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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

BRUCE LEE INSPIROU A FICÇÃO E A VIDA REAL


Artista marcial. Filósofo. Cineasta. Mestre.
Bruce Lee foi um dos maiores artistas que o mundo já conheceu. 
Treinado nas artes marciais pelo igualmente legendário Ip Man, é considerado por outros grandes nomes como o melhor lutador de todos os tempos. Ele foi um dos responsáveis por apresentar o kung fu ao mundo e mudou completamente a forma como os asiáticos eram representados nos filmes norte-americanos.
A grandiosidade do nome Bruce Lee é indiscutível pelos maiores experts do mundo da luta. Assim, considero mais interessante para o leitor, abrir a postagem com algumas das opiniões selecionadas de alguns dos maiores mestres e artistas que tiveram a oportunidade de vê-lo em ação. 


Todos depoimentos dos referidos artistas marciais seguir foram diretamente extraídos do livro Bruce Lee & the Dawn of Martial Arts in America, ainda indisponível na versão em português do Brasil.



Ed Parker 
(1931-1990)
Titulação: Mestre décimo Dan (fundador do kempo karatê norte-americano)

"A primeira impressão que tive de Bruce Lee foi a de que era um fanfarrão. Mas logo descobri que havia me equivocado. Fiquei impressionado por seu talento. Ele era um entre 2000 milhões. Ensinava-lhe um golpe e uma nova técnica e, no dia seguinte, já o executava melhor. Se Deus pudesse dar um nome a todos os talentos naturais para as artes marciais, esse seria 'Bruce Lee'. Um indivíduo sem o seu talento natural poderia passar a vida inteira treinando e não encontrar jamais o que ele tinha"



Dan Inosanto
Titulação: Mestre em Pencak Silat Esgrima e Jeet Kune Do

"Eu, que lutei contra Bruce Lee muitas vezes, posso assegurar que ele era ainda melhor do que em seus filmes. Ele era realmente rápido e seus golpes eram muito explosivos. Sua velocidade, reflexos e resistência eram superiores. Já o vi enfrentar oponentes do judô, do kung fu, etc, e nunca jamais o vi perder. Comparando-lhe com Chuck Norris, por exemplo, um dos maiores competidores daquelas épocas, posso dizer que, na realidade, Bruce Lee brincava com ele, como um adulto brinca com uma criança. Digo isto sem reservas de nenhum tipo. Não é por desacreditar de Norris, que também é grande, mas esta é a verdade"



Joe Lewis
(1944-2012)
Titulação: Campeão dos pesos pesados de Full Contact e Kick Boxing

"Bruce Lee foi o homem mais rápido que já confrontei. Tinha ombros grossos, mãos rápidas e pernas magras e fortes e um bom torso que é a chave da explosividade em qualquer atleta. Tinha uma inteligência abstrata, soberba. Era muito bom conceitualizando. Podia traduzir imediatamente uma ideia em um conceito verbal e uma ação física. Apenas alguns poucos mestres são capazes disto. Por isso, a mim, me impressionou tanto"



Ernest H. Lieb
(1940-2006)
Titulação: Mestre Décimo Dan American Karate System

"Conheço em pessoa o senhor Lee. Tive o privilégio de trabalhar com ele diversas vezes. Ele superava em velocidade a maioria dos faixa-pretas que conheço. Ainda que eu tenha ganhado 42 torneios de karatê, não me considero a sua altura"



Ken Knudson
(1944-2006)
Titulação: Faixa Preta em Goju Shorei, Campeão de Karatê

"O poder dos socos e chutes de Bruce Lee são explosivos e perturbadores. Uma vez, ele me fez uma demonstração de seu chute lateral que me moveu tão rápido que me deixou com a sensação de que meus olhos tinham saído do lugar com o impacto. Aplica em todas as suas técnicas a lógica e me refiro a uma muito boa lógica em todas as suas técnicas"



Wally Jay
(1917-2011)
Titulação: Faixa Vermelha Décimo Dan Small Circle Jujitsu, Faixa Vermelha e Branca Sexto Dan em Judô

"Bruce é fascinante e incomparável. Não deixo de me impressionar com a sua capacidade, sua velocidade de relâmpago, sem detrimento da força tremenda de seus golpes"



John Rhee
(1932-2018)
Titulação: Mestre Décimo Dan Taekwondo

"Não conheci ninguém mais dedicado às artes marciais do que Bruce Lee. Há aqueles que o acusam de ser um lutador apenas nos filmes e não na realidade. Mas eu, que treinei com ele inumeráveis vezes, posso assegurar que na realidade Bruce Lee era um combatente muito bom e com um grande instinto. Nunca me atreveria a lutar contra ele por tão bom e efetivo que era. Nunca conheci ninguém, em proporção ao seu peso, tão forte quanto ele"



Bob Wall
Titulação: Faixa Preta Karatê Shorin Ryu, Nono Dan em Tang Soo Do

"Bruce Lee rechaçava a competição tradicional pela injustiça e a parcialidade dos árbitros em particular. Se tivesse existido o Full Contact, estou certo de que haveria combate de maneira profissional. Em minha opinião, teria sido campeão do mundo em sua categoria. Devemos entendê-lo bem com relação a isto. Ele era realista. Era muito rápido e não havia nada que poderia fazer frente a um peso pesado. Tampouco era um 'Superman'. Mas em sua categoria, ou incluso em algo superior, não haveria encontrado rival. Tinha a velocidade, a pegada, a técnica e, sobretudo, uma vontade sagrada de vencer. Uma mente prodigiosa, estava muitos anos adiantado e trabalhava mais que ninguém. Não poderia mais que admirá-lo, ainda que, ao mesmo tempo, me incomodava um pouco que ele não fazia mais do que pensar nas artes marciais"



