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sábado, 31 de outubro de 2020

10 CONCEITOS MAIS ASSUSTADORES PARA VILÕES DOS TOKUSATUSUS

É o Dia das Bruxas e o dia do Saci também para nós brasileiros, instituído pela lei federal 2762 de 2003, com o objetivo de resgatar o folclore nacional em contraposição ou Halloween de tradição celta. Isso significa monstros, monstros e mais monstros! E não há mais monstros do que os programas japoneses de Tokusatsus. 

Caramba, a maioria deles vem com um novo a cada episódio!

Muitos destes "toku-monsters" podem ser suficientemente assustadores para a data do Halloween. 

O blog já conta com uma postagem acerca dos monstros mais perturbadores criados para a franquia Ultraman, mas esta postagem apresenta as criaturas do terror Tokusatsu assustadoras não somente em aparência, se não também no seu conceito. 

Sendo assim, alguns monstros da franquia Ultraman que não aparecem na outra postagem, podem encontrar um espaço especial nesta.

Embora muitos destes sejam galhofeiros ou mesmo bobos, há na mesma medida, para cada mutante de batom ou dinossauro de látex, figuras que carregam um fator legítimo de terror. 

A ordem dos elementos da lista pode parecer incongruente para alguns, mas foi proposital para o debate. Muitas vezes, um personagem precisa de muito mais do que um rosto asqueroso e um corpo melequento para causar terror, muitos personagens assim acabam flertando com o "terrir". 

Mesmo que alguns não tenham uma aparência com potencial marcante para o horror que proporcione ao espectador a necessidade de um terapia, deve ser levado em consideração o conceito por trás da criação destas criaturas, o ano em que surgiram, as faixas etárias dos públicos para os quais foram destinadas e as tendências.

Personagens assustadores e eventos bizarros e subliminares podem ser muito mais impactantes em simples séries televisivas do que em Tokusatsus adultos como Garo, os quais assistimos já esperando ver cenas de terror.

Aqui estão apenas alguns monstros dos Tokusatus mais arrepiantes para o Halloween.



10º Lugar

Pain - Changeman

Monstro espacial surgido no episódio 28 de Changeman, com o célebre título A Maldição Sangrenta. Encontrar um nome desses, acompanhado de uma ilustração com o rosto da dita criatura na capa de um velho VHS de uma extinta vídeolocadora faria qualquer um fã louco por terror trash a levar para casa sem pensar duas vezes.

"É um trashão de primeira!", diria nosso amigo Edson do Terror.

Como grande parte, ou talvez todos os personagens que exercem o papel de vilões da série, Pain teve seu planeta arrasado pelo senhor Bazoo e foi enviado a Terra pelo mesmo com a missão de conquistá-la em troca da restauração do seu mundo.

Pain pode não ter o visual mais assustador que você verá em um tokusatsu, mas merece um posto nesta lista por sua habilidade assombrosa e por ser muito mais do que aparenta.

Quando o conhecemos, sentimos pena dele, como acontece com vários dos outros vilões do elenco. Pain nos é apresentado como um ser frágil, vulnerável e destruído psicologicamente, implorando misericórdia ao senhor Bazoo por todo o terror e torturas pelos quais estava sendo submetido.

Aceitando a missão imposta pelo vilão cósmico, Pain chega a Terra e muda completamente de personalidade, tornando-se um sádico, ele realmente parecia gostar muito da dor que causava nas pessoas, crianças. 

Se Pain estivesse necessitando de "passadores de pano" para seus atos indefensáveis, hoje poderia sugerir que tentasse uma carreira política no Brasil.

A técnica de Pain consistia em derramar o seu sangue sobre um inocente giz de cera de uma criança que tinha por hábito desenhar os seus amigos. Uma vez invocada a sua maldição de sangue, Pain poderia modificar os desenhos da criança, acrescentando fogo ou lâminas dolorosamente inseridas ao peito daqueles desenhados pelo giz amaldiçoado. A tática também seria usada para tentar matar Hayate, o Change Griffon.

Os afetados pelos desenhos sentiriam dores equivalentes aos efeitos representados nas imagens, daí a escolha do nome do monstro da semana, acredito, o que já é uma ideia assustadora e cruel o suficiente para merecer um lugar na lista.



9º Lugar

A Múmia - Ultraman

Quem achou uma boa ideia trazer uma múmia de uma escavação para casa? Especialmente quando a múmia tem uma cara de macaco horrível como esta. 

Os restos da uma criatura de natureza símia de 7.000 a 10.000 anos foram descobertos nas colinas de Okutama, desenterrados na década de 1960, ganham vida e atacam os funcionários de um centro de pesquisa no Japão. 

Sua cabeça é desproporcionalmente grande e desdentada e a parte inferior do seu corpo e dos seus braços estão ainda envoltas em bandagens. Esta besta com olhos de laser, após ser escavada pela Patrulha Científica, partiu imediatamente para uma matança.

Quando finalmente confrontado e destruído pelos membros da mesma patrulha, infelizmente antes que pudesse confrontar o herói da série Ultraman, sua morte de alguma forma convoca o gigante kaiju Dodongo, o seu "monstro cavalo" de sua tumba nas profundezas das colinas de Okutama. 

Apesar das lutas galhofeiras que mais lembravam um rodeio (ou rituais de magia negra), este episódio é mais lembrado pelos assassinatos super-assustadores do Homem Múmia.



8º Lugar

Giluke - Changeman

Shohei Yamamoto (1938-2019) foi o meu ator favorito do seriado Changeman, e o seu personagem, Giluke, o segundo melhor vilão, ficando atrás apenas de Ahames, que era uma perfeita mistura de personalidade, poder e beleza.

