista.
Seus quadrinhos iniciais não são apenas uma denúncia, mas uma tentativa de acabar com o mito de uma utopia comunista. Há cenas que quase reproduzem aquilo que é descrito por Douillet em seu livro, como as "eleições democráticas", onde os habitantes de uma aldeia são coagidos por soldados armados a votar no partido comunista.
Talvez a mais famosa história "what if" dos quadrinhos modernos. Entre a Foice e o Martelo altera a origem do super-herói favorito da América de modo que, quando chega ainda bebê ao nosso planeta, sua nave aterrissa na URSS, e não no Kansas. O Superman torna-se assim o herói da Rússia comunista e o eventual sucessor de Stalin. Deste a ligeira mudança na geografia, o autor Mark Millar criou uma complexa parábola sobre poder. Uma história muito inteligente influenciada pelo famigerado 11/09, onde o autor faz questão de expor os prós e os contras de ambos os sistemas econômicos. Devido à ameaça do Superman, o tradicional vilão Lex Luthor torna-se um "herói" americano que usa o medo do ataque como uma justificação para a sua violência. Em nome de uma ideologia, o Superman tradicionalmente heroico obriga o mundo a submeter-se a seus ideais, independentemente das pessoas aceitarem ou não. Simpatizar com qualquer um deles torna-se difícil e, através desta troca de papéis de caráter, os binários bom/mau que definiram ambos os personagens em suas primeiras histórias e a Guerra Fria vem a ruírem perante qualquer senso de certeza política contemporânea.
Uma brilhante e envolvente HQ, além de uma notável aula de história.
Uma brilhante e envolvente HQ, além de uma notável aula de história.
Ex-primeiro-ministro japonês enfrenta líderes mundiais no Super Mahjong
Tenho uma postagem totalmente dedicada a este mangá. Nunca a política foi tão emocionante. The Legend of Koizumi trás Junichiro Koizumi, o ex-primeiro-ministro titular do Japão, e coloca-o em um gloriosamente melodramático jogo de mahjong com outros ícones políticos. Com 15 minutos de The Legend of Koizumi você pode aprender mais sobre a psique contemporânea do Japão do que você poderia em 15 horas com novelas japonesas recentes. Este é um mangá onde Putin e a ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko podem unirem-se para lutar contra Hitler (que está morando na Lua), esta é uma história em quadrinhos que reflete o recente reengajamento do público japonês com a política, uma história em quadrinhos que merece ser publicada no Brasil.
Obs: Como sempre os gringos se esquecem de nós e da América Latina! Koizumi teria aqui adversários que já são ainda mais caricatos que aqueles vilões que enfrentou no formato original do mangá! Por uma segunda fase de Legend of Koizumi!
Obs: Como sempre os gringos se esquecem de nós e da América Latina! Koizumi teria aqui adversários que já são ainda mais caricatos que aqueles vilões que enfrentou no formato original do mangá! Por uma segunda fase de Legend of Koizumi!
Lanterna Verde e Arqueiro Verde de Dennis O'Neill e Neal Adams - 1970
Já fiz uma postagem inteira que fartou-se em discutir este quadrinho. É uma ótima história, embora deva ser interpretada com cuidado e disposição, e ainda é uma muito honesta exploração do problema com os super-heróis como o Lanterna Verde. A escala de seu poder cósmico exige que ele tenha responsabilidades maiores e mais amplas. Ele é o protetor de um setor espacial inteiro e, portanto, não pode parar todos os crimes que existem, ainda que ele pare os maiores. O que O'Neill expõe é que, enquanto Hal enfrenta diariamente todo o tipo de ameaças cósmicas, há batalhas diárias menores que ele nem sequer consegue reconhecer, e na vida de uma pessoa comum, essas batalhas são tanto uma questão de vida ou de morte. A pobreza, o racismo e a violência são problemas reais e Hal tem sido um herói ausente para aqueles que sofrem.
O Arqueiro Verde é a lente através da qual o Lanterna Verde é desconstruído. Obviamente, Oliver Queen é um homem comum, sem superpoderes particulares. Mesmo a enorme riqueza de Oliver Queen foi tirada dele em Justice League of America # 75. O Arqueiro Verde, além de combater o crime, como um típico super-herói urbano, ainda dedica-se a tentar melhorar a vida dos menos afortunados. Este quadrinho confronta as ideologias opostas de ambos super-heróis e expõe a realidade das comunidades marginalizadas nos Estados Unidos.