Mike Stone
Titulação: Décimo Dan de Karatê Shorin Ryu, Campeão de Karatê

"Bruce Lee era um dos artistas marciais com mais conhecimento que conheci. Estava avançado para o seu tempo. Havia muitas coisas que eu queria aprender dele, como por exemplo, melhorar a minha atitude fazendo sparring ou sua simplicidade na defesa pessoal. Bruce era uma das pessoas mais fortes, quilo por quilo, que conheci. Poderia ter vencido muitos oponentes muito mais pesados do que ele. Creio que haveria sido extremamente bem na competição se acaso houvesse sido demasiado rápido para a maioria dos juízes, tal era o seu nível"



Louis Delgado
Titulação: Campeão de Karatê

"Nunca vi nada igual a Bruce Lee. Já me encontrei com vários lutadores de karatê, mas Bruce foi o único capaz de me desconcertar completamente. Estou completamente assombrado quando luto contra ele. Nunca vi ninguém como ele. Também fiquei muito intrigado e assombrado com a biblioteca de livros de Bushido que Bruce Lee tem. Realmente, não creio que haja ninguém mais dedicado às artes marciais orientais que ele"


Mas como a estrela do filme, Bruce Lee, se tornou um ícone tão universalmente reconhecido, apesar de completar apenas quatro filmes e morrer aos 32 anos?


1. Bruce Lee foi o primeiro herói de ação do cinema


Antes de Lee, o combate na tela era duro e pouco convincente.
O treinamento de Lee em várias artes marciais e formação em dança inspirou uma abordagem mais fluida e realista para o cinema.
Ele queria que as lutas na tela parecessem brutais e elegantes, um tema que alimenta filmes de ação desde então como O Tigre e o Dragão e Matrix.
Os cineastas americanos também adotaram o conceito de uma figura solitária que, a princípio, parece um cara comum, mas, quando pressionada, se transforma em um exército de um homem só.
Sem Bruce Lee não existiria Bruce Willis.

2. Bruce Lee tornou as artes marciais abertas a todos


Bruce Lee, Angela Mao, Bob Wall e Chuck Norris.

Os colegas e tutores de Lee em sua terra natal, a China, desaprovavam as técnicas de artes marciais ensinadas à pessoas de fora. Mas quando viveu em Seattle nos anos 60, Lee abriu uma escola de kung fu e ensinou abertamente o seu próprio sistema, o Jeet Kune Do ("O Caminho do Punho Interceptador"). Dentre os seus melhores alunos estavam incluídos Steve McQueen e James Coburn.
Lee rejeitou os rígidos estilos clássicos das artes marciais individuais e concebeu o Jeet Kune Do como um sistema que funcionaria em uma luta real, uma mistura dos melhores aspectos de boxe, esgrima, judô e kung fu.
Antes de Lee, essas técnicas eram misteriosas e esotéricas. Hoje, você pode estar matriculado em uma aula minutos depois de terminar de ler esta postagem.

3. Bruce Lee foi o primeiro guru de auto-ajuda

          

Lee era mais do que apenas um lutador. Ele era um pensador que incentivava os alunos a adotar disciplina mental e excelência física.
Grande parte de sua filosofia está relacionada à simplicidade do Jeet Kune Do ("Seja como a água"), mas muito de seu pensamento pode ser aplicado de maneira mais geral e foi adotado (e distorcido) pela indústria da auto-ajuda.

"Simplifique. Afaste o que não é essencial. Gaste muito tempo pensando em algo e você nunca conseguirá fazê-lo."
"Para o inferno com as circunstâncias. Crie oportunidades."
"Não procure uma personalidade de sucesso e tente duplicá-la. Tenha fé em si mesmo."

4. Bruce Lee derrubou barreiras raciais (literalmente)


Bob Wall, Bruce Lee e Chuck Norris.

Há um momento fantástico no filme de 1972 de Lee, A Fúria do Dragão, onde o astro foi impedido de entrar em um parque público japonês por um guarda que aponta para uma placa acima do portão:

"Não são permitidos cães e chineses"

Lee simplesmente responde quebrando a cara dos homens que zombaram dele, antes de saltar e quebrar a placa do portão com um poderoso chute voador.


A história deste longa envolve um jovem estudante de artes marciais e o misterioso assassinato de seu mestre. Em busca da verdade e da vingança, ele descobre uma grande operação de tráfico de drogas, uma escola de lutadores rivais e a tensão entre chineses e japoneses como os responsáveis pela morte de seu mestre.

Em combates brutais, valendo-se unicamente da força de seus punhos, Lee enfrenta os assassinos de seu mestre e as forças imperialistas japonesas que querem dominar o seu povo.

Em um outro momento particular destacável, Lee entra em um dojo japonês rival e devolve-lhes um "presente" provocativo, um placa cujo letreiro diz "Doentes da Ásia" (um insulto persistente da Segunda Guerra Mundial). 


Lee também esmaga a placa com a inscrição racista, arrancando o seu papel e força alguns dos alunos do dojo japonês a comê-lo, após serem completamente derrotados pelo seu kung fu.

Vivendo um homem atormentando e impossibilidade de fugir do destino, Lee representa metaforicamente um dívida de sangue pelas dificuldades enfrentadas pelos cidadãos chineses desde o  momento histórico no qual os japoneses começaram a ter mais influência em Xangai e todo o sentimento de revanche do povo chinês pelas feridas deixadas pós-Segunda Guerra Mundial. (Assistam ao animê Joker Game, ele retrata brevemente o cenário de uma Xangai de joelhos ao imperialismo e dominada pela violência e pela corrupção de todos os lados)

O personagem de Lee é aqui um herói trágico com o fardo de sujar as mãos e macular os postulados pacíficos de seu respeitado mestre, paradoxalmente, em função da perpetuação da doutrina na qual foi educado. Lee é impressionante em sua atuação, não encontrando sequer um adversário à sua altura. Esta sua performance serve figurativamente a imagem mística de um dragão chinês indestrutível, símbolo de idealismo e resiliência, onde o sacrifício de alguns vale se proporcionar a felicidade de todos os demais.