Giluke foi o comandante da nave Gozma e era originário da estrela Giraz, tendo inclusive conspirado junto com Ahames para destruir o senhor Bazoo, infelizmente fracassando e sendo obrigado a trabalhar para o vilão em troca da reconstrução de seu mundo. 

Teorizo que Giluke e Ahames possam ter sido mais do que companheiros de batalha. Os dois podem ter sido amantes, visto a maneira como o comandante de Gozma suspirava ao lembrar dela enquanto esperava por seu retorno. Ahames fazia tudo por poder, isto é, poder para reconstruir a sua estrela Amazo da qual era rainha. Seduzir Giluke seria fichinha perto das barbaridades que a moça causou.

Depois de usar Giluke como bem entendeu, Ahames não pensou duas vezes em dar um pé na bunda e roubar a aura energética da menina Nana da estrela Tequinolíquel, poder tão desejado por Giluke.

Por falhar em sua missão de eliminar os Changeman, Bazoo castigou Giluke o enviando ao cemitério espacial, local para onde todos os monstros espaciais vão antes de morrerem, sendo assim dado como morto. 
Isso era o que todos pensavam.
Ninguém esperava que o agora ex-comandante de Gozma se fundiria ao corpo de um monstro espacial moribundo antes de ambos morrerem. 
Assim, Giluke retornou ao mundo dos vivos, como uma alma penada para assombrar aos Changeman e à Ahames, que, como uma "ex" a dar o golpe, tomou tudo dele, a sua nave, os seus companheiros, o seu cargo, o seu poder...

Não subestime o fantasma Giluke por parecer um Teletube deformado. 
Ele era assustador. 
Destaco a cena em que quase assassina Hayate (O Changeman que todos os vilões querem matar) por estrangulamento.
Mais difícil de morrer do que o Freeza, o ex-comandante de Gozma teve a oportunidade de ressuscitar banhando-se na segunda aura energética emitida por Nana (que era bem mais poderosa que a primeira), através do ritual da missa negra da estrela Giraz.

Curiosidade: Surgidas desde o século III, realizadas por grupos que atacavam a Igreja com versões distorcidas das missas cristãs, as missas negras são cerimônias do Satanismo que fazem uma inversão da missa Tridentina para simbolizar a morte de Cristo sem sua ressurreição. Anton LaVey (1930-1997) fundou a primeira igreja de Satã nos EUA, a primeira organização abertamente satânica da história.

Então há a versão da missa negra alienígena do planeta do Giluke, que mais parecia uma reunião da Ku Kux Klan, em uma das sequências mais deliciosamente trash do seriado.
Giluke ressuscita com uma nova aparência, um "novo e criativo" nome e um bordão marcante, muito mais poderoso do que Ahames e com uma gargalhada de gelar a espinha do espectador, destacada pela voz de Marcos Lander (Orgulho de dublador capixaba).
O vilão volta para vingar-se dos Changeman e da mulher que partiu o seu coração.


Giluke é um homem de muitas faces: o comandante, o fantasma, o "Drácula espacial" e o monstro final da série. Pode não ser visualmente tão assustador quanto os demais da lista, mas o seu conceito, envolvendo satanismo e body horror (transformando seus ex-aliados e a si mesmo em monstros com seu novo arsenal de poderes), é simplesmente assombroso.




7º Lugar

Gaohm - Juukou B-Fighter

Lutando em uma guerra interdimensional contra um bando de jovens com armaduras de insetos? 

Se você não está vestido assim, não está fazendo certo!

Gaohm, líder do Jamahl e nêmesis de Juukou B-Fighter, é assustador de uma forma que não consigo definir. 

Há algo na sua cara que dá arrepios.

Claro, há também a maneira como sua mão em garra gigante sai das nuvens de tempestade para agarrá-lo e puxá-lo para a Zona de Gaohm, sua própria dimensão do caos pessoal. 
Sem mencionar que mais tarde ele tem uma aparição flutuando no espaço como uma espécie de leviatã Lovecraftiano. 

Cara, esse monstro era bem menos assustador em Beetleborgs.
O que estou dizendo? 
Beetleborgs já é bem mais assustador, só que no sentido negativo.




6º Lugar

Grande Líder do Shocker - Kamen Rider

Às vezes, basta um momento sólido para fazer uma declaração de horror. 

Caso em questão, o Grande Líder do Shocker de Kamen Rider de 1971. 

O Grande Líder passou 97 episódios como uma voz sem rosto saindo de um interfone, mas quando os Riders finalmente o conheceram pessoalmente no episódio 98, aqueles três minutos de tempo na tela foram absolutamente arrepiantes.

Não há luta final culminante, nem vitória heroica. 

Não há nem música, apenas risadas satânicas profundas enquanto o Grande Líder é desmascarado. 

Só conseguimos ver sua verdadeira face por alguns segundos antes que ele autodestrua sua própria base e, mesmo assim, nunca descobrimos o que ele era. 

Um alienígena? 

Um demônio? 

Um experimento científico que deu errado? 

Quem sabe. 


O Grande Líder retornaria em várias formas diferentes, mas nenhuma seria tão horrível quanto a primeira.




5º Lugar

Haru - Garo

Todos os monstros do tokusatsu adulto Garo de 2005 são bastante assustadores. 

Eles são literalmente chamados de Horrors, afinal. 
Mas nenhum tem um fator de fluência tão grande quanto Haru. 

Ela (?) é bem assustadora para um monstro peixe-sereia, porém o seu maior terror está em sua maneira de caçar as suas presas, isto é o que de fato a torna realmente assustadora. 