Adoro as personalidades contrastantes dos heróis e o fato de serem amigos que debatem, e a arte de Adams é uma de minhas favoritas, mas a história ainda tem alguns problemas. Onde a história de O'Neill é poderosa e convincente, em algumas ocasiões o seu discurso pode soar um tanto hipócrita. Quando Hal tenta explicar a Oliver que estava apenas seguindo ordens para justificar suas ações - uma coisa razoável dado o seu papel como um membro de uma força policial intergaláctica - a réplica de Oliver é dizer que a mesma desculpa foi usada pelos nazistas em seu julgamentos de guerra. Isso é tecnicamente verdade, mas uma simplificação grosseira da abordagem de Hal ao heroísmo. Parece uma menção muito ocasional do nazismo, mesmo para um personagem de caráter tão emotivo como Oliver. Da mesma forma, os proprietários ricos são retratados talvez como demasiadamente malvados. O poder que eles têm sobre os heróis é que, embora sem compaixão, suas ações não são estritamente ilegais. A questão da justiça é muito mais complexa do que aquela proposta inicialmente pela história.
O Arqueiro Verde é a lente através da qual o Lanterna Verde é desconstruído. Obviamente, Oliver Queen é um homem comum, sem superpoderes particulares. Mesmo a enorme riqueza de Oliver Queen foi tirada dele em Justice League of America # 75. O Arqueiro Verde, além de combater o crime, como um típico super-herói urbano, ainda dedica-se a tentar melhorar a vida dos menos afortunados. Este quadrinho confronta as ideologias opostas de ambos super-heróis e expõe a realidade das comunidades marginalizadas nos Estados Unidos.
Adoro as personalidades contrastantes dos heróis e o fato de serem amigos que debatem, e a arte de Adams é uma de minhas favoritas, mas a história ainda tem alguns problemas. Onde a história de O'Neill é poderosa e convincente, em algumas ocasiões o seu discurso pode soar um tanto hipócrita. Quando Hal tenta explicar a Oliver que estava apenas seguindo ordens para justificar suas ações - uma coisa razoável dado o seu papel como um membro de uma força policial intergaláctica - a réplica de Oliver é dizer que a mesma desculpa foi usada pelos nazistas em seu julgamentos de guerra. Isso é tecnicamente verdade, mas uma simplificação grosseira da abordagem de Hal ao heroísmo. Parece uma menção muito ocasional do nazismo, mesmo para um personagem de caráter tão emotivo como Oliver. Da mesma forma, os proprietários ricos são retratados talvez como demasiadamente malvados. O poder que eles têm sobre os heróis é que, embora sem compaixão, suas ações não são estritamente ilegais. A questão da justiça é muito mais complexa do que aquela proposta inicialmente pela história.
Mr. President é um super-vilão
"I'm not a crook!", diria Richard Nixon.
Novamente o velho Steve Rogers encontra o seu maior inimigo ao final de mais um arco. Steve Englehart ficou conhecido por escrever várias representações satíricas do presidente Richard Nixon em quadrinhos de super-heróis da Marvel, e elevou o conceito de Nixon como um conspirador.
Embora nunca seja indicado especificamente no quadrinho que o supervilão número um do Império Secreto é Nixon, é tudo muito claro no subtexto desta história. O Capitão América fica chocado com a revelação do líder do seu país como um criminoso, e este ainda comete suicídio diante de seus olhos. Esta reviravolta chocante influenciou os quadrinhos do Capitão por muitos meses seguintes e levou ao enredo em que Steve Rogers abandona a persona do Capitão América em uma profunda crise de fé em seu país. Após isso, Rogers tornou-se "Nômade", o homem sem país. Em uma profunda crise de valores, em consequência do acontecido, Steve Rogers passa a circular o país sob sua nova identidade a fim de encontrar a verdadeira alma da América.
Maus
Grande parte dos tópicos desta postagem discute os acontecimentos envolvendo personagens famosos. A publicação Maus, no entanto, era um evento em si. Baseando-se nas experiências de seu pai, um judeu polonês sobrevivente do holocausto, Art Spiegelman criou um quadrinho que retrata o relacionamento complicado do autor com seu pai, e como os efeitos da guerra repercutiram através das gerações de sua família. Maus começou em 1980 e foi concluído em 1991, rendendo para Spiegelman o Prêmio Especial Pulitzer em 1992. A categoria "Especial" foi pelo fato do comitê de premiação não ter chegado a um consenso de Maus como uma obra de ficção ou biografia.
A história retrata os diferentes grupos étnicos como animais antropomórficos, os judeus são ratos ("maus" quer dizer ratos em alemão), os alemães são gatos, os franceses são sapos, os poloneses são porcos, os americanos são cães, os suecos são renas, os ciganos são traças, os ingleses peixes. Tanto uma história como uma investigação narrativa, Maus fala sobre a sua própria produção, bem como sobre a luta de seu criador na tentativa de transmitir as experiências terríveis de seu pai por meio de quadrinhos. Ao lado de ser uma obra definitiva na literatura do Holocausto (de qualquer tipo), Maus também foi um divisor de águas crítico para os quadrinhos. Como a primeira história em quadrinhos a ganhar um Prêmio Pulitzer, o termo "graphic novel" foi praticamente inventado para descrever este tipo de livro, e talvez não seja exagero dizer que sem Maus, postagens sobre política feitas para tantos outros blogs como este provavelmente ainda estariam confinadas a locais especializados em quadrinhos e revistas.