"Hoje vocês comem papel. Na próxima, comerão vidro"

Nos anos 60/70, quando as atitudes transculturais não estavam ainda tão esclarecidas, o estrelato de Lee carregava um amplo poder por trás de uma mensagem intransigente: considerar uma raça como "inferior" a outra é estúpido.

5. Bruce Lee é o avô da corrida livre


Bruce Lee e seu mestre Ip Man

A filosofia Jeet Kune Do de Lee, expressão fluida combinada com eficiência de movimento, é praticamente o principal guia por trás da corrida livre/Parkour.
Muito da filosofia de Lee foi inspirada nas idéias zen-budistas em torno da transcendência do pensamento consciente ("O eu é o maior obstáculo à execução de toda ação física").
Os praticantes de corrida livre/parkour pretendem viajar de um ponto a outro da maneira mais suave e eficiente possível para obter um tipo de fluxo físico.
Visite qualquer academia/escola do Parkour e você com toda certeza verá um pôster de Lee, que certamente teria aplaudido a graça e o dinamismo do estilo.

6. Bruce Lee inventou o malhar


Antes de Lee, as academias de ginástica eram sobre fisiculturistas do tipo Arnie, uma obsessão competitiva, do tipo fetichista.
Com foco típico na praticidade, Lee percebeu que o corpo masculino ideal seria forte e musculoso, mas também elegante e aerodinâmico, construído para poder e velocidade. A ideia agora universal de ir à academia, parecer e se sentir bem e, talvez, criar um pouco de tônus ​​muscular é puro Bruce Lee.
O fato é que ele também bebeu bife liquidificado para aumentar seus níveis de proteína.

7. Bruce Lee é o pai espiritual do hip-hop


Bruce Lee e a atriz de Hong Kong 
Diana Chang Chun-wen em Chinatown 
de São Francisco.

Todos os elementos básicos do hip-hop têm raízes na filosofia fluida e livre de Lee (rap freestyle, scratching) e na fisicalidade de agitar as pernas (breakdancing).
Mas ele também foi uma grande inspiração como ícone étnico, um "outsider" cuja presença e potência ofereciam uma imagem surpreendente de empoderamento não-branco (RZA de Wu Tang Clan: "Eu acredito que Bruce Lee era um profeta menor").
Lee foi referenciado, analisado e amostrado em inúmeras faixas inspiradas em hip-hop. A sua imagem do filme Jogo da Morte de macacão amarelo (também referenciada por Tarantino para Kill Bill) foi referenciada diretamente para o clipe de Game of Death de Gorillaz.

8. Bruce Lee moldou a cultura dos super-heróis

Para Stan Lee, fundador da Marvel Comics, "Bruce Lee era um super-herói sem fantasia. Ele foi o primeiro a conscientizar os ocidentais desse tipo de luta e modo de vida".
A Marvel produziu muitas séries de quadrinhos inspiradas em Bruce Lee, como Mestre do Kung Fu (Shang-Chi muito em breve terá seu próprio filme a integrar o MCU) e Punho de Ferro, e as qualidades instantaneamente reconhecíveis e sobre-humanas de Lee penetraram em muitas outras áreas da cultura pop (Tente encontrar um videogame de luta sem um Bruce Lee como personagem).

8.1. Personagens da DC e Marvel Comics

Richard Dragon

É menos uma referência a um personagem em particular e mais a alguns como um todo. Por causa da mania de kung fu dos anos 70 impulsionada por Bruce Lee, personagens como Punho de Ferro (Marvel), Shang-Chi (Marvel), Richard Dragon (DC) e Tigre de Bronze (DC) surgiram. 
As referências mais notáveis ​​que eu já vi com alguns dos personagens estão na arte em que estão representados. Às vezes, temos Shang-Chi vestindo um traje semelhante ao de Lee ou até desenhado para parecer mais semelhante a ele. Se tiver a oportunidade de ter em suas mãos algum exemplar dos quadrinhos clássicos, você observará que quanto mais antiga sua edição, mais Shang-Chi se assemelha a Lee. O Mestre do Kung Fu era um autêntico retrato de Bruce Lee.


Kill Bill Volume 1: A atriz Uma Thurman veste 
uma roupa realmente semelhante ao macacão 
amarelo de Bruce Lee de Jogo da Morte.
Sim, até Bob Esponja também referencia o 
mesmo filme envolvendo Bruce Lee. No
episódio "Ilha Karatê", Sandy Bochechas
veste o mesmo macacão amarelo e enfrenta 
uma série de oponentes em cada andar de 
um edifício semelhante às lutas finais 
de Jogo da Morte.


8.2. Vídeo Games

Maxi e Li Long (Soul Calibur)


Aqui estão dois personagens da série Soul Calibur que foram influenciados por Lee. Sim, o visual não existe, mas um acessório de Lee está presente: o nunchuckus. Ele os usou na maioria de seus filmes como Jogo da Morte e Operação Dragão. Além disso, alguns dos movimentos do astros estão presentes.


Fei Long (Street Fighter) 


Fei Long surgiu em Super Street Fighter II. Um dos maiores tributos a Bruce Lee dentro dos vídeo games. O passado de Fei Long nunca foi muito explorado dentro do modo história do jogo, mas tal qual Bruce Lee, Fei Long é um habilidoso lutador e um grande ator do cinema oriental. 


O encerramento do personagem (imagem acima) é um dos melhores de todo o Super Street Fighter II e é como o final da história do próprio Bruce Lee. Mesmo após a sua morte, seu legado se mantêm vivo com centenas de milhares de estudantes de artes marciais por todo o mundo, os quais receberam seus ensinamentos e os transmitirão para as próximas gerações e para todo o sempre.