Já que é tipo um peixe, não pode abandonar o seu aquário e sair para comer humanos, em vez disso, seduz um cara solitário para caçar para ela, atraindo pessoas que se converterão em alimento para Haru, no melhor estilo A Pequena Loja dos Horrores.

Claro, não é tão dinâmico como alguns horror films, mas ter um cara normal encurralando você em um quarto escuro com um estilete, enquanto essa coisa nojenta assiste avidamente de um grande tanque escuro? 

Isto é o verdadeiro horror!




4º Lugar

Dada - Ultraman


Eu sei o que está pensando.

Parece só um maluco vestindo uma malha com estampa de zebra.  

Mas aparência não é tudo! 

Dada veio de uma dimensão paralela na busca por seis cobaias humanas. 
E se essa coisa estiver perseguindo você, é melhor fazer suas preces, preparar seu testamento, ou sei lá, porque provavelmente ele vai pegar você. 
Dada pode atravessar paredes, se teletransportar e mudar de tamanho à vontade.

Mas a habilidade mais assustadora de Dada é a constante transformação do seu rosto. 
Inicialmente, isso foi feito para enganar as suas presas, fazendo-as pensar que havia três seres diferentes as perseguindo. 


Assim que é ferido pelo Ultraman, porém, ele começa a mudar de rosto a cada poucos segundos. 
Há algo desorientador e perturbador em ser perseguido por algo assim. 

Seu rugido gutural terrível também não ajuda.





3º Lugar

Jisatsunoid - Jiban

Honestamente, todos os monstros do seriado Jiban são assustadores.

Kazenoid, outrora um simples boneco pertencente a uma doce garotinha, transformado pela organização criminosa Bioron em um monstro horripilante que espalha uma doença pelo ar de efeito devastador.
Chuushanoid, um monstro dotado de agulhas acopladas ao seu corpo ou guardadas em seus bolsos (?) que injeta venenos de todos os tipos de animais peçonhentos nas pessoas, um pesadelo ainda maior para quem tem medo de injeção.
Spiderblock, um criatura tão feia que nem posso descrever e que aparece no filme  Kidou Keiji Jiban: Great Explosion at the Monster Factory of Fear.
E a própria (?) Madogarbo que assassina o herói de forma brutal na metade da série (Ok, spoiler: ele ressuscita no episódio seguinte. Mas pense como foi ver aquela cena quando criança na época e não saber se teríamos o nosso Jiban de volta).

Mas nenhuma destas criaturas é um pesadelo tão horripilante quanto Jisatsunoid.

Surgindo no episódio 24, chamado Bem-vindos Ao Mundo Espiritual, Jisatsunoid é um ser perturbador em todos os sentidos. Sua aparência horrenda, como a de um cadáver em estado de decomposição, sua voz e sua personalidade.

Jisatsunoid é apaixonado de um modo quase sexual pela MORTE.

Ele se envenena aos poucos para apressar a sua morte.
Com seus poderes, pode enxergar o Mundo dos mortos, o que o faz sentir ainda mais vontade de morrer e se deliciar com os horrores e torturas as quais o aguardam naquele lugar.





Sua missão, para variar, era matar Jiban, mas Jisatsunoid desejava tornar a experiência mais divertida, morrendo junto com o herói.

O seu bordão: "Queeero morrer, queeeeero morreeeeeer".

Um demônio suicida, a criatividade do Japão não tem limites.





2º Lugar

A Mulher Aranha - Kamen Rider ZO

A Mulher Aranha foi uma das servas do Neo Organism do Kamen Rider ZO de 1993. 

Aparecendo como uma pequena aranha, ela enlaçava suas vítimas, transportando-as para um mundo alternativo cheio de teias e colunas gregas. 
Lá, ela poderia assumir sua verdadeira forma: uma aranha humanoide esquelética cheia de dentes afiados.

Projetada pelo mesmo artista dos Horrors de Gao, a Mulher Aranha é facilmente o mais assustador dos monstros do Neo Organism. E estamos falando sobre um filme com um monstro morcego que faz o truque do Homem Pálido com os olhos nas mãos em O Labirinto do Fauno. 


Ela foi renderizada por animatrônicos e stop-motion, tornando-a um dos monstros mais desumanos e assustadores de todos os tokusatsu.






Estas técnicas clássicas, já em desuso, podem produzir resultados muitos mais conviventes e arrepiantes do que as já saturadas técnicas de computação gráfica as quais já estamos acostumados a conferir no cinema moderno.




1º Lugar

Satasata - Shaider

Eu amo episódios de tokusatsu de Natal, mas, porra, este aqui é "perfeito"!

No episódio 29 da série do policial espacial Shaider, o monstro da semana criado pelos Fuuma é Satasata, criado para usar a alegre temporada de férias para deformar e corromper crianças japonesas.

Mas claro que Satasata não pode sair por aí parecendo um monstro com presas, então ele precisa assumir uma "forma mais normal" para se tornar o Papai Noel de Satanás!


O herói Shaider é convidado a ajudar a entregar presentes para um par de crianças, mas ele tem que fazê-lo da maneira apropriada e, aparentemente, o Papai Noel japonês não usa a chaminé e apenas entra por qualquer janela disponível.

Bem, poderia ser pior e pode apostar que fica.
"Satan Claus" faz o seu movimento e traz ao heróis o seu verdadeiro presente... uma péssima viagem de LSD!

Sua intenção é transformar todas as crianças no Japão e voltá-las contra o verdadeiro Papai Noel, dando-lhes presentes horríveis e assustadores. 

Parece bobo? Como você é ingênuo se assim pensar!
As cenas que se seguem são incrivelmente assustadoras e dificilmente poderiam ser transmitidas nos dias de hoje em respeito às sensibilidades de alguns espectadores.

Os produtores de tokusatusu por vezes gostam de traumatizar crianças.
Mas os produtores de Shaider devem odiar as crianças!

As crianças, que agora não estão tão empolgadas com o Papai Noel, ouvem uma música estranha, enquanto veem figuras encapuzadas em preto dançando.
Encantadas com a música, entram em fila e logo são conduzidas a um estranho altar na floresta onde Satan Claus está realizando algum tipo de serviço religioso.

O que vem então?


Um Papai Noel... crucificado... de cabeça para baixo?!
Uau, pensei que o Papai Noel deveria ser São Nicolau, não São Pedro. 

Japoneses, traumatizando a juventude desde pelo menos 1971!

A cerimônia continua com as crianças se juntando a um coro estranho e assustador e sendo transformadas em figuras vestidas de preto, mascaradas e sem rosto. 
Felizmente, Shaider chega para acabar com a festa e resgatar as crianças! 
Na manhã seguinte, ele até as devolve às suas famílias.


Porém, tudo é parte da trama de Satan Claus.
As crianças, sem nenhuma memória de seus pais, se transformam em cultistas vestidos de preto mais uma vez e se reúnem para causar confusão e destruir coisas!

Isso, é claro, leva à batalha final entre Shaider e Satasata, que tira seu disfarce de Satan Claus para utilizar seus poderes monstruosos e completos para enfrentar o homem da lei.

O resultado é bastante inevitável e o maligno Papai Noel impostor é destruído!

O Natal está salvo e enviaremos aos produtores do seu programa as contas de terapia para nossos filhos!





Hour Concour

O Deus Enguia - Patrine

As pessoas acham graça quando eu falo, mas é a verdade.

Não existe nada mais assustador do que PATRINE.

Não acredita?
A lista está de fato incongruente?
Então tente provar o contrário!

Situando o leitor, os vilões do seriado da Estrela Fascinante, a super-heroína criada por Shotaro Ishinomori (SIM, o criador dos Kamen Riders!), em grande parte, são inspirados em lendas japonesas, e este é também o caso deste apavorante personagem.

O Deus Enguia surge no episódio 17 do seriado, no qual Patrine se envolve em um estranhíssimo evento envolvendo uma família de carpas capazes de adquirir forma humana, constituída por um pai, uma mãe e o filho do casal, um garoto que não deve ter mais do que 10 anos de idade.

À princípio, Patrine precisou enfrentar a estranha família para salvar Kenji, um dos moleques integrantes do seu "fã clube", que fora por eles sequestrado e vestido como uma noiva japonesa (?).

Incapazes de fazer frente ao poder da heroína, os sequestradores decidem contar a sua triste história e pedir a ajuda.
Durante aquela época do ano, as carpas constantemente visitavam a terra para colocarem em prática as suas tradições de fazer piqueniques e apreciar a queda das pétalas das flores das cerejeiras.
É então que o Deus Enguia entra na história, outro peixe que pode assumir a aparência de um homem. Era ele que, com o seu poder de causar terremotos, proporcionava o belo espetáculo da natureza tão admirado pela família de carpas.
Tão fascinados eram com tal poder que prestavam honras e adorações ao dito Deus Enguia.

Por que o Deus Enguia é tão assustador?

Primeiro faça um paralelo de sua história com uma das lendas folclóricas brasileiras.

Sabem a lenda do Boto? O cetáceo amazônico safadinho que se transforma em um macho alfa, jovem e elegante em noites de Lua cheia, seduzindo as moças solteiras mais bonitas, engravidando-as e depois as abandonando?

O caso do Deus Enguia é parecido. 
Mas aqui é um peixe que se transforma em um cara elegante, embora velho, feio e com uma perversão que em nada deve ao nosso precioso tesouro da fauna brasileira.

O Deus Enguia exigiu da família carpas um tributo.
O seu tributo? 
Ele queria um noiva.
E quem seria a sua noiva?

O FILHO do casal carpa deverá se tornar a ESPOSA do Deus Enguia!!!

O Deus Enguia anuncia o seu desejo de desposar um garotinho com um sorriso cheio de dentes e uma expressão de causar asco em qualquer espectador.
E ele ameça a família. Caso não lhe entreguem a criança, causará um terremoto de grau 8 de magnitude capaz de destruir completamente o corpo de um homem, reduzindo-o a pele e ossos!

Daí o motivo para o sequestro do Kenji. 
A família carpa pretendia enganar o tarado entregando outra criança no lugar do seu filho.

O personagem e todo o seu encontro e luta contra Patrine são bem perturbadores.
Mas o episódio traz uma mensagem oculta interessante.

O filho carpa, obviamente, não queria se casar com aquele velho pedófilo.
O pai carpa ficou sem saber o que dizer, afinal era a sua tradição honrar as cerejeiras e ao Deus Enguia. "Existem coisas neste mundo que são inexplicáveis", ele declara e também pensa nas consequências de não cederem aos desejos do seu benfeitor.
Mas o pai carpa chega a uma conclusão: mais importante do que obedecer a tradição é proteger o seu filho. O dever dos pais acima de qualquer coisa é cuidar da integridade dos seus filhos ante qualquer situação, mesmo que isso signifique quebrar regras estritas.

E qual o tipo de pai que não zela por seu filho acima de tudo?

Após Patrine punir o Deus Enguia por, segundo ela, mesmo na sua idade não sentir vergonha de ter o desejo tão doentio como o de casar com uma criança, deixa também uma mensagem complementar.