Jacky (Virtua Fighter)
 

Jack Bryant é menos uma referência à sua aparência e mais ao estilo de luta de Bruce Lee.
Com relação a sua aparência, podemos ver claramente que o personagem é inspirado no músico britânico Billy Idol.  
Você pode olhar para Jacky e dizer com certeza que ele não se parece nem um pouco com Bruce Lee, mas o seu estilo de luta é exatamente o Jeet Kune Do, o estilo de luta que Lee inventou. 
Só não me pergunte se ele está usando certo, porque eu não sei.  

Lei Marshall Law e Lei Forrest Kaw (Tekken)


Marshall Law era o sósia de Bruce Lee na série Tekken
Em Tekken 3, ele foi substituído por seu filho, chamado Forrest Law e que também era praticamente Bruce Lee 2.0. 
Eles tinham tudo, desde a aparência até alguns dos maneirismos, os gritos e também usavam os famosos macacões amarelos. Eu me pergunto: O que aconteceu com Forrest depois de Tekken 3? 
Ele voltou no Tekken Tag Tournament 2, mas isso é tudo. Oh, bem, ele era apenas um clone de seu pai.

 Liu Kang (Mortal Kombat)


A maioria dos lutadores de Mortal Kombat foi baseada em algum dos grandes nomes da cultura pop. Johnny Cage era praticamente um pastiche de Jean-Claude Van Damme, enquanto Liu Kang, era Bruce Lee. A aparência e os seus maneirismos estavam presentes no primeiro jogo. 

É como se alguém literalmente pegasse o personagem de Lee de Operação Dragão e o jogasse no game. Em Mortal Kombat original, Liu Kang era praticamente o próprio Bruce Lee. Nos próximos jogos, ainda adicionaram ao personagem os mesmos gritos de Lee, mas ele foi ganhando mais personalidade própria, com um design que incorporou cabelos compridos e uma faixa vermelha estilo Ryu (ou Rambo). Em Mortal Kombat X ele tem o o seu melhor design, na minha opinião, incorporando longos cabelos grisalhos indicando a passagem do tempo na história da franquia. Já em Mortal Kombat 11, Liu Kang ficou com o desenho do seu rosto muito mais semelhante às feições de Bruce Lee e ainda ganhou nunchakus como mais uma referência ao ator e artista marcial chinês.


Evolução do design de Liu Kang.

E por falar em personalidade, Liu Kang é muito mais do que um Bruce Lee de cabelo comprido, chegando inclusive a agir como um anti-vilão por um tempo, mudando drasticamente o tom da sua história. Felizmente, ele retornou ao seu papel original como o eterno original protetor do Plano Terreno.

Os fãs mais antigos e esclarecidos dos videogames sabem que certamente Liu Kang teria sido o primeiro Bruce Lee dos games de luta, sendo seguido logo depois por Fei Long. 
Aqueles menos esclarecidos ainda se perguntam: Quem teria sido o primeiro? Liu Kang ou Fei Long?
A resposta certa é: Nenhum dos dois, uma vez que o primeiro Bruce Lee foi na verdade o personagem Kim Dragon do pouco conhecido jogo da Alpha Denshi (a antes conhecida ADK)/SNK World Heroes.

8.3. Animês


Sendo a cultura japonesa fortemente influenciada pelas artes marciais e pelos ideais benéficos do esforço e aprimoramento constante para superar os desafios e as adversidades, não é de surpreender ver estas particularidades culturais refletidas em sua indústria de histórias em quadrinhos e produção de desenhos animados. Vou citar apenas as referências mais óbvias, pois existem milhares de outras.

Kenshiro (Hokuto no Ken)


Começamos por uma das referências mais óbvias: Kenshiro, o herói/protagonista do animê/mangá Hokuto no Ken.
A história, uma das mais fantásticas e populares da história dos mangás que envolvem artes marciais, conta com muitos elementos do cinema de ação ocidental e oriental. O herói Kenshiro é muito semelhante fisicamente ao ator Sylvester Stallone e apresenta todos os trejeitos e maneirismos de Bruce Lee, incluindo os seus brados de batalha, e mesmo nunchakus foram por ele utilizados em algumas lutas.

Might Gai e Rocky Lee (Naruto)


Rocky Lee é uma das referências mais óbvias da história dos animês ao mestre Bruce Lee, inclusive em seu próprio nome. Além de fisicamente lembrar uma caricatura de Bruce, o personagem luta de forma maliciosamente idêntica. Embora Naruto seja uma história sobre ninjas, Rocky Lee luta livremente como um praticamente de kung fu na maioria das vezes.
Seu mestre Might Gai, o personagem mais legal e forte de Naruto na minha opinião (e também na opinião de Uchiha Madara), ainda que fisicamente lembre mais outro ator e também artista marcial chinês, no seu caso Jackie Chan, referencia muito mais a Bruce Lee do que seu discípulo em alguns detalhes da sua filosofia, maneirismos e estilo de luta. Posteriormente, Gai-sensei ainda acrescenta nunchakus aos seus acessórios de combate. 

Dragon Ball


Dragon Ball, provavelmente o animê/mangá mais conhecido do mundo não seria possível sem a existência de Bruce Lee. O mangaká Akira Toriyama, sendo um grande fã de filmes e fortemente influenciado por eles, para compor a sua obra, inspirou-se principalmente em Operação Dragão
O Tenkaichi Budoukai pega emprestada a ideia do filme que introduziu ao ocidente um torneio de luta com combates reais. 
A Torre dos Músculos, uma das mais famosas edificações da Saga Red Ribbon, com diferentes inimigos a cada andar com um estilo de luta diferente foi também inspirado em O Jogo da Morte.
O estilo de luta predominante de Dragon Ball é o kung fu, no entanto, com o decorrer da série, os personagens parecem assumir um estilo de luta próprio, o que pode ter sido influenciado pelo Jeet Kune Do e a filosofia de Lee (“Estilo do sem estilo”, "Seja água").
O próprio treinamento ministrado pelo Mestre Kame visava a preparação do corpo e da mente. Goku foi treinado para se adaptar e analisar o melhor jeito para vencer as lutas.


Já em Dragon Ball Z, vemos Vegeta treinando numa gravidade de 300G (imagem acima), na qual realizava apoios com dois dedos que muitos diriam serem impossíveis de serem executados por qualquer ser humano, mesmo se em nossa conhecida gravidade. Esse famoso apoio com dois dedos é o mesmo demonstrado por Bruce Lee durante uma apresentação de karatê.

Bruce Lee exite no universo das histórias de Dragon Ball?


ShenLong no Densetsu, o primeiro filme de
Dragon Ball: na cena vemos um misterioso
motorista mascarado idêntico ao personagem
Kato, interpretado por Bruce Lee na série de TV
O Besouro Verde.

É incrível, mas a resposta para a pergunta é SIM!
Além das várias referências na arte de Toriyama, o nome Bruce Lee foi mencionado por alguns personagens no começo da saga do Torneio de Artes Marciais. 
Quando Kuririn surge na história exigindo ser aceito como um discípulo de Mutenroshi, o Mestre Kame, o monge careca chega a mencionar ter treinado um tempo no templo de Bruce Lee.
O Mestre Kame fica feliz com isso e menciona que o ator e artista marcial é seu amigo.
"O Bruce é meu amigo", disse o velho mestre naquela ocasião.
Mestre Kame e Bruce Lee com certeza aprenderam muito um com o outro.


A lista de séries animadas, quadrinhos e filmes japoneses é imensa, portanto cito apenas mais algumas menções especiais:

Inosanto Dan (Tenjho Tenge): Inosanto Dan de Tenjho Tenge é uma cópia incrivelmente flagrante de Bruce Lee. Ele se parece, grita e se veste como ele. Usa nunchaku, é o presidente do "Jun Fan Kung Fu Club ", e assim por diante. 
E seu nome ainda é uma referência a um dos melhores alunos de Bruce Lee (presente na parte de depoimentos desta postagem).
Spike Spiegel (Cowboy Beebop): O caçador de recompensas protagonista da série, Spike Spiegel, ensina ao personagem Rocco um princípio de Jeet Kune Do. Quando você assiste Cowboy Bepop, descobre que Spiegel não só pratica as artes marciais Jeet Kune Do de Bruce Lee, mas também segue suas filosofias. 
Hitmonlee (Pokémon): A poderosa dupla de Pokémons lutadores, Hitmonchan e Hitmonlee, é baseada em duas grandes celebridades das artes marciais, Jackie Chan e Bruce Lee. 


Pao-lin Huang (Tiger & Bunny): Ágil e jovem lutadora de kung-fu Pao-lin Huang, também conhecida como Dragon Kid, do anime Tiger & Bunny, é uma homenagem direta a Bruce Lee. Adornada com um agasalho de treino amarelo e com um "Dragão" como apelido, uma homenagem ao clássico Operação Dragão (Enter the Dragon).
Shiryu (Saint Seiya),
Seijuro Shin (Eyeshield 21),
Wonrei (Gash Bell),
etc.

9. Abbas Alizadeh, o Bruce Lee afegão


Antes de falarmos sobre este incrível personagem real, o qual se popularizou na Internet desde 2014, é necessário um pequeno resumo de uma história esclarecedora para a atual situação do Afeganistão.

Se você conhece à fundo a realidade da referida nação do Oriente Médio e tivesse que escolher onde morar entre a Arábia Saudita, a Coreia do Norte e o Afeganistão, certamente escolheria ou a Arábia Saudita ou a Coreia do Norte. 

O Afeganistão é um país que há mais de 40 anos não vê a paz!

Tudo começou com o apoio militar da antiga União Soviética (URSS) ao governo legítimo socialista do Afeganistão no momento que este país se defendia principalmente dos insurgentes Muyahidines, grupo de guerrilheiros afegãos islâmicos liderados por ninguém menos que Osama Bin Laden e apoiados por armas e muitos dólares vindos diretamente do "país das maravilhas". 

Isso mesmo, os Estados Unidos por meio da CIA financiaram a Osama Bin Laden em sua luta contra os soviéticos no Afeganistão em uma operação que fez parte da Guerra Fria e contribuiria para o seu embate definitivo.

O Afeganistão é um lugar muito perigoso para se viver, mas nosso personagem, Abbas Alizadeh, não teme a morte e espera viver até os 50 ou 70 anos. Ele começou a treinar desde os 14 anos, imitava os movimentos de Bruce Lee e aprendeu a usar os nunchakus vendo os seus filmes. Bruce era seu herói de infância e sonhava em ser como ele.

Após conquistar a sua independência do Reino Unido em 1919, o Afeganistão, sob o governo do rei Amamnullah Khan, experimentou grandes progressos, especialmente em questão de Direitos Humanos.
Porém, tudo isso mudou após um golpe de Estado arquitetado pelo Reino Unido e com a queda com rei Amamnullah em 1929.
 
Nós latino-americanos estamos muito habituados com situações assim em nosso continente. Quando um país que outrora enfrentava grandes instabilidades começa a caminhar com suas próprias pernas, contrariando interesses transnacionais, tem sua caminhada interrompida por golpes financiados pelas grandes nações imperialistas (leia-se Estados Unidos). Perdemos o sentido de comunidade, de povo, agora fomos reduzidos apenas um amontoado de pessoas sobre uma terra arrasada. 
 