Ao mesmo tempo que passa uma reafirmação ao conservadorismo japonês, parte da cultura deste povo, ataca o conservadorismo reacionário que tanto fere a juventude em nome de regras cruéis.

Quando uma cultura restringe as liberdades, esta tradição pode assumir um caráter maléfico.
Patrine declara que respeitar as tradições é importante, mas não mais do que garantir a proteção das crianças e dos jovens.
Precisou aparecer um homem enguia pedófilo a instrumentalizar da tradição de uma família em nome de si próprio para a mensagem ser entregue. 

Patrine é um cult no Japão e um motivo de piada por estas bandas.

Mas eu digo, nunca subestimem uma obra assinada por Shotaro Ishinomori!

Sério mesmo que encontrei um sub-texto em Patrine?


Bons pesadelos!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

FORMAS HILARIANTEMENTE ERRADAS PARA INSERIR "DIVERSIDADE" VERSUS LIBERDADE CRIATIVA EM OBRAS FICCIONAIS


Diversidade em obras de ficção, como nos atualmente badalados pela indústria cinematográfica quadrinhos de super-heróis, é perfeitamente normal. E isso não é tão recente como alardeiam alguns seguimentos intelectuais. "Personagens diversos" nasciam da vontade dos próprios autores, roteiristas, etc, embora limitados pela censura que era muito mais presente à época. Estes personagens que evocam a "diversidade" não surgiam dos recentes movimentos de reivindicação, mas obviamente levavam aos leitores questionamentos referentes aos momentos sociais contemporâneos. E, pelo menos entre os leitores, não havia a patrulha conservadora e a patrulha progressista se brigando pelo monopólio do que deve ou não ser publicado e do que é ou não politicamente aceitável. O público antigamente estava interessado apenas em boas histórias e em bom entretenimento, independentemente de como eram seus personagens.

Sempre reconhecemos nestas histórias que os heróis podem vir de qualquer raça, sexo ou nação. No entanto, muitas vezes os esforços dos escritores para criar os personagens faziam parecer que eles nunca tinham falado com nenhuma pessoa não-branca em suas vidas.

A seguir listo alguns dos episódios mais controversos relacionados a diversidade em Hq's clássicas.
ATENÇÃO: mais uma vez publico uma postagem com conteúdo CÔMICO, sem a intenção de ofender ninguém. Espero inclusive que siva como um questionamento sobre os preconceitos ligados às amarras sociais.

Várias informações presentes nesta postagem são creditadas ao site Cracked.



MONSIEUR MALLAH e CÉREBRO, o mais estranho casal das Hq's

Este primeiro caso, sinceramente, não entraria nesta lista, já que creio não ter tratado-se propriamente de uma tentativa de tornar esta Hq (Patrulha do Destino) mais diversa (Apesar do histórico de Grant Morrison, o seu roteirista na época em que foi publicada), mas sim o mais surreal e estranha possível. Objetivo que foi alcançado.

Por ser um caso tão bizarro quanto parece, tem a sua merecida menção.
Eu sei que estes personagens já apareceram outras vezes aqui no blog, mas é impossível não se repetir após tanto tempo publicando...

Todo mundo hoje já deve conhecer a Patrulha do Destino. Isso mesmo! Um dos grupos de super-heróis mais obscuros da história, e também uma das minhas Hq's clássicas favoritas, é agora razoavelmente popular graças ao seu seriado transmitido no Brasil pela Netflix em 2019. E todo mundo está amando o seriado.

Vejamos como (e se) o seriado adaptará personagens como a dupla de super-vilões Cérebro e Monsieur Mallah, a qual agora mencionamos...


O Cérebro, quando ainda era "apenas" um cientista louco, fez alguns experimentos científicos loucos com um gorila da montanha até que o macaco se tornou um gênio símio com o incrível poder de falar francês e o desejo de praticar o mal.

Inevitavelmente o cientista perdeu o seu corpo em algum tipo de acidente científico e acabou como um cérebro em um pote. E quando você acha que isso por si só já tornaria esta dupla estranha o suficiente...


Na fase dos anos 80 com Grant Morrison na Patrulha do Destino, mais precisamente em Doom Patrol Vol. 2 # 34, durante um evento  muito revelador, o Cérebro roubou um dos corpos robóticos sobressalentes do Homem Robô - corpo este que durante esta estarrecedora Hq ganhou vida própria e descartou o cérebro do seu dono Cliff Steele, o Homem Robô original -, membro da Patrulha do Destino.


Agora que finalmente tinha braços e pernas (e outras partes do corpo) novamente, o Cérebro diz a Mallah que sempre esteve secretamente apaixonado por ele, seu bichinho peludo, por anos, mas não podia confessar isso quando era apenas um órgão conservado dentro de um tubo...


O gorila militante e inexplicavelmente francófono confessa a seguir também estar apaixonado por seu mestre e retribui com seu amor gay e bestial, e eles então protagonizam o mais estranho beijo da história da ficção ocidental... até que… bem, você apenas terá que ler para acreditar…


…Sim. O corpo do Homem Robô se destrói porque este, sentindo-se finalmente livre da sina de ser apenas um receptáculo controlado por um cérebro humano, havia se autoprogramado para explodir caso alguém tentasse colocar um outro cérebro nele.

(Ironic mode on) É, acho que esta história foi capaz de convencer o grande público da época de que os homossexuais são pessoas como você e eu. Um grande salto para a tolerância. (Ironic mode off).

Esta história tem de tudo. Humor, homossexualidade e um exame sério da eterna questão filosófica: “Quem está no comando, a mente ou o corpo?”