Em 1978, os socialistas chegaram ao poder no Afeganistão. Algumas de suas reformas foram boas e outras péssimas. Eles revolucionaram a escolarização, isso foi ótimo, porém cometeram equívocos com a reforma agrária e o seu erro mais grotesco foi impor uma ideologia ateia sem levar em conta o espírito religioso daquele povo. 
Facções rebeldes e religiosas extremistas desataram uma escalada de violência no Afeganistão. 
As duas maiores potências do momento, Estados Unidos e URSS entram então no jogo.
Aqui cabe uma distinção básica entre invasão e intervenção. 
A URSS não invadiu o Afeganistão. As duas nações estavam alinhadas politica e ideologicamente na época. O próprio governo afegão solicitou aquela intervenção por parte do governo soviético devido ao caos que reinava em seu país.
O mesmo não pode ser dito sobre a ação americana na Síria. O caso Síria foi uma invasão norte-americana, porém o caso Colômbia foi um simples uma intervenção. 
Estados Unidos e Colômbia estão alinhados politicamente há muitos anos e o governo colombiano solicitou a intervenção norte-americana. 
Pedidos de colaboração entre nações politicamente alinhadas fazem parte da geopolítica estável, a isso chamamos de intervenção. 
A ação norte-americana em solo afegão, conhecida como Operação Ciclone, teve Osama Bin Laden como um grande aliado para impedir o avanço do comunismo. Ele foi chamado pelo jornais norte-americanos da época de um guerreiro anti-soviético que lidera um exército no caminho da paz. Quem diria? 


Jornal norte-americano The Independent:
"Guerreiro anti-soviético põe seu exército na estrada para a paz"
Era assim que os Estados Unidos viam Osama Bin Laden quando
os inimigos dele eram os soviéticos.

O norte-americanos colocaram uma marionete sua no poder do Afeganistão em 1996 e os talibãs transformaram o país em um reino de terror. O resto da história todos conhecemos: Após o atentado terrorista ao World Trade Center em Nova Iorque (2001), cujo mentor teria sido Osama Bin Laden, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão com uma intenção aparente de caçada ao terrorismo.
O Afeganistão é apenas um dos muitos exemplos de países onde a invasão dos Estados Unidos, em nome de seus interesses políticos e econômicos, substituiu um governo levando aquela nação a cair nas mãos de grupos religiosos extremistas anti-democráticos.
A hipócrita política norte-americana professa ser intolerante aos países que dialogam com ditaduras, mas os Estados Unidos por muitos anos dialogam e tem como aliados poderosas e sanguinárias ditaduras, como a Arábia Saudita, além de terem colaborado na criação de outras.

Em meio a todo este caos nasce um nova estrela, Abbas Alizadeh, um jovem que com a ajuda do esporte tenta inspirar os demais, grandes ou pequenos, a se tornarem fortes ante as adversidades. Entretanto, surgem religiosos radicais  que não apenas o criticam, mas também o ameaçam de morte. 
Se há 100 anos as mulheres do Afeganistão poderiam andar nas ruas sem medo, agora sabemos como devem andar vestidas. 
Se há 100 anos havia mais liberdade de pensamento, agora sabemos o que pensam aqueles que criticam o Bruce Lee afegão.
Se há 100 anos havia mais liberdade religiosa, os líderes daquela nação pautam toda a sua lei exclusivamente sob seu livro sagrado.

É revoltante pensar no grande perigo de vida que este jovem corre em pleno século XXI apenas por querer viver a sua liberdade e o mais importante sem fazer mal a ninguém.
Abbas Alizadeh é exemplo de persistência e perseverança. Em nome da liberdade, sua mensagem toca diretamente todos aqueles que ainda defendem a democracia. Frente um estado anti-democrático, desobedecer sempre, reverenciar jamais.

"Quero encontrar o meu lugar no mundo. Quero ser Abbas. Não quero ser Bruce Lee. Como já disse, nunca haverá ninguém igual a Bruce Lee. como tão pouco haverá outro como Abbas".

Abbas Alizadeh

domingo, 19 de janeiro de 2020

BOSSA NOVA: AS MELHORES CANÇÕES


Uma nova onda para a música nacional surgiu durante a década de 1950. Esse gênero em particular nasceu no Rio de Janeiro, quando músicos locais fundiram a cultura popular brasileira ao jazz. Devido aos milhões de africanos enviados para o Brasil nos tempos coloniais, um intercâmbio cultural permitiu o nascimento do samba algumas décadas antes desse gênero de "jazz brasileiro".

O Rio de Janeiro, hoje desgraçadamente reduzido a nada mais que um antro miliciano gospel, já foi lugar de cultura pungente. Durante aquela década de 1950, o Brasil vivia a euforia do crescimento econômico gerado após a Segunda Guerra Mundial.

Com base na onda de otimismo dos “Anos Dourados”, um grupo de jovens músicos e compositores de classe média alta do Rio de Janeiro começou a buscar algo realmente novo e que fosse capaz de fugir do estilo operístico que dominava a música brasileira. Estes artistas acreditavam que o Brasil poderia influenciar o mundo com sua cultura, por isso, o novo movimento visava a internacionalização da música brasileira.


Creed Taylor e a explosão da Bossa Nova.

Em Agosto de 1958, o violinista baiano João Gilberto gravava long play de 78 rotações, este o primeiro em que estão juntos, a sua voz e o seu singular jeito de tocar. Um ano depois lançou o seu primeiro LP "Chega de Saudade" que marcou definitivamente a presença do estilo musical no cenário brasileiro. Era o nascimento deste gênero.

O gênero é chamado Bossa Nova, que literalmente significa "nova onda". A Bossa Nova combina o melhor dos ritmos do samba e instrumentos portugueses com o jazz, o que dá à música um pouco de vibração, ainda que fria, do próprio jazz. Atualmente, a Bossa Nova é conhecida em todo o mundo, e agora conta com artistas de ponta emergentes do Brasil e colaborações com músicos de jazz americanos.

A Bossa Nova é reconhecida como parte da cultura do Brasil. Os seus músicos escreveram canções sobre a vida brasileira, mulheres, cultura, amor e felicidade. Os instrumentos utilizados na Bossa Nova incluem violão, bateria e percussão e, às vezes, um pouco de piano. Mas tem seu ritmo principal, baseado na música samba, que a diferencia dos outros gêneros.

A Bossa Nova foi consagrada internacionalmente no ano de 1962, em um histórico concerto no Carnegie Hall de Nova Iorque, no qual participaram Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfá, Carlos Lyra, entre outros artistas.


Vinicius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto e Aloysio de Oliveira.

Dentre as características principais deste gênero musical estão o desenvolvimento do canto-falado, ao invés da valorização da “grande voz”, além da marcante influência do jazz norte-americano. Esta influência, inclusive, foi criticada posteriormente por alguns artistas.

Em meados da década de 1960, um grupo formado por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime procurou reaproximar a Bossa Nova ao samba, ao baião e ao xote nordestino.

Durante a turbulência política brasileira na década de 1960, quando do golpe militar, a Bossa Nova foi ofuscada pela música popular brasileira (MPB), tornando as músicas da Bossa Nova mais carregadas politicamente como forma de protesto, as suas canções começaram a trazer temas sociais.


Milton Nascimento e Chico Buarque: música censurada ao vivo.

A maioria dos brasileiros sente que a Bossa Nova faz parte de sua herança cultural, e este estilo é adorado por milhões de pessoas no mundo inteiro, especialmente por aqueles que amam jazz. Devido à sensação oscilante da música, letras atraentes e ritmos atemporais, será um eterno gênero musical e uma plataforma de expressão.

O samba pode ser a música mais definidora do Brasil do ponto de vista global, mas a Bossa Nova é igualmente importante no país. O mais famoso estilo musical dos anos 50 e 60, fundindo samba, jazz e blues, criou um som nostálgico e comovente, cujos artistas mais célebres são conhecidos (e RECONHECIDOS) e celebrados internacionalmente.

Mergulhe agora na cultura de nossa casa, com um Top 15 músicas mais importantes da Bossa Nova:




Caetano Veloso - Coração Vagabundo

Um dos artistas brasileiros mais célebres é Caetano Veloso. Ele é mais famoso por sua influência no gênero tropicalista da música e também influenciou o gênero da Bossa Nova.
A letra dessa música inclui:

“Meu coração nunca se cansa 
De ter esperança
De um dia seja tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só lembrança
De um vulto feliz de mulher 
Que passou por meu sonho sem dizer adeus"






Elis Regina - Eu Preciso Aprender a Ser Só

Essa música foi gravada por quase todos os grandes cantores da Bossa Nova, mas a versão cantada por Elis Regina é uma das mais tocadas e populares. As palavras capturam dolorosamente a sensação de estar longe de quem você ama. As palavras incluem:

“Ah, se eu te pudesse fazer entender
Sem o seu amor eu não posso viver 
Que sem nós dois o que resta sou eu
E assim tão só
Poder dormir sem sentir teu amor
E ver que foi só um sonho e passou"






Tito Madi - Chove Lá Fora

Tito Madi é um artista menos conhecido no mundo da Bossa Nova, mas teve algumas músicas de sucesso, como "Chove Lá Fora". O nome real deste verdadeiro poeta que tanto encantou o povo brasileiro era Chauki Maddi, embora ele tenha usado um nome diferente para sua carreira musical.
A letra dessa canção começa com:

"A noite está tão fria
Chove lá fora
E essa saudade enjoada
Não vai embora
Quisera compreender
Por que partiste"






Nara Leão - O Barquinho

Conhecida como a musa da Bossa Nova, Nara Leão foi uma das mais célebres cantoras de Bossa Nova e MPB de seu tempo.
Essa é mais uma de suas músicas mais famosas. Uma música muito animadora e agradável, e a sua letra inclui:

“Dias de luz, festa do sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar
Tudo é verão, o amor se faz
No barquinho pelo mar”






Vinicius de Moraes e Toquinho - Onde Anda Você

"Onde Anda Você" é uma das colaborações mais famosas entre os artistas Vinicius de Moraes e Toquinho. O compositor Toquinho é conhecido por suas colaborações com Vinicius de Moraes, tanto como intérprete quanto como compositor. A letra inclui:

“E por falar em saudade
Onde anda você?
Onde anda os seus olhos
Que agente não vê
Onde anda esse corpo? 
Que me deixou morto
De tanto prazer"






Vinicius de Moraes, Maria Creuza e Toquinho - Samba em Prelúdio

Essa maravilhosa colaboração combina os talentos e as vozes de três grandes artistas brasileiros - Vinicius de Moraes, Maria Creuza e Toquinho. A sua letra inclui:

“Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não seu nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Lua sem amor"






Vinicius de Moraes e Maria Creuza - Eu Sei Que Vou Te Amar

Essa música foi cantada por praticamente todos os cantores da Bossa Nova, mas um dos mais populares e, sem dúvida, o mais bonito, foi o dueto de Vinicius de Moraes e Maria Creuza.
A cantora Maria Creuza foi famosa por seu trabalho com vários dos grandes artistas da Bossa Nova na década de 1960.
A letra começa com:

"Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
A cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar"






Tom Jobim - Samba do Avião

Formalmente conhecido como Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, Tom Jobim está entre os maiores cantores de Bossa Nova de todos os tempos e é reconhecido como um dos líderes em sua criação. Essa bela canção cantada por Tom Jobim celebra o Rio de Janeiro e declara seu amor pela cidade. A letra inclui:

“Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudade
Rio teu mar, praias sem fim
Rio você foi feito para mim
Cristo Redentor 
Braços abertos sobre a Guanabara"