Não é qualquer história em quadrinhos que nos dá não apenas um gorila gay, mas a Irmandade de Dada e uma super-heroína com Transtorno Dissociativo de Identidade (cada personalidade tem um poder diferente).

Patrulha do Destino é realmente foda!





VIBRO, o super-herói latino

Quando chegou a hora da DC Comics trazer ao mundo um jovem super-herói latino, surgiu Vibro. Ele começou a sua carreira em 1984 como Paco Ramone, um garoto de rua de Detroit com o poder de gerar vibrações de suas mãos, o que é uma habilidade que realmente seria bastante útil na vida cotidiana (pense nisso), mas provavelmente não é tão útil no combate ao crime quanto, por exemplo, invulnerabilidade ou super-velocidade.

Mas é claro que a verdadeira razão pela qual ele se juntou à Liga da Justiça foi por ser vítima de todo estereótipo latino que a década de 1980 tinha a oferecer.


Toda a caracterização do personagem parece ter sido realizada por um grupo de desenhistas que nunca conheceram uma pessoa latina e basearam todo o seu conhecimento em vídeos de break dance e no filme Scarface de 1983.


Um exemplo de enredo para o Vibro envolve o personagem trazendo um de seus novos amigos brancos para a sua casa para que seus pais fiquem orgulhosos dele, porque pessoas aparentemente brancas são tão reverenciadas na comunidade latina que simplesmente ser associado a uma eleva o seu status social ao de um herói local.

O velho "trazer o povo branco para casa para conhecer a família" recebe uma nova reviravolta quando os escritores, com base em todos os seus conhecimentos pessoais sobre a etnia do personagem, fazem Vibro ficar furiosamente irritado com um caucasiano por este se aproximar de sua irmã mais nova.


O respeitado artista de quadrinhos George Pérez, que é de ascendência porto-riquenha, ficou particularmente ofendido com o Vibro, e disse em uma entrevista em 1985 que o personagem, sozinho, o desligou de toda a Liga da Justiça.

Quando ele trabalhou em uma história em quadrinhos que envolvia um confronto da Liga da Justiça com os Vingadores (sua contraparte da Marvel Comics) que supostamente apresentava participações especiais de todos os membros anteriores de ambas as equipes, Pérez fez questão de que o "cameo" do Vibro consistisse em nada mais do que a metade inferior de suas pernas.


Pouca gente notou, mas o Vibro fez participações esporádicas
em Liga da Justiça sem Limites, a animação dos anos 2000 
que todos amamos.


Vibro no seriado do Flash.
O traje dele continua ruim.

Felizmente para nós, o povo latino-americano, passamos da fase dos Vibros e agora temos um Homem Aranha de sobrenome "Morales" estrelando um filme que inclusive foi premiado com um Óscar.





JOHN STEWART, o Lanterna Verde afro-americano

Quando Guy Gardner, o mais cômico Lanterna Verde da Terra, foi atropelado por um ônibus, ele foi substituído em 1984 por um homem afro-americano de fala invocada e um ar de malandrão chamado John Stewart.

A habilidade primária de John parecia ser ficar lembrando as pessoas de sua negritude a cada nova sentença, porque aparentemente seus escritores esqueceram que os quadrinhos têm imagens. Da maneira como foi feito, eles poderiam muito bem ter chamado logo o personagem de "Lanterna Negra".


Sim, isso pode ser um pouco chocante para o público não-leitor de quadrinhos e que foi conhecer o personagem John Stewart apenas na premiada animação da Liga da Justiça dos anos 2000.

Se durante a referida animação, John Stewart tornou-se um dos personagens mais queridos e populares principalmente por sua personalidade estoica e centrada, em sua primeira aparição nos quadrinhos, a sua personalidade era bem mais similar a personalidade do Flash Wally West apresentado no mesmo desenho animado, que aliás era o palhaço daquela equipe de super-heróis.


Talvez algum contexto ajudaria.

Na década de 1970, o autor do Green Lantern, Dennis O'Neil, e o artista Neal Adams tentaram lidar com questões tópicas complexas como o vício das drogas e a injustiça social.

John Stewart, que foi criado em 1971, foi sua tentativa de abordar o racismo, mas ele foi escrito por um nerd que queria ter certeza de que cada painel demonstrava claramente que a cor da pele de John não era um erro de coloração. O resultado foi um estereótipo ambulante.


Em um arco desta história, John começa a namorar uma mulher chamada Rose Hardin, que por acaso é uma ex-namorada de Hal Jordan. Hal fica chateado por sua ex agora estar namorando um outro homem e desafia John para uma batalha mental, que pode inicialmente parecer que ele quer jogar xadrez, mas literalmente significa que ele quer lutar contra John dentro de sua mente.

John aparece como várias personalidades diferentes, cada uma com um estereótipo pior do que o anterior (Não está claro se isso é feito por Hal ou John). As várias personalidades de John Stewart incluem um cafetão vestido de Robin Hood, um africano bongo, Barry Bonds e até o Balrog de Street Fighter.


Balrog vs Hal Jordan: "UUUUraaa!"

Hal percebe que ele está sendo um idiota e concorda em recuar, e ele e John terminam como amigos. Mas provavelmente havia uma maneira melhor para os escritores lidarem com preconceitos raciais latentes do que ter Hal Jordan confrontando os corvos do Dumbo com seus pensamentos.





IRMÃO VODU, o bruxo haitiano

Em 1973, a Marvel decidiu acrescentar um super-herói haitiano, certamente na esperança de ampliar os horizontes dos leitores com um olhar sobre a cultura daquela pequena e empobrecida nação. O resultado foi o Irmão Vodu. Um personagem até certo ponto popular pelo público mais hardcore de leitores de quadrinhos.