Tom Jobim - Corcovado

Essa belíssima canção de Tom Jobim, "Corcovado", é uma música romântica e faz referência à famosa montanha do Rio de Janeiro, onde está o Cristo Redentor. As letras incluem:

“Um cantinho e um violão 
Este amor, uma canção 
Para fazer feliz a quem se ama
Muita calma para pensar
E ter tempo para sonhar"







Nara Leão - Samba de Uma Nota Só

Essa canção executada pela inigualável Nara Leão mistura romance e usa apenas uma nota para criar uma música de samba. Algumas das letras incluem:

"Quanta gente existe por aí
Que fala tanto e não diz nada
Ou quase nada
Já me utilizei de toda a escala
E no final não sobrou nada
Não deu em nada"






Tom Jobim e Elis Regina - Águas de Março

Elis Regina foi uma das poucas mulheres que representou a cena da Bossa Nova e foi uma das mais amadas cantoras brasileiras até sua morte inesperada aos 36 anos de idade em 1982.
"Águas de Março" foi uma colaboração entre Tom Jobim e Elis Regina.






João Gilberto - Chega de Saudade

João Gilberto canta sobre a saudade em sua forma mais sincera. A letra inclui:

"Não há paz, não há beleza, é só tristeza
E a melancolia que não sai de mim
Não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca"






João Gilberto - Desafinado

Essa é outras das mais famosas das canções de João Gilberto,  reconhecido por sua influência na criação do gênero em sua característica voz suave acompanhada apenas de um violão. Algumas das letras são:

"Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é bossa nova, que isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração"






Vinicius de Moraes e Tom Jobim - Garota de Ipanema

Indiscutivelmente uma das canções mais famosas da Bossa Nova, "Garota de Ipanema" foi inventada quando os dois artistas viram Helô Pinheiro, de 17 anos, passear por um bar em Ipanema todos os dias. A música se tornou um sucesso internacional e rendeu vários prêmios aos artistas. Algumas das letras incluem:

"Olha que coisa linda
Mais cheia de graça
É ela, menina,
Que vem e que passa
 Num doce balanço
A caminho do mar"






João Gilberto - Ela é Carioca

Cantada em um sussurro baixo, como se estivesse perto do ouvido, essa é uma das canções mais bonitas de João Gilberto. Com o mínimo de instrumentos tocados à mão, seu charme está na simplicidade. Algumas das palavras incluem:

"Só sei que sou louco por ela
E pra mim ela é linda demais
E além do mais
Ela é carioca
Ela é carioca"




Artistas por vezes de entendimento complexo e dotados de uma profundidade inigualável.

Por vezes polêmicos, sempre em perfeita consonância com a vivência de cada um, para cada momento e para cada ideal.

Percebo nos dias de hoje, ainda que com algumas nobres exceções, uma falta de qualidade musical, cultural e sentimental. João Gilberto e seus parceiros, fazem muita falta, nos deixam muitas saudades.

Pude conhecer a arte destes artistas verdadeiramente brasileiros e geniais graças às vivências de parentes e de professores. Naqueles tempos de colégio, o meu gosto por nossa língua e nossa cultura nacional com as suas raízes ibéricas e seu intercâmbio cultural afro e indígena nasceu graças aos incentivos em sala de aula. Costumávamos ter letras de canções da Bossa Nova em nossos livros enquanto as aulas de história traziam alguns nomes dos seus representantes, sua posição e valor na história do país.


Frank Sinatra e Tom Jobim - A Man and his Music (1967).

A saudade é um sentimento ruim e bom ao mesmo tempo.
Neste caso, é triste ver como este tempo de valorização do que é nosso se perdeu.

Os brasileiros eram orgulhosos de suas origens e levavam a sua cultura para todo o mundo. Estes outrora jovens artistas e compositores não apenas apresentaram a nossa cultura ao mundo. Eles de fato ganharam o mundo. O Brasil ganhou o mundo.


Enquanto os brasileiros agora desprezam a sua cultura, abertos a um processo de "recolonização" ianque e seduzidos por esta insípida "cultura" de massas, os gringos em contrapartida amam a nossa tradição e nossa arte. Nossos artistas são reconhecidos internacionalmente. João Gilberto, não por acaso, foi provavelmente o brasileiro mais reverenciado no Japão.

Foi muito bom ser criança (anos 80)/adolescente (anos 90) quando ainda havia valorização da brasilidade e quando as pessoas tinham mais cultura. Tempo bom com bons compositores e cultura de alta qualidade. Este é o lado bom da saudade.

“O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. É o que está impresso no artigo 215 da Constituição Federativa do Brasil de 1988.

Devemos exigir este pleno exercício dos direitos culturais, mas uma cultura digna que busca por um mundo melhor para todos. Não ao desmonte da educação pública e fora a todos os vieses que despertam nas pessoas alguns dos piores sentimentos possíveis. A cultura não é um plano de governo. Ela não deve ser controlada, não deve ser especificamente privilegiar alguma ideologia. A cultura deve ser livre e plural.

Ainda acredito que há bons artistas e boas melodias atuais. Se estes artistas desejarem de fato influenciar a sociedade com canções motivadoras, poderão como a geração de outrora, deixar um legado igualmente valioso.


Lenita Plocynska, Edu Lobo, Tom Jobim, Torquato Neto, Caetano Veloso, Capinam, Paulinho da Viola, Sidney Miller, Zé Kétti, Eumir Deodato, Olivia Hime,  Helena Gastal, Luiz Eça, João Araújo, Dori Caymmi, Chico Buarque, Francis Hime, Nelson Motta, Vinícius de Moraes, Dircinha Batista, Luiz Bonfá, Tuca, Braguinha, Jandira Negrão de Lima. Foto tirada na casa de Vinicius de Moraes em 1965.

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