A história de fundo é que depois de passar 12 anos na faculdade, Jericho Drumm volta para sua casa no Haiti e descobre que seu irmão morreu de uma maldição vodu. Parece que parte da maldição impediu que alguém usasse um telefone ou enviasse uma carta para transmitir essa informação a Jericho.


Depois que seu irmão inevitavelmente morre, Jericho visita o feiticeiro local, Papa Jambo, e inexplicavelmente decide jogar uma década de educação no lixo e se tornar o Irmão Vodu. O seu traje, a propósito, consiste em um decote em V profundo, calças verdes e um colar de ossos.


Em uma das "aventuras" mais assustadoras do Irmão Vodu, ele usa suas habilidades para possuir uma jovem e atraente médica que veio ao Haiti para ajudar a combater doenças e fazê-la se apaixonar por ele.


Então, o Irmão Vodu, o primeiro super-herói haitiano da Marvel Comics e um poderoso praticante das artes místicas, usa sua feitiçaria para enganar uma mulher e obrigá-la a fazer sexo com ele. 

Ele faz isso infundindo seu corpo com o espírito de seu irmão morto, o que significa que além de essencialmente estuprar uma mulher, ele também está fazendo sexo com o fantasma de seu irmão. 


Enquanto isso, seu companheiro de editora, o Homem-Aranha, com um histórico de admiráveis boas ações, na mesma época seguia sendo massacrado pela mídia como um marginal.






CONNOR HAWKE, o Arqueiro Verde mestiço (e possivelmente gay)

Desde a década de 1970, o super-herói da DC Comics Arqueiro Verde fez sexo com praticamente todas as mulheres que ele conseguiu impressionar com insinuações baseadas em flechas. Portanto, não foi uma grande surpresa quando, no início dos anos 90, ele descobriu que tinha um filho birracial.

Ele foi nomeado Connor Hawke, e foi destinado a substituir seu pai como Arqueiro Verde para mais uma vez tentar dar nova vida ao personagem adicionando alguma diversidade. O problema era que os escritores não conseguiam concordar exatamente com a etnia de Connor, então decidiram fazer dele um japonês-negro de cabelos dourados.


De acordo com o enredo, a mãe de Connor era meio negra e meio coreana, e seu pai era o canhão de esperma caucasiano conhecido como Arqueiro Verde.

Então, Connor era tão diverso quanto eles poderiam fazê-lo, certo? Não é bem assim. Ele também era gay (Mas não totalmente gay).


Apesar de ser o filho de um vendedor ambulante de pênis, Connor não tem ideia de como se portar perto de mulheres e fica desconfortável quando tem que lidar com elas. Mas essa confusão sexual na verdade resulta mais em mal-entendidos e inaptidão hilariantes estilo George McFly.


Então, o Arqueiro Verde meio branco, meio negro-coreano e parcialmente gay, destinado a ser uma afirmação firme contra a imagem "socialmente aceitável" dos super-heróis de quadrinhos, saiu como uma mistura confusa.

O pior é que os escritores nem se atêm ao seu próprio plano e abandonam a confusa sexualidade de Connor quando o seu pai reaparece para que ele possa desenvolver um relacionamento com uma adolescente soropositiva.


Pessoalmente conheci o personagem em uma lista (se não me engano no site "Melhores do Mundo") de personagens que poderiam vencer o Batman.

Quando soube que o Arqueiro Verde tinha um filho que era um lutador tão foda que poderia vencer até o Batman, fiquei muito curioso pelo personagem. Não tinha ainda nenhuma noção do contexto para a criação do Connor (Estava há um tempo sem ler quadrinhos), tanto que naquela época pensei que ele era só meio asiático.


Connor Hawke no universo do seriado Arrow.
Nos seriados para a TV do Arrow e do Flash no CW, os produtores optaram por deixar o personagem menos confuso etnicamente.

Não curto há um tempo estes seriados, mas o contexto dos episódios que apresentaram o Connor ficou muito interessante, fazendo referência inclusive a Hq "Cavaleiro das Trevas" de 1986.






SENHOR DESTINO, o pedófilo transgênero Edipiano

Precisa ir ao Google procurar o que é "Edipiano"? Certamente que não, então vamos lá... Todos devem conhecer o Senhor Destino, um dos mais ridiculamente poderosos personagens da DC Comics, quiça de todos os quadrinhos e histórias ficcionais. Mas acredito que poucos devem conhecer uma das mais estranhas histórias as quais um personagem já protagonizou.

O Senhor Destinho, o feiticeiro membro da Sociedade da Justiça original, foi morto nos anos 80 e substituído por Eric e Linda Strauss, que se uniram para se tornarem o novo Senhor Destino.


Isso deu à DC Comics uma oportunidade maravilhosa de explorar o que acontece quando uma psique masculina e uma feminina habitam o mesmo corpo. O que eles fizeram foi tornar o Senhor Destino o super-herói mais assustador da história dos quadrinhos.


Linda Strauss é uma mulher na casa dos 30 anos, e Eric é seu enteado de 10 anos de idade. Quando eles encontram Nabu (o deus que os transforma no Senhor Destino), Eric é transformado em um homem adulto, e ele e Linda imediatamente fazem sexo.

Isso já é ruim o suficiente, mas as questões subsequentes deixam claro que Linda se sentia atraída por Eric mesmo antes de todas aquelas coisas de Senhor Destino.


Eric estava totalmente possuído pelo complexo de Édipo, porque aparentemente o incesto vende muitos quadrinhos. Um show de horrores se desdobra quando eles realmente lutam contra o crime como o Senhor Destino. Em vez de exibir algum tipo de luta mental com a confusão de gênero, o Senhor Destino alterna fisicamente entre ser um homem e uma mulher.


Às vezes, o Senhor Destino seria retratado como um homem flexionando os músculos abdominais no meio de uma explosão, e às vezes ele seria uma mulher com seios que todos olhavam.



Em cada aspecto dessa versão do Senhor Destino parecia que a DC Comics estava tentando nos atacar sexualmente com balões de falas.






EXTRAÑO, o feiticeiro abertamente gay com HIV

Em 1988, a DC Comics introduziu uma equipe de super-heróis chamada Novos Guardiões. Os oito membros eram de nacionalidades diferentes e pretendiam representar toda a raça humana.


Extraño era um homem peruano gay que recebeu o poder da magia. As más línguas dizem que ele era uma cópia descarada do Doutor Estranho da concorrente Marvel Comics, embora esteja mais para uma paródia do mesmo.

Ele foi provavelmente o primeiro super-herói abertamente gay e mais digno de nota é o fato de ser um dos piores estereótipos de histórias em quadrinhos de todos os tempos.


O seu visual bizarro parece ser uma mistura entre Nathan Lane em A Gaiola das Loucas e um sofá, e ele se refere a si mesmo como uma "bruxa", enquanto constantemente lembra as pessoas de como ele é "estranho":


Extraño também se esforçou muito para se afirmar como o "melhor amigo gay" de sua companheira de equipe Harbinger, usando seus poderes mágicos para aparecer em sua sacada e dizer a ela que os homens são todos uns idiotas.

A propósito, ele faz isso referindo-se à sua homossexualidade pelo menos uma vez por sentença, inclusive chamando a si mesmo de sua "tia" e assegurando-lhe que os dois não estariam fazendo sexo tão cedo.


Extraño e os Novos Guardiões logo enfrentaram um super-vilão chamado Hemo-goblin, um vampiro psíquico aidético nazista (Isso mesmo!), porque isto é um gibi e é assim que eles abordam questões sociais.


O Hemo-globin não ganhou o seu poder naturalmente. Ele foi criado por um grupo supermacista-branco com a intenção de infectar cada pessoa não-branca no mundo a fim de matá-los lentamente.
Presumivelmente, após cumprir a sua missão, o vilão morreu da doença. E para a sorte dos heróis, o personagem mais WTF já criado para uma Hq teve somente duas aparições.


Extraño é capaz de derrotar o Hemo-goblin, mas em decorrência do ataque do mesmo, agora toda a equipe de super-heróis pode estar infectada com o vírus da imunodeficiência humana.


Todos os membros que entraram em contato direto com o vampiro nazista da AIDS tiveram que fazer o teste para o HIV. Exceto Extraño, porque... ele já tem HIV.


Sim, Extraño, não bastasse estar já sobrecarregado com praticamente todos os estereótipos de homens gays que já existiram, também foi revelado ser HIV-positivo, que ainda era amplamente referida como "a doença gay", mesmo neste ponto na década de 1980.


Na defesa dos escritores, suas mãos estavam em grande parte amarradas pela censura, e não lhes era permitido identificar explicitamente qualquer personagem como homossexual. Mas, ao deixar implícita a sexualidade de Extraño, esta foi implementada com toda a sutileza de uma marreta feita de granadas de mão. E então eles deram HIV ao personagem.

As aventuras de Extraño e dos Novos Guardiões duraram apenas 12 edições antes que a série fosse cancelada. Ele e toda a equipe foram mais tarde transformados em anti-energia por um super-vilão galáctico (o Anti-Monitor na saga Crise nas Infinitas Terras), porque a DC Comics gostaria que todos nós nos esquecêssemos de que ele existiu.


Muitas das tentativas dos escritos em inserir personagens diversos nas histórias clássicas não partiam necessariamente de uma iniciativa para tratar questões sociais, uma vez que havia também interesses mais escusos. A inserção de personagens multi-étnicos e pertencentes a grupos reprimidos por amarras sociais muitas vezes visavam às cifras, atingindo outros públicos consumidores uma vez que coincidia com o crescimento da popularidade internacional das Hq's. É a globalização.

Hq's, tal como a música e o cinema, também podem atuar como uma forma de cultura de massa. Precisamos aceitar isso.

O grupo de jovens super-heróis Novos Mutantes da Marvel Comics por exemplo ganhou um integrante brasileiro. E assim fomos representados por um jovem mutante que descobriu seus poderes de se transformar em uma fama negra viva durante uma partida de futebol, falava espanhol e relatava que Buenos Aires ficava no Brasil, porque americano é realmente péssimo em Geografia.

Todos os personagens presentes nesta lista tiveram um importante significado histórico e todos eles se tornaram populares o suficiente para se tornarem personagens memoráveis. Como é o caso do Lanterna Verde John Stewart que hoje é considerado o principal e mais importante super-herói afro-americano da DC Comics.

Devido à época em que estes personagens foram criados, não havia patrulhas, os envolvidos e os leitores não se envolviam em polêmicas ou trocavam acusações e, é claro, o discurso destes quadrinhos acabava beirando o politicamente incorreto, um efeito inverso àquilo que se esperava ao reforçarem estereótipos marginalizados.

Mas fica claro, mais do que nunca nestes tempos sociais confusos que o conceito de "politicamente incorreto" é também muito relativo principalmente quando envolve os espectros políticos destros e canhotos. O politicamente incorreto vai valer sempre apenas para um dos lados dependendo da situação. Isto renderia uma futura postagem.